Passar
Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece.
E eu faria qualquer coisa pra morrer nos fins de semana. Só pra não ter que passar pelo sacrifício de ter que colocar um salto e fingir que tô feliz. Ou é morrer ou é sair. Ficar em casa é coisa de gente que sofre. E eu tô infeliz, mas prefiro colocar meu salto e ir fingir felicidade, do que dar audiência pra programa de humor barato na tv aberta. Então, enquanto eu não conseguir morrer no fim de semana, eu e meu salto iremos pro sacrifício. Ele finge que é confortável. E eu finjo que não preferia estar dormindo.
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.
Chega de ficar quebrando a cara com os velhos erros de sempre.
Quero cometer erros novos, passar por apertos diferentes, experimentar situações desconhecidas, sair da rotina e do lugar comum.
Este ano eu preciso crescer.
Chega de saber a saída e ficar parado na porta, ensaiando os passos sem nunca entrar na estrada, esperando que me venha o que eu mais preciso encontrar.
Este ano, se eu tiver que sofrer, será por sofrimentos reais, nunca mais por males imaginários, preocupado com coisas que jamais acontecerão.
Chega de planejar o futuro e tropeçar no presente.
Chega de pensar demais e fazer de menos.
Chega de pensar de um jeito e fazer de outro.
Chega do corpo dizer sim e a cabeça, não.
Chega desses intermináveis conflitos que me fazem adiar para nunca a minha decisão.
Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas.
Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”. E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- Mastiga a ameixa frouxa. Mastiga, mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca.
AS ETAPAS DO (DES) AMOR
Dizem por aí que após terminar um relacionamento é preciso passar um tempo sozinho, consigo mesmo. Reza a lenda que emendar um namoro atrás do outro pode ser prejudicial à busca do próprio eu e que, pessoas que não seguem esta cartilha, estão fadadas a frustrações de ordem amorosa, por transferir os problemas não resolvidos do caso anterior para o atual.
Segundo especialistas, a melhor coisa a fazer após um chute na bunda, é passar por 3 importantes etapas: Auto-Destruição, Balada Frenética e Reencontro.
Auto-Destruição
Aqui você precisa ir até o fundo do poço. Vale tomar um porre, ligar bêbado, chorar em público, invadir o email da pessoa amada, deletá-la do seu orkut, lista de spam, msn. Tudo isso na consciente (ou não) tentativa de extinguir qualquer possibilidade de retorno. Depois da fúria, você vai passar dias e noites chorando na cama, sem trabalhar, sem trocar o pijama, sem tomar banho. Vai se olhar no espelho com desgosto, recusar qualquer convite para sair e mudar de canal sempre que uma cena de sexo invadir sua televisão. Na rua, vai cuspir nos casais felizes.
Balada Frenética
Passada a fúria e a depressão, você aceita convites para sair. Melhor, você enche o saco de deus e o mundo para sair com você durante toda a semana, de segunda a segunda. Aqui nesse estágio você vai se ver numa mesa de bar com aquele conhecido distante que você nem ia muito com a cara, mas foi a única pessoa que topou tomar todas em plena segunda-feira chuvosa. Vai se ver dançando com estranhos e vai acordar ao lado de alguém que mal lembra o nome. Na rua, continua amaldiçoando os patéticos e inconvenientes casais felizes. Nesta fase existe um esforço sobre-humano para ser feliz. E se na auto-destruição você se afundava no chocolate, aqui você se matricula na academia. Está chegando a hora de voltar para o mercado de trabalho... mas não antes de passar pelo Reencontro.
Reencontro
Uma onda de calmaria invade o seu quarto junto com incensos e livros sobre espiritualidade. Aqui você tenta buscar o equilíbrio: pode ser que se matricule numa aula de yoga ou pare de fumar. Talvez você opte por cortar carne vermelha e comece a estudar sexo tântrico. O reencontro, portanto, é consigo mesmo. Chegou a hora de avaliar tudo o que viveu e se abrir para o novo. Na rua, na fila do cinema e no trânsito, continua xingando os casais felizes, porque casais felizes são sempre chatos, né?
Passadas as etapas, uma a uma, você procura e não encontra nenhum especialista. Por que o filho sem mãe que inventou estas regras casou e foi passar a lua de mel em Bora Bora. Ele também não te avisou que só as mulheres passam por tais etapas. E você nem de longe desconfiou, porque enquanto passava noites e mais noites desabafando com as amigas na mesa do bar, remoendo e remoendo o que passou vestida de luto, o seu ex já estava na cama com outra. É bem capaz dele já ter partido para a segunda aventura enquanto você mal entrava na terceira etapa. E foi aí que você precisou aprender a ser CAFA.
