Frases de Paulo Leminski

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Para cada bicho de sete cabeças, tem sete sem nenhuma.

SE

se
nem
for
terra

se
trans
for
mar

Das coisas
que fiz a metro
todos saberão
quantos quilômetros
são
Aqueles em centímetros
sentimentos mínimos
ímpetos infinitos não?

O amor, esse sufoco,
agora a pouco era muito,
agora, apenas um sopro.
Ah, troço de louco,
corações trocando rosas
e socos

Tenho a impressão
que já disse tudo.
E tudo foi tão de repente.

Apagar-me

Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

Quem nasce com coração?
Coração tem que ser feito.
Já tenho uma porção
Me infernizando o peito.

Com isso ninguém nasça.
Coração é coisa rara,
Coisa que a gente acha.
E é melhor encher a cara.

Do amor conheço os sintomas e os hematomas.

Parem
eu confesso
sou poeta
cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face
parem
eu confesso
sou poeta
só meu amor é meu deus
eu sou o seu profeta.

Aguento mas não garanto.

O tempo parecia pouco, e a gente parecia muito.

Basta um instante
E você tem amor bastante.

Paulo Leminski

Nota: Trecho de poema de Paulo Leminski

Nada se leva. A não ser a vida levada que a gente leva.

Num ouvido, escrito: ENTRADA, noutro ouvido, escrito: SAÍDA.

O mundo não quer que eu me distraia. Distraído estou salvo.

Da noite vim para a noite vamos uma rosa de guimarães nos ramos de graciliano.

Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma,
esse conto de fada.

Vim pelo caminho díficil,
a linha que nunca termina,
a linha bate na pedra,
a palavra quebra uma esquina,
mínima linha vazia,
a linha, uma vida inteira,
palavra, palavra minha.

PROFISSÃO DE FEBRE

quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento

Inverno
É tudo o que sinto
Viver
É sucinto