Pensadores Alemães
Quem usa o nome da justiça para defender seus erros é capaz de muito mais para desvirtuar um direito.
Uma Vida
Uma vida é apenas um espaço equidistante
existente entre três fazes de sobrevivência
um tiquetaque de um coração inconstante
um inspiro, um expiro da vital influência
do invisível entra e sai do ar constante
que perpetua a existência
que se apaga como a cor da bandeira ao sol escaldante.
É ela uma complexa fase da rápida decadência
que de mazelas tantas, faz-se pêndulo oscilante
que se entrega as armadilhas da morte um dia.
"A dor é o elemento positivo deste mundo.", escreveu Franz Kafka. A dor positiva de que fala Kafka não é o sofrimento, mas o aprendizado. Aquilo que dói mais profundamente nos mostra o valor da vida e aumenta nossas perspectivas, o que nos faz entendê-la em toda a sua profundidade.
Franz Kafka anotou em seu diário, no dia 19 de janeiro de 1911: "Ano passado vivi cinco minutos". Em 30 de outubro de 2016, numa entrevista para 'The Guardian', a poeta Anne Carson afirmou: "Se a prosa é uma casa, a poesia é um homem em chamas correndo desabalado dentro dela."
Se Franz Kafka vivesse em nossos dias e tentasse ter um perfil no twitter, se ele conseguisse 10 seguidores, seria muito. Franz defendia que nao deve perder tempo com livro que nos eh agradavel. Pois soh aprendemos com aqueles q nos contraria. Aqui soh querem quem pensa da mesma forma.
"A Ponte" (Franz Kafka)
Eu estava rígido e frio, era uma ponte estendido sobre um abismo. As pontas dos pés cravadas deste lado, do outro as mãos, eu me prendia firme com os dentes na argila quebradiça. As abas do meu casaco flutuavam pelos meus lados. Na profundeza fazia ruído o gelado riacho de trutas. Nenhum turista se perdia naquela altura intransitável, a ponte ainda não estava assinalada nos mapas. - Assim eu estava estendido e esperava; tinha de esperar. Uma vez erguida, nenhuma ponte pode deixar de ser ponte sem desabar.
Certa vez, era pelo anoitecer - o primeiro, o milésimo, não sei -, meus pensamentos se moviam sempre em confusão e sempre em círculo. Pelo anoitecer no verão o riacho sussurra mais escuro - foi então que ouvi o passo de um homem ! Vinha em direção a mim, a mim. - Estenda-se, ponte, fique em posição, viga sem corrimão, segure aquele que lhe foi confiado. Compense, sem deixar vestígio a insegurança do seu passo, mas, se ele oscilar, faça-se conhecer e como um deus da montanha, atire-o à terra firme.
Ele veio; com a ponta de ferro da bengala deu umas batidas em mim, depois levantou com ela as abas do meu casaco e as pôs em ordem em cima de mim. Passou a ponta por meu cabelo cerrado e provavelmente olhando com ferocidade em torno deixou-a ficar ali longo tempo. Mas depois - eu estava justamente seguindo-o em sonho por montanha e vale - ele saltou com os dois pés sobre o meio do meu corpo. Estremeci numa dor atroz sem compreender nada. Quem era? Uma criança? Um sonho? Um salteador de estrada? Um suicida? Um tentador? Um destruidor? E virei-me para vê-lo. -
Uma ponte que dá voltas ! Eu ainda não tinha me virado e já estava caindo, desabei, já estava rasgado e trespassado pelos cascalhos afiados, que sempre me haviam fitado tão pacificamente da água enfurecida.
Franz Kafka se envergonhou ao perceber que a vida é um baile de máscaras e ele participou sem uma; Álvaro de Campos colocou a máscara, e quando quis tirá-la, estava pegada à cara. Eu, por minha vez, diria que minha maior vergonha foi perceber que, sem a máscara colada ao meu rosto, eu não poderia nem mesmo participar do baile.
Existem inúmeras formas e métodos de mostrar a História, Franz Kafka utilizou-se da Literatura, e com grande maestria, mostrou-nos as transformações que a humanidade passou na transição do século XIX para o XX.
Em alguma passagem de suas obras, Hegel comenta que todos os grandes fatos e todos os grandes personagens da história mundial são encenados, por assim dizer, duas vezes. Ele se esqueceu de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.
"É verdade que o caminho seria mais curto e mais cômodo se não fosse a montanha; mas a montanha existe e é preciso seguir viagem!"
É verdade, meu amigo, que cada dia compreendo melhor quão insensato é vivermos a julgar os outros. De minha parte, tenho tanto que fazer para modificar-me a mim mesmo, tanto esforço a despender para acalmar as tempestades do meu coração!... Ah! eu deixarei de bom grado que os outros façam o que bem entendam, contanto que eles me deixem fazer o mesmo.
Feliz criatura que pode atribuir a ausência da felicidade a um obstáculo terreno! Você não sente que é no seu coração arruinado, no seu cérebro desorganizado que jaz o seu mal, e que todos os reis da terra não poderão curá-los!
Como o nosso começo é diferente do fim!
No começo, temos o delírio do desejo e o êxtase do prazer sensual; no fim, a destruição de todos os órgãos e o cheiro do cadáver em decomposição. (...) Não parece que a vida é um tropeço cujas conseqüências aos poucos ficam mais óbvias?
O que realmente levanta uma indignação contra o sofrimento não é sofrimento intrinsecamente, mas a falta de sentido do sofrimento.
Existem alturas da alma, de onde mesmo a tragédia deixa de ser trágica; e, se as dores do mundo fossem juntadas numa só, quem poderia ousar dizer que a visão dela nos iria necessariamente seduzir e obrigar à compaixão, e desse modo à duplicação da dor?
“(...) e o fim de vossa viagem será chegar ao lugar de onde partimos. E conhece-lo pela primeira vez...”