CAFA.
Abreviação de Cafajeste = substantivo masculino, homem de ínfima condição, pessoa sem préstimo.
Este é o momento de dar o troco. Vale transar com o melhor amigo dele, contar para todo mundo que ele é ruim de cama, vale ficar com alguém legal e que não te interessa só para não ligar no dia seguinte ou se fazer de tonta ao telefone. Vale atender o celular quando estiver com outro e dar esperança para os dois em vão. Aqui você marca de sair com o cara, desliga o celular e vai fazer depilação. E depois, muito mais tarde, já no quinto chopp, pode apostar que com apenas uma mensagem de texto, em menos de 5 minutos ele aparece na sua frente. Aqui você pensa: se eu conseguisse agir assim com os caras que me interessam...
Pois se nada disso deu certo e você continua solteira, o melhor a fazer é sair com o primeiro que aparecer na sua frente e fazer todo o esforço possível para se apaixonar. Vale fingir que ele é bonito, inteligente e bom de cama. Vale até fingir orgasmo! Pense bem, na época da sua avó os casamentos eram arranjados e duravam tanto! Não é isso que você quer? Desencalhar a qualquer custo? Pois então! Vai fundo e minta para você mesma que está apaixonada. Acredite: em apenas um mês pode atingir ótimos resultados!
E no momento em que você estiver distraída, divertindo-se com o errado, movimentando suas ações no mercado e já com toda auto-propaganda feita... a pessoa certa vai aparecer. Até que de certa ela vira errada, vocês terminam e as etapas começam novamente. Será que um dia acaba?
Enquanto não acaba, lembre-se que para tudo na vida existe um lado bom, menos o disco do Oswaldo Montenegro.
Dizem que amigos verdadeiros podem passar longos períodos sem se falar e jamais questionar essa amizade. Quando eles se encontram, independentemente do tempo e da distância, parecem que se viram ontem, e nunca guardam mágoas ou rancor. Entendem que a vida é corrida, mas que você os amará para sempre!
Coisas que só uma mulher consegue...
Passar a vida inteira, lutando contra o próprio cabelo...
Comprar uma blusa que não combina com mais nada, só por que o preço estava irresistível.
Ser tratada feito idiota pelo mecânico na oficina.
Fingir naturalidade durante um exame ginecológico.
Se "enfiar" numa calça jeans para rediagramar a estrutura do corpo.
Ter crise conjugal, crise existencial, crise de identidade, crise de nervos e ataque de riso tudo num dia só!
Ser mãe solteira, mãe casada, mãe separada, mãe do marido.
Lavar a calcinha no chuveiro. e depois pendurá-la na torneira, para horror do sexo masculino.
Escutar que: mulher no volante perigo constante; homem do lado perigo dobrado...
Depilar a perna de 15 em 15 dias (com cera!)
Rasgar a meia na entrada da festa.
Sentir-se pronta para conquistar o mundo, quando está usando um batom novo!
Chorar no banheiro, se olhando no espelho para ver qual o melhor ângulo.
Achar que o seu relacionamento acabou, e depois descobrir que era tudo tensão pré-menstrual.
Nunca saber se é para dividir a conta, ou se é para ficar meiguinha.
Colocar uma cinta para disfarçar a barriga.
Ficar completamente feliz, por que ele ligou.
Dizer não, para ele insistir bastante, e aí ter que dizer sim!
Sorrir gentilmente para o cliente enquanto uma cólica louca te rasga como se fosse uma bazuca...
Não. Amigos não traem, te decepcionam.
Inimigos, sim, traem com a finalidade de se passar por amigos. O que é diferente.
me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar
Para que deixar passar
o tempo sem sentir?
pois que na vida nada fica.
e a sensação de existir,
É a percepção dos momentos
dentro do coração.
olhar, ouvir e gostar
no gosto de cada instante,
na consciência interior.
Não há lutas para se travar,
não há queixas a se fazer.
apenas o deixar ser,
acompanhando o interminável
drama da vida.
Deixe, deixe a onda da dor passar por você, ela pode até te derrubar, te afogar um pouco, te chicotear com o sal, te assustar com tanta grandeza, mistério, profundidade e experiência, mas acredite em mim, você não vai morrer. Você vai se levantar, ainda que a praia inteira ria de você, ainda que a força tenha levado suas roupas e você esteja completamente desprotegido para a vida, nu, entregue, sem dignidade. Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coração, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar.