Pavão
A beleza das penas de um pavão pode esconder as sujeiras de seus pés, também desculpas muito enfeitadas podem esconder mentiras.
olhares submersos nas cores hipnotizantes do "pavão misterioso", é como morrer e abrir os olhos querendo ao mesmo tempo voltar para o sonho na escuridão do mistério... apostando a sorte na "brincadeira" dos panteras...
"O pavão de hoje pode ser o espanador de amanhã". Peraí. Não entendi: o que as penas tem a ver com o pavão?
A flor tem a sua sombra; o cisne nadando no lago tem a sua sombra; o pavão vaidoso contempla a sua sombra; a árvore frondosa tem a sua sombra; na calçada da vida, o velho e a velha se cruzam, se olham esgueiramente, e num segundo começam a sonhar...as sombras da juventude; não os assombram mais, apenas começam a bailar, se alegrar...
Antes, Biguá, Pavão e Garrincha; hoje, Galo, Pato e Ganso; amanhã, no futebol brasileiro, caga-sebo, vira-bosta e cambaxirra.
Concebimento
Um touro com crista de galo
um galo com penas de pavão
um pavão com pés de homem
caminham solitários num só
harmoniosos martirizam o pensar
ela tem que nascer, gritar, ser gente
ouve-se passos, murmúrios
olhares capturam a imagem invertida
abstenção
ninguém se aproxima
apercebem-se
são três corpos a ponderar
Sou de extremos. Quando sinto pena de alguém, sou emplumado como o pavão. Mas também, quando não sinto, sou mais depenado que filhote de papagaio.
"Ninguém ama o que não aceita,
o importante é ser você mesmo
para não ser como o pavão
que esconde de si
sua exuberante calda."
O PAVÃO E A GALINHA
Patos, galinhas, perus e marrecos
viviam em grande harmonia no mesmo terreiro,
até que veio morar com eles um pavão de nome Narciso.
Chegou com cauda armada em leque, mostrando penas em tons cintilantes de verde e azul. Todos se admiraram de tanta beleza e foram logo dar as boas-vindas. Pouco delicado, Narciso resmungou um "olá" de volta e pensou consigo : "Mas que bicharada feia"!
De imediato pegou a galinha Frederica pra Cristo.
Ela cantava o tempo todo e cuidava de seus pintinhos.
Narciso, arrogante como ele só, a ofendia desde cedo dizendo:
"mas que penas mais feias, seus filhos também terão penas tão feias?
Os amigos de Frederica que a tinham em alta conta, tomaram as dores e resolveram dar a Narciso, um gelo e dele se afastaram.
Desse modo o Pavão Narciso, com seu lindo leque de penas passou a ser ignorado. Andava pra lá e pra cá, completamente sozinho. Algum tempo depois vendo o Pato Astolfo de passagem, resolveu queixar-se: "Não entendo, sou o mais inteligente e o mais lindo de todos e não tenho um só amigo". O Pato Astolfo ouviu, pensou com cuidado e respondeu: " De fato suas penas são lindas, porém o que conquista amigos não é a beleza exterior, mas o que se traz de bonito no coração". O Pavão Narciso espantou-se com tanta franqueza e recolheu-se a pensar no que tinha ouvido. Pensou, pensou... ponderou e percebeu que estava muito errado.
Assim Narciso de "cauda baixa" foi pedir perdão a todos, a começar pela Galinha Frederica... Perdoaram-no, porém pediram-lhe paciência: " Pois para conquistar um amigo leva tempo e para reconquistá-lo, mais tempo ainda".
Cika Parolin
Certa vez um pavão deu uma bela festa, mas antes de entrarem, as aves convidadas precisavam mostrar ao pavão qual era pena mais bela de todas.
Uma águia, que não acreditou que o pavão daria aquela festa, tentou entrar lá, ela pegou a própria pena dizendo que a sua pena era suficiente.
E essa não entrou, pois a sua pena não era a mais bela.
Uma andorinha, que acreditou no pavão, chegou e disse:
-Senhor pavão, procurei por muito tempo a pena que me faria entrar na tua festa, procurei em mim e em outras aves. No final, percebi que só a tua a pena é capaz de me fazer entrar.
E essa acertou e conseguiu a festa aproveitar.
O CORDEIRO E O PAVÃO
Nara Minervino
Estavam o cordeiro e a raposa a conversar sobre beleza e virtudes, quando, de repente, o pavão afronta o cordeiro com suas palavras de vaidade:
- Bem se vê que tu nunca vais arrancar aplausos em tua vida! És tímido e inocente demais para veres que a realização pessoal e o interesse dos outros vêm da vida esplendorosa e da beleza plena! – Disse vaidoso o pavão, cheio de suas penas coloridas, lindas e esticadas.
- Mas não são de aplausos que procuro viver, Pavão amigo e afrontoso. Não preciso de holofotes. Minha vida simples e tranquila é mais do que suficiente para trazer toda a alegria de que preciso. – Respondeu humildemente o cordeiro.
- Não! Não podes dizer uma coisa dessas! Afinal, tu tens a lã mais macia do mundo e é por ela que precisas tornar glamourosa a tua vida. Afinal, se não te tornas cada dia mais belo, quem há de querer tua lã, ainda que seja a mais macia do mundo?
O cordeiro, entendendo que o pavão demonstrava admiração por sua lã, respondeu:
- Pavão, meu querido amigo Pavão, tu me amas e me admiras, mesmo sabendo que eu não tenho vaidade alguma nem me esforço para que minha lã seja ainda mais macia. Por que, então, aqueles que, como ti, me amam e admiram não quereriam o que lhes posso oferecer tão simplesmente: a minha lã naturalmente macia e a minha bondade?
O pavão, ouvindo atentamente as palavras do amigo cordeiro, respondeu-lhe, meio sem graça:
- É verdade o que tu dizes, amigo Cordeiro! Amo-te e te admiro! Tua lã me encanta como teu coração me conquista! Mas te ver tão sem vaidade incomoda a mim, que sou tão esplendoroso e belo!
- Tu te achas esplendoroso e belo porque assim tu és, mas de que adianta tanta beleza, se o teu coração fosse amargo e seco? Não haveria quem te quisesse cheio de glamour, se o que tu tivesses a oferecer não fosse nada além de tuas penas, que há de ficarem velhas e caírem?
O pavão admirou-se ainda mais do cordeiro, desculpando-se pelo que disse.
MORAL: vale menos a aparência bela do que o belo que se tem por dentro.
Garotão
Filhinho de papai patrão
Bancando pose de pavão
Achando que eu tô querendo
Jasão
Não vou ser sua Joana, não
Eu nunca tive vocação
Pra fazer a Amélia
Nem ficar pra trás pro seu contento
A CORUJA E O PAVÃO
Nara Minervino
Uma coruja e um pavão se reuniram para falar sobre a coisa mais importante da vida.
A coruja disse:
- Penso que a coisa mais importante da vida é a sabedoria, porque o sábio consegue ver tudo o que é belo na vida.
O pavão, cheio de sua beleza exterior, disse:
- Que nada! A coisa mais importante da vida é a beleza exterior, porque tudo o que é belo chama a atenção, é aplaudido e desperta o interesse de todos.
A coruja, sabendo que era feia por fora e vendo que todos admiravam, de fato, a beleza do pavão, pensou que o pavão estava certo. Então, resolveu deixar de estudar e se dedicar a ficar cada dia mais bonita por fora.
O tempo passou, a coruja não adquiriu a beleza que procurava e, além disso, deixou de ser sábia.
Quando a coruja foi procurar pelo pavão, considerando-o seu amigo, o pavão disse:
- Não fale comigo, coruja burra! Não sou seu amigo. Tu não sabias que a coisa mais importante da vida é a sabedoria ou não terias deixado de estudar para se dedicar a ter uma beleza que, com o tempo, só vai se acabando!
MORAL: Cuidado quando um inimigo dá um conselho amigo.