Pedaço
Faz parte, esse estranhamento, saber que somos pedaço, de um todo.
Que buscamos a singularidade, através da
religião, para alguns, no materialismo para outros.
Que não necessariamente estamos certos,
mas certamente "eles" estão errados,
são contra a vida.
Quero a vida, ainda que não a compreenda.
A maluca do pedaço comeu um pedaço de meiguice e agora quer tolice pra transformar em emoção! Haja amor pra essa menina, que agora está franzina por sofrer amaluquecida de solitude!
Ambiguidade
Em cima da mesa
Um pedaço de papel...
A letra era conhecida,
mas parecia distorcida... tremida.
"Adeus! Te amo... mas não posso mais."
Não poderia ter sido um "até breve"?
Me ama! E não me quer mais?
E o "não posso mais..."?
Sempre teve meu total apoio, fui suporte, fui a forte...
poderia ser até mil vezes mais...
Pois é... sou a que compreende, a que entende,
a que de tudo já viveu mais, viveu demais...
E... a rosa vermelha!?
Ele adora dar...
E eu, ele sabia, eu nunca gostei de ganhar...
Por que junto com o bilhete tinha de deixar!?
Tanta ambiguidade é de matar...
Me deixa cheia de esperança que ele não vai mesmo aguentar...
E pros meus braços ele vai voltar.
na madrugada, quando o sono não vem, fechos os olhos e tento buscar cada pedaço de vc em mim
Mais me perco, porque vejo que não está em pedaços em mim e sim por inteira.
O ser humano é só um pedaço de carne e osso. Ter dinheiro, riquezas e bens materiais, não me faz ser melhor que ninguém. A única coisa que essas coisas compram, é o nosso próprio ego.
Antoniel Carmo
Da fome
Que olhar sofrido.
Que lento caminhar...
Lixeiras vejo-o vasculhar.
Um pedaço de quê?
O que espera ele encontrar?
Busca nas cinzas, nos restos um lampejo de vida.
Fecho os olhos pra não ver.
Meu coração se nega a crer...
No fundo do poço?
Quanto fez ele de esforço?
Se deixou levar pelas águas de um rio?
Foi um vento forte... um vento frio?
O que o levou e lá no fundo o amarrou?
Seus lábios amordaçou...
Por que não aproveitou e sua fome matou?
E o que mais assusta é que a humanidade segue... segue como se a fome do outro não importasse.
Vasculhar o lixo...
Isso não é coisa nem pra bicho.
Um pedaço de amor.
Ah, doce pequenina desta sina
de encontrar amor, ah, menina,
o verdadeiro, o que não se excede,
e que, soberano, não se impõe,
a ele nada perguntes, nem lhe peças,
talvez não queira trocas, nem promessas.
Bastará ficar em silêncio ao seu lado,
olhando-te, admirando, com cuidado,
seus olhos lhe serão profundas vistas,
seu corpo um santuário de prazer,
não haverá disputas, nem errado,
nos delírios e loucuras do querer.
Me sinto um pedaço de rolha nas entrelinhas da imensidão pluvial; que bate em minhas ondas e me faz entrar água nas orelhas, sentindo aquele riso inocente e frágil da minha criança quando pequena.
Somos como maçãs, se um pequeno pedaço apodrece, oque vai encorajar de alguém ter conhecimento dos outros pedaços que nos completa?
Quando observo alguém moendo carne, ao mínimo pedaço de gordura, me desanimo com a qualidade da carne. Assim como, não tenho nenhuma paciência para aturar o mínimo sinal, indício, de deslealdade alheia.
PEDAÇO DE CARINHO
O tempo de tudo se encarrega.
No tempo e momentos certos ele
coloca ao nosso lado um pedaço
de carinho que temos guardado
em nosso coração.
Assim ele fez comigo, sem que
por conta eu desse, colocou
junto a mim a suavidade dos teus
cabelos em meu rosto, o teu beijo
dado, o sentir de tuas mãos.
Foram momentos, que sem eu esperar
tive.
Gostoso momento.
O coração mais forte bateu, os
pensamentos multiplicaram-se.
E o amor, cresceu muito mais, se
espalhando pelo firmamento
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista. Cabo Frio. R.J
Membro honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
Nunca tinha parado para pensar no real significado daquele pedaço dobrado de papel. Outrora era só mais uma folha em branco, guardada junto a outras 500 iguais em um pacote.
Não entendia o que ele representava quando o ganhei de uma pessoa especial e continuei sem o entender quando o queimei junto a outras lembranças de um passado não tão distante que, apesar de sombrio, guardava em uma parte especial da mente.
Pedaço esse que tinha a forma de um coração, dobrado uma parte de cada vez, construído assim como se constrói o amor.
Hoje, escrevendo essa carta, me pego a imaginar no que pensava enquanto o dobrava, o que sentia? É um exercício inútil de mais para me aprofundar, pois existem tantas possibilidades que não caberiam em uma carta e nem se quer em um livro de mil páginas. Mas se eu fosse resumir, acho que amor.
Tu me deste em minhas mãos o fruto de um sentimento, eu o guardei por tanto tempo, por tantos invernos onde podia sentir a gélida mão da solidão pesar sobre meu peito, guardei até mesmo depois de não fazer mais sentido algum tê-lo em minha posse.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado.
Lembro-me que por cima de tantas dobras, havia ali uma flor que também nunca soube identificar, mas apesar disso, me pego pensando em como foi colher no jardim. Penso até no real propósito disso! Poderia apenas ter me dado aquela dobradura que eu iria amar de todo modo, mas para você não foi o suficiente, desceu as escadas de casa, andou por algum jardim e escolheu uma flor, uma única e específica flor! Por que aquela? E não outra qualquer?
Enfim, já disse para mim mesmo que não posso pensar de mais nessas coisas, pois eu vou longe, tudo o que eu preciso agora é de manter os pés no chão e o mais importante: a cabeça no lugar.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado, mas se eu me permito imaginar, posso então lembrar de todas às vezes que me olhou e sem dizer nada eu sabia que tudo o que queria, era poder amar.
Amor… Esse que se foi com o vento, levado sem dó pelo tempo.
Amor era o que aquele pedaço de papel representava.
Avante ao ar
Ao entrar no avião
Senti que um pedaço de mim estava ficando no chão
Sabia que era necessário partir
Mas fui acompanhado,
Seu coração e pensamentos
Estavam em minha bagagem
E me fez ver naquele momento
Que mil quilômetros não fariam diferença
Pois o que estava comigo,
Valia tanto quanto sua presença
O vôo segue, o avião estável
Porém eu, desabando
Me encontro chorando
Sinto uma dor
É como se tivesse esquecido o remédio para o aperto no coração
Só que a próxima dose já tinha data
Fiz o possível, pra até mesmo mudar as atas
Precisava viver novamente,
No futuro via o passado e aceitava o presente.
O avião se prepara para pousar,
Imagino seu criador a calcular
Massa e velocidade alta contra uma superfície parada
Talvez muito considerassem impossível ou loucura
Um projeto dessa natureza
Mas alguém arrisca com destreza
Enfim a chegada, mas já é dada a largada rumo ao lar
Para acabar com a tristeza
Especialista avante ao ar
Março de 2020, Guaratinguetá - SP
- Relacionados
- Pedaço de Mim
- Pedaço do Céu
- Levou um Pedaço de Mim