Passou
MADRUGADA QUE AMANHECE JÁ É SOLIDÃO...
Hoje, assim que acordei...
Passou em minha mente
Como em um filme os momentos que tivemos:
No amanhecer dos teus abraços incrivelmente entrelaçados,
Beijos que me tiram o fôlego,
No hálito quente,
Olhares ainda adormecidos,
Desejos ainda inocentes.
Pela manhã...
O despertador me assusta
E a lembrança de tua voz
Ao meu ouvido me faz eternizar...
Por momento pensei em te ligar,
Talvez pudesse me acalmar
Com doces palavras que costumas pronunciar...
Pensei várias vezes que me ligaria,
Então fiquei a esperar,
Algo dentro de mim uma esperança nutria,
A qual eu não conseguia entender,
Se a única coisa que era nítida
Naquela ausência era você...
Cada minuto era eterno,
E cada momento sem você era infinito,
Meu dia quase uma eternidade...
Um segundo apenas sem ti,
Torna-se uma longa espera!
Sentimento que de saudades eu morri.
Ajude-me a entender a dor que sinto,
Bem como todas as coisas
Que desaparecem quando você não está!
E entre reflexos de lembranças,
Sigo colhendo todos os milímetros de esperança
Que se esconde dentre minha solidão.
Em cada parte do meu dia,
Saudade de meus momentos
Que já se moldaram a você
E não encontro outro lugar
O qual conseguiria estar,
Se não nos teus braços,
Acolhida, despida de alma,
Desarmada de defesas,
E protegida dos medos
Que nesta hora me visitam,
Participam de minha tristeza...
Perdida entre sentimentos meus,
Que em conflitos colhem minhas lágrimas
E me encorajam a te esperar...
As horas caminhavam lentamente,
Sem pressa pra chegar,
Chuva fina,
E um frio na espinha toma meu ar,
Saudades dos carinhos não deixam que te vá,
Permeiam minha paz
E te implora pra ficar,
Coração que não suporta despedida
Pede silenciosamente: seja meu lar!!!
Já é noite...
E novamente ao deitar,
Desejo que encontros aconteçam,
Mesmo que apenas ao sonhar,
Passe pelos meus anseios
E te peçam pra loucamente me amar.
Pensamentos me envolvem
E de ti não se esquecem,
Tua imagem fixa e marcante me acalma...
Já consigo ver o amanhecer timidamente a chegar
Que tentam minhas dor sarar
De minhas saudades de ti,
Que não cessam de me acenar.
Pergunto-me...
Se a tua ausência é necessária
Para que desperte em mim
Tudo o que não posso ser sem você...
Então...
Saberás que não posso ser a vida,
Pois nada não faz sentido
Desde o teu último beijo...
Quando morei em teus lábios...
Me despertas para a alegria,
A qual já não mais existe sem teu olhar,
Me despertas para os risos,
Porque eu sem ti só sei chorar...
E até mesmo sem dormir,
Ainda assim quero acordar...
DEMOCRATIZAÇÃO
A chuva que por aqui passou
Levou, repentinamente, a tísica
Que me causava dor...
Vi águas torrenciais empurrando-a
Para o fundo do mar,
Para nunca mais voltar
E suprimir o meu viver...
Agora, não mais sinto a tísica transtornar
O meu humor, reduzir o meu querer
E devorar a minha paz.
Já não me sinto ofegante ao falar
E já posso até cantar
Um belo cântico de veracidade
Democrática!...
AUTOR: Sivaldo Prates Ribeiro
O TREM QUE PASSOU POR AQUI
Passou, primeiramente, o trem...
Logo depois, uma embarcação também
Ousou passar; e passou repleta de fardos banais
De minha vida, levando tudo pro fundo do mar.
Difundindo seu triste ruído insano,
Desponta-se no horizonte
Um impertinente aeroplano...
[todo dissimulado],
Trazendo, outra vez, terríveis fardos
Presenteando minha pobre vida;
E passou depressa,
Mais rápido que um foguete, cortando o céu
Fazendo minh’alma desencontrar guarida.
Passou mais rápido
Que o velho trem, que o pobre barco,
Que famintas águias destras a caçar;
Passou mais rápido que a própria aeronave
Executando voos rasantes pelo ar!...
[Na verdade, um míssil devastador e mui temível]
Ainda, assim, bem menos nefasto
Que as ondas bravias do meu triste mar.
E lançou um fardo pesado em minha vida,
E deixou um rastro marcante, causando ferida...
Um verdadeiro vai-e-vem de homem vencido, alucinado
Embevecido, [e desvairado].
Um pouco de tempo mais tarde,
Um som de interrogação preliminar soou aos meus ouvidos:
“Cadê o trem, o qual por aqui também passou”?
Respondi, escrupulosamente, que o trem só veio aqui
Presentear-me com a paz, a liberdade...
E sanar a minha dor.
AUTOR: Sivaldo Prates Ribeiro
OBS. Poema classificado em concurso literário nacional
(SARAU BRASIL 2017)
No Brasil, em pouco tempo, passou-se do discurso estrambólico, para o discurso mesoclítico. Tudo muito esdrúxulo!
Triste Partida
Meu Deus, meu Deus. . .
Setembro passou
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai
A treze do mês
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Meu Deus, meu Deus
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
Ai, ai, ai, ai
Rompeu-se o Natal
Porém barra não veio
O sol bem vermeio
Nasceu muito além
Meu Deus, meu Deus
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois a barra não tem
Ai, ai, ai, ai
Sem chuva na terra
Descamba Janeiro,
Depois fevereiro
E o mesmo verão
Meu Deus, meu Deus
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz: "isso é castigo
não chove mais não"
Ai, ai, ai, ai
Apela pra Março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Senhor São José
Meu Deus, meu Deus
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé
Ai, ai, ai, ai
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
Meu Deus, meu Deus
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Paulo
Viver ou morrer
Ai, ai, ai, ai
Nós vamos a São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
Meu Deus, meu Deus
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Cá e pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
Ai, ai, ai, ai
E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
Meu Deus, meu Deus
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
Ai, ai, ai, ai
Em um caminhão
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
Meu Deus, meu Deus
A seca terrível
Que tudo devora
Lhe bota pra fora
Da terra natá
Ai, ai, ai, ai
O carro já corre
No topo da serra
Oiando pra terra
Seu berço, seu lar
Meu Deus, meu Deus
Aquele nortista
Partido de pena
De longe acena
Adeus meu lugar
Ai, ai, ai, ai
No dia seguinte
Já tudo enfadado
E o carro embalado
Veloz a correr
Meu Deus, meu Deus
Tão triste, coitado
Falando saudoso
Seu filho choroso
Exclama a dizer
Ai, ai, ai, ai
De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
Meu Deus, meu Deus
Já outro pergunta
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrer
Ai, ai, ai, ai
E a linda pequena
Tremendo de medo
"Mamãe, meus brinquedo
Meu pé de fulô?"
Meu Deus, meu Deus
Meu pé de roseira
Coitado, ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
Ai, ai, ai, ai
E assim vão deixando
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo azul
Meu Deus, meu Deus
O pai, pesaroso
Nos filho pensando
E o carro rodando
Na estrada do Sul
Ai, ai, ai, ai
Chegaram em São Paulo
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Procura um patrão
Meu Deus, meu Deus
Só vê cara estranha
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
Ai, ai, ai, ai
Trabaia dois ano,
Três ano e mais ano
E sempre nos prano
De um dia vortar
Meu Deus, meu Deus
Mas nunca ele pode
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
Ai, ai, ai, ai
Se arguma notícia
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
Meu Deus, meu Deus
Lhe bate no peito
Saudade lhe molho
E as água nos óio
Começa a cair
Ai, ai, ai, ai
Do mundo afastado
Ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão
Meu Deus, meu Deus
O tempo rolando
Vai dia e vem dia
E aquela famia
Não vorta mais não
Ai, ai, ai, ai
Distante da terra
Tão seca mas boa
Exposto à garoa
À lama e o paú
Meu Deus, meu Deus
Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No Norte e no Sul
Ai, ai, ai, ai
"... Pra vê você passar por aqui, ficar por aqui, morar por aqui. Dizer que o que passou não basta."
Chico Xavier : um dos brasileiros mais ilustres que já passou por esta terra. Ganhou muito dinheiro, mas morreu pobre, porque a caridade superou a vaidade na sua humilde existência. No entanto, por causa de suas convicções religiosas, ao desencarnar, foi lançado no inferno de fogo ardente - que fica localizado no âmago do coração perverso dos religiosos impertinentes.
Presença do agora. Eu e Eu,
Tudo é o Todo, o ontem é agora,
O amanhã já passou,
Tudo existe ao mesmo tempo e
Tudo nunca começou.
ACORDA de mãos dadas com o PAI!
Não importa os pesares que carregamos durante o dia que passou.
Importa mesmo é começar o novo dia, deixando para trás tudo que causa dor e sofrimento.
Hoje tenho um novo capítulo do livro da vida a ser escrito.
E darei e farei o meu melhor junto ao Pai!
Não é uma tarefa nada fácil superar o passado e viver o presente. Mas ficar relembrando o que passou, é aceitar ser assombrado pelo resto da vida.
Ficar revivendo o passado não é comigo, o que passou, passou…não tem mais volta, pois tudo só acontece uma vez. Então chega de sofrer por nada, comece a viver, aproveitar o seu hoje e deixe o amanhã pra pensar quando chegar a hora.