Partida
Deixei-lhe partes de mim.
Fragmentos invisíveis,
como brisa a tocar-lhe
a face.
Levei pouco
de ti.
O suficiente para
me fazer sorrir.
O Vôo da Fenix
Eu acho que sempre soube que seria assim, mas nunca quis enxergar. Sabia que eles estavam lá em fila, esperando para me ver quebrar a cara. Mentindo quando tudo que eu precisava era a verdade. Estou cansado disso. Viver, me aborrecer e continuar nesse sofrimento sem fim. Preciso me libertar, fazer a dor cessar. Tudo está caindo em pedaços, eu continuo a me obliterar dia apos dia. O céu está sangrando, sinto suas lagrimas silenciosas, sinto o gosto amargo da perda e nela, seu inadiável fim. Fui despedaçado como um pedaço de vidro, fui amassado e queimado como um frágil pedaço de papel e ainda deixado para perecer no deserto, no entanto, lutei por uma saída, briguei por outra chance e assim consegui me reerguer. Ascendi aos céus de maneira que jamais imaginei que poderia, superei os limites tornando-me implacável e destemido. Mas para que se a vida ainda assim depois de tantas vitorias insiste em me derrubar. O que eu fiz de errado? Não sou merecedor, é isso? Infundados obstáculos já superei, mas admito que estou farto. Farto dessa infundada luta sem fim. Em breve entregarei os pontos, em breve não mais existirei. Achei que seria forte para todo sempre, mas a quem estou tentando enganar, pois o sempre sempre acaba quando menos se espera, puf... Era uma vez. Nada mais.
Estou caindo e caindo sem mãos para me resgatar. Estão todos lá a beira do precipício assistindo, esperando a hora fatídica e nada pretendem fazer.
Estou no meu limite, seja da razão ou da sanidade. Só sei que já chega, já deu. O show acabou e as cortinas estão prestes a se fechar. A fumaça se dissipa calmamente. Vou me perