Pássaros em Voo
Dali
voar, e no fim ser devorado por um passáro
depois do banho de formigas
o voo de abandono a gangue
a pena negra nunca esquecida
e o canto que restou por todos os danos
não é para efeito de tempo
os relógios derretendo
e as caravanas longilíneas nos desertos
não querem devorar um religioso
está apenas fragmentando os prisioneiros
os tornando livres em seus sopros
em teu nascimento a face oculta celebrou
e um pouco de cada pedaço teu guardou em gavetas
codificou em estigmas as respostas dos segredos
e no sofrimento fez a chave
no amor nada
no prazer o caminho
na dor o intento
na solidão a compreensão
no desejo a vontade
da indústria do circo
a plebe tem saudade
do veneno do vício
do vício de lealdade
da causa que dá sentido
por não ter escolha
ignorantes da unidade
onde tudo se fragmentou
quem dele se decidiu ser cada parte
de uma mão que toca o violino
seu corpo está longe
na beira de praia
esse corpo em descarte
de tua torre enviou um navio até a minha
para encontrar algo sem sentido que te retorna
te inflama e me traz de volta tuas cinzas
no regresso queima a minha
leva as cinzas e no mar naufraga
para sempre no fundo
onde tudo ressoa.
Mesmo que baixo ou meio desengonçado o vôo de um pássaro é sempre lindo, porque vôo é liberdade e onde não há liberdade é impossível haver beleza.
"Contemplar a beleza das flores e sentir a delícia de seu perfume, admirar o voo dos pássaros e estimar a plenitude do seu flanar, descansar sob a grandiosidade do engenho humano e ter gratidão por todas as coisas criadas, pequenas atitudes que podem ser resumidas em um único verbo que dá cor, textura, sabor e sentido à vida: AMAR."
Me sinto leve feito uma pena que se soltou de um pássaro em seu voo mais alto.
Estou no ar, na minha, na sua, na nossa!
Estou flutuando sem um ponto de chegada, a felicidade está na jornada!
Não tem limites
Um pássaro levantou voo,
a tua sinceridade abriu o meu coração,
o teu amor abrilhantou o meu horizonte,
a felicidade não tem limites...
ENTARDECER E A LUA
A noite descia como em voo de pássaros,
Em rajadas de flocos coloridos.
Meus olhos se deliciavam, estremeciam,
De prazer e dor.
Como cristalizar este momento?
De que forças retirar o fluído para tal proeza?
Pensamento tolo que me fez perder todo o poente.
Quando dei pela natureza,
A noite me abraçava,
Beijava meus lábios com o nascer da lua.
Espetáculo de noite invernal.
Como deter o astro prateado
No seu lugar de agora?
Para saciar o meu prazer,
Para matar a minha sede de beleza.
Oh maldito pensamento!
Fez-me perder todo o nascer da lua!
Todos os poentes, todo o sol no seu turno.
Todos os verdadeiros voos de andorinhas!
E aqui estou sem saber contemplar.
Desejando obras monumentais da natureza.
Maldizendo o pensamento,
Vi-me num túmulo frio, escuro,
Sem haver sentido o momento de minha morte
Por tanto haver pensado nela!
Conclusão de alma:
O belo está naquilo que se vê e sente
Não no que se quer!
Nov/ 1974
Deus premiou os pássaros com asas e a capacidade de voo, o homem aparou as asas e tirou-lhes a capacidade de voar.
Soltem-se todos os pássaros presos,
que existem dentro de nós!
Para que enfim desfrutemos,
a solidão do voo a sós!
Que possamos planar sobre um mundo
todo azul, verde, branco.
Onde o silêncio lá no fundo
Tem em si um doce encanto.
O encanto de conhecer,
Independente do ser
e até do mais saber,
a delícia do Viver!
A verdadeira amizade é como um pássaro voante. É necessário aprender a respeitar quando chega o momento do seu voo.
Pássaros com as mesmas penas
Dizem que voam juntos,
Mas que valor tem tal laço
Quando os corações não se encontram?
Nos salões onde se acenam sorrisos,
Ecos de futilidade dançam no ar,
Mas eu, em busca de um sentido,
Vejo as sombras que pairam no silêncio.
Se não ressoam os meus anseios
Na companhia que me rodeia,
Não é arrogância a minha voz,
Apenas outra senda a explorar.
Que eu encontre no meu voo solitário
A liberdade de ser,
Pois no espaço entre as estrelas,
A verdade se revela na penumbra.
Que as penas sejam distintas,
E que cada um busque a luz,
Onde o reconhecimento é sincero,
E a conexão não é um peso a suportar.
Assim, na dança do existir,
Cada passo, mesmo isolado,
Seja um hino à autenticidade,
E um convite à descoberta da alma.
Jesus veio ao mundo nos ensinar a voar.
Buscai as coisas do alto (Col. 3, 1), diz o Apóstolo.
Sejamos, pois, como o passarinho, sigamos rumo aos céus, deixando o que passa passar.
Se cremos, já alçamos o primeiro voo.
Descobrirão tarde àqueles que não creem que é justamente a nossa fé
as asas que Deus nos deu para alcançar o impossível.
Preparado para o voo?