Pedra nos Rins
Que atire a primeira pedra agora,
Aquele que de verdade nunca errou...
Uma mensagem definitiva, vibrante e sonora,
Daquele que sabiamente nos ensinou...
Um poema em Perspectiva
.
Quando vejo uma pedra, penso construção
Quando vejo um pincel, penso aquarela
Quando vejo um sorriso, penso esperança
Quando vejo uma criança, penso cidadão
.
Quando sinto a chuva, penso regar
Quando sinto o vento, penso velejar
Quando sinto frio, penso agasalhar
Quando sinto dor, penso amar
.
Quando penso construção, vejo amizade
Quando penso aquarela, vejo diversidade
Quando penso esperança, vejo felicidade
Quando penso cidadão, vejo honestidade
.
Quando penso regar, sinto tratar
Quando penso velejar, sinto ousar
Quando penso agasalhar, sinto cuidar
Quando penso amar, sinto transbordar
.
Ney P. Batista
Oct/29/2021
PEDRA BRUTA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se não tivesses tentado me abduzir nem grilar as terras baldias do meu coração, de uma coisa estou certo: podias ter me seduzido aos poucos. Isto seria possível sem a voz de comando nem de prisão, que fez de mim um bicho arisco. Fez-me compreender o teu fisco e sonegar ostensivamente, por julgar a cobrança desonesta.
Tivesses plantado flores um pouco mais delicadas no meu chão... e só depois intuísses, de forma branda e serena, o que determinaste como se fosses dona da verdade sobre sentimentos, descobririas enfim: a rigidez do meu não, foi a muralha do medo... foi o broquel do mistério... do mais longínquo segredo que transporto...
Viesses com a sutileza de me sondar com profundidade, rompendo a barreira do que vias, teria sido provável... bem provável que descobrisses no poço de quem sou, a pedra preciosa do sim... e terias vencido a outra pedra; pesada, grotesca e densa, mas removível, que se põe no caminho em direção ao meu fundo.
Vieste aqui para me roubar de mim... uma pena: se fosses garimpeira, talvez tivesses me achado. Com muito jeito, eu teria ido... e até me levado junto.
...
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Meu silêncio de pedra
faz que não mas te ordena;
te revolve;
te preda.
Minha cara de bobo
tem os olhos da águia;
da coruja;
do lobo.
PEDRA E CLAMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Faça mais do que diz que se tem de fazer,
porque ser é bem mais do que lançar palavras;
o reflexo ecoa muito além do verbo,
só lições de quem é rendem frutos reais...
Seja mais do que prega, incorpore o sermão,
dê a mão que se amputa no fio da fala,
que se cala no aço do espelho coberto;
no deserto infinito, apesar das pessoas...
Ao dar flores não fique, vá junto ao seu gesto,
meu olhar acompanha, pois quero aprender,
minha vida precisa de sua verdade...
Fale menos de Deus e viva mais amor;
pregue menos a paz e faça mais o bem;
tenha cheiro e sabor dos discursos que faz...
PEDRA E RIM
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Fui apenas refrão do seu enredo,
frequentei o seu lábio, seu momento,
mas o vento que a tem por passageira
veio logo varrer minha ilusão...
Também fui o seu palco, sua luz,
camarim, figurino, bastidor,
ou a dor que alegrou a sua história
de sucesso afetivo no meu ser...
Você foi a razão de quem estive;
minha frágil certeza do infinito
que meu grito sem som jamais achou...
Foi meu eu de festim enquanto foi
uma força maior dentro de mim;
pedra e rim do meu cálculo iludido...
A PEDRA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O que meus olhos procuram é aquele olhar que não faz curvas. Vai direto aos olhos que não fogem do rosto. Vêm direto aos meus, para dizer sim ou não. Na chegada, no adeus e para dar a notícia que alivia ou dói.
Minha voz vai no tom dos olhos: tem seu alvo traçado e seguro. Seja doce ou rascante, não desvia o tema. Não frauda o contexto. Tem a gema no centro de sua clara intenção de soar o que diz. De fazer o que fala.
Sou do tipo sem tipo. Jamais deixei de fluir meu afago sincero, mas também a pedrada, se minha ira precisa desse arroubo. Tenho laje de vidro, mas quando fervo em meu todo não quero saber se a pedra será ou não devolvida.
É por isso que peço e não me acanho: confies em mim, sem temor do após. Sejas muito bem-vinda em meu começo, meu fim, sem qualquer meio termo. Comigo é céu ou inferno... meus extremos são à prova de limbo.
PEDRA E FÉ
Demétrio Sena - Magé
Rejeitei essa fé que separa os afetos,
que reprime os que pensam de forma diversa,
desconversa o que prega sobre o próprio amor,
para quem se desprega do seu engradado...
Uma fé seca e fria, que traz desapego
aos que voam sem rédeas, correntes e ritos,
têm os gritos da vida sobre a flor dos lábios
liberados pro sonho que aprouver à alma...
Essa fé que nos poda e saqueia o poder
de querer todo bem que se quer aos demais,
não importa se os outros divergem em fé...
Tenho fé nas pessoas e na fé que um dia
unirá toda fé no invisível ou não,
toda mão que se doa como mais um elo...
... ... ...
Respeite autorias. É lei
Não espere extrair da pedra
algo além do que pó de pedra,
pois a esperança em obter outra coisa,
pode ser apenas a frustação
por não ver nada diferente disso.
Nós somos como a pedra bruta,
que no primeiro momento ninguém da nada por ela...
Depois de trabalhada e lapidada é que enxergamos seu real brilho e valor inestimável!
Deito a cabeça em pedra para despistar a dor, e carregar flores ao meu túmulo vejo que não é prejuízo.
Somos todos sim,
Seres múltiplos e mutantes...
Para alguns, pedra bruta bem chinfrim,
Para outros, lapidado diamante...
IX
Erigir um país sobre
Pedra
Ferro
Areia
Fá-lo uma nação?
Moldar uma massa sobre
Princípios
Zelo
Suor
Fá-la um povo?
[Trecho de "Catando pedras no caminho"]
Cada mulher tem sua beleza única. O que lhe parece "feio" pode ser pedra preciosa no olhar de alguém.
Ela tenta Amar,
Mas o seu coração de Pedra ja está.
Ela tenta quebrar, Mas ele não a ajuda a lapidar.
A Pedra Bruta
Vindo das trevas mortais
Despojando seus metais,
Em que todo profano nasce e precisa ser saciado,
Esta pedra e disforme e aparentemente inerte,
Buscando sempre a Luz
Onde ela se converte ;
Por três golpes se fez a luz, como deste modo lhe foi dada;
Modificando o áspero mineral
como prelúdio de uma obra adiantada .
Aprendendo os ensinamentos da Iniciação,
Absorvendo conhecimentos de todos os irmãos,
É depois de purificada,
Ganha e esplendor de uma
de uma pedra negra que hora foi calcinada;
Um fulgor de alvura e pureza,
Jamais visto na natureza,
Pronto para conhecer simbolos devagar com tolerância e calma,
Renascendo a partir de agora um irmão com nova alma.
Missias.’.
Será que a pedra bruta aparentemente uniforme e inerte, guarda igualmente, em si, o germe modular de uma metamorfose.?