Pastel
Que falta me faz verdadeiramente nos dias de hoje os apitos, sejam eles tantos os de locomotivas como os de navios.
A mim me parece mesmo que meu gosto pelos pastéis de carne moída de vaca feitos com massa grossa de pouca aguardente que permanecem tão forte em minha saudade tenha se firmemente estabelecido por longa persistência no meu paladar infantil pouco exigente.Assim também o é com os apitos de trilhos, de mestre salas, fiscais de salão nas gafieiras, até de guardas noturnos e de mar, são a celebração viva da chegada e da partida, do vai e vem, das novas notícias que chegam e das notícias antigas que vão embora.Um movimento constante que exibe nos pelos seus apitos onde são os limites, e por onde se vê a vida inteira passar.
Um dia conheci, através do meu irmão, uma moça bem confusa, mas de grande coração. Tinha sonhos, gostos, meio fora do normal, começando com um pastel do seu homem ideal. Era linda, era astuta, e meio louca. A linda moça era tudo e muito mais, só não era nada fofa.
Me mostrava lindos textos, lindos versos que escrevia, ria das minhas piadas, uma bela companhia.
Como viram, cativou minha pessoa em pouco tempo, tão menina, mas madura, em paixão e pensamento. Um carinho tão bonito que a vida testemunha, minha flor, minha pequena, minha linda, minha cunha.