Pedra
temos muitas dificuldades muitos obstáculos...
se tem uma pedra no seu caminho não se preocupe
se a pedra for pequena chute ela para bem longe
mas se a pedra for grande sente nela e descanse
Se lhe jogam uma pedra e lhe acertam, levante-se e não recolha a pedra. O problema de juntar as pedras que lhe jogam e com elas construir uma muralha é que, quanto maior for sua muralha, maior é o alvo.
Todo vento que sopra serve ao meu favor
Toda pedra que cruzo serve pra construir meu templo interior.
há um campanário em ruína sem sinos nos meus ouvidos o silêncio é de pedra, jazem ecos de recordações...
Quando Jesus pediu para remover a pedra, alguém exclamou: Tá vendo!?! Não tem força para remover uma pedra, quem dirá para ressucitar Lázaro!
Portanto, com a mesma certeza pela qual a pedra cai para a terra, o lobo faminto enterra suas presas na carne de sua vítima, alheio ao fato de que ele próprio é tanto o destruidor como o destruído.
Cara Dura
Essa cara dura está com jeito de pedra
Escorregadia você
Passe a mão na cabeça e espante os maus pensamentos
Que na certa vem pancada por ai
Faz tempo que não a vejo assim
Espantada comigo
Sempre que quis abrigo me chamou
Também sou de vidro às vezes,
O papel se inverteu,
Pouco tem quem muito abusou
Quer pimenta, mas não quer o ardor
Lasca fora que hoje a comida é pouca
A farinha de pirão azedou
Faz tempo que não a vejo aqui precisada
O meu peito está curto para acolher
Hoje fechei mais cedo para balanço
O caixa zerou,
Mas passe outro dia, quem sabe não faço promoção de carinho,
Liquidação de amor
Aqui nada dói mais.
Só incomoda,
Como aquela pedra no sapato.
Como aquele soluço,
Que cessa com um copo d’água.
Música
em altar de templo pagão
reza aos deuses
os quais
como majestades
de pedra
Jazem esquecidos
e sem emoção...
A Pedra evoluí da sua proximidade com as Plantas, as Plantas da sua ligação com os Animais, os Animais do seu relacionamento com os Homens, os Homens da sua envolvência com os Anjos e finalmente os Anjos da sua união com Deus.
Se hoje eu chutei uma pedra, amanhã eu sou ciente de que posso tropeçar nela. Por isso, já vou ciente e preparado para o tombo, pensando como me levantar e me limpar.
No meio do caminho não havia mais a pedra!
No meio do caminho só havia o caminhar ou simplesmente uma vontadezinha de descansar...
O caminho é labiríntico,
Há pedra por todos os lados embaraçando a marcha,
Mas não há um dia sequer que o meu bom combate esmoreça
Tenho força tamanha e as quedas só me fortalecem
A palavra transforma
Em um belo dia em uma tarde de domingo
Vi-me sentado numa pedra em uma estrada vazia
Observando as versas de um velho bilhete de bingo
Que em meio a folhas secas em baixo de uma velha arvore jazia
Tentei entender o que nele estava escrito
Mas eram cálculos estranhos, não notáveis ao meu entendimento
Percebi então que abaixo dos cálculos tinha um pequeno manuscrito
Alguma coisa com “KALVAKIAS”, mas não entendi o complemento
Li reli e li de novo, e entendi que estava escrito em uma língua antiga
Língua perdida em meio ao passar do espaço tempo
Que como uma margarida cortada por uma formiga foi varrida
Esquecida, apagada e levada por um suave vento
“Latim” e logo deduzi que era um suposto encantamento
Só entendi a palavra que dizia “alleluia”
Logo imaginei que fosse um lamento
Dizia:
“Benedictiones Domini super te et augeat te et filios tuos quam. Alleluia”
Pesquisei, traduzi e então ficou:
“O Senhor vos aumente bênçãos mais e mais, sobre vós e sobre vossos filhos, Aleluia’’
Tão logo traduzi lembrei que KALVAKIAS é meu anjo protetor
Então percebi no mesmo instante que tal acontecido não era algo vão
Foi nesse momento de minha percepção que no meu ouvido ele cantou
Justamente aquelas palavras que deixaram meus pensamentos sãos:
“Veritatem cognoscere veritatem, quasi per errorem habita quod non accepit, sentire omnia in omnibus, et tantum non in omnibus intellectum”
Assustei-me no primeiro instante
Logo depois comecei a me tremer
No meu ouvido a melosa voz me dizia cante
Acalmei-me e fiz o que tinha de fazer
Cantei o que ele mandava-me
Maravilhado fiquei, mas não sabia o que dizia
Era algo que tocava-me
Eu sabia que o certo fazia:
“Veritatem cognoscere veritatem, quasi per errorem habita quod non accepit, sentire omnia in omnibus, et tantum non in omnibus intellectum”
O tempo passou e com ele entendi
O que anjo falou no dia em que o conheci
Segui os caminhos que ele me aconselhara
Pois nele já estava, mas o anjo me acrescentara
“Disse-me ele que o sábio aprende com o silencio
Tudo que creres mesmo que não exista passarás a existir
A alma não tem segredo que o comportamento não revele
O sábio não se exibe e vejam como é notado
Renuncia a si mesmo e jamais será apagado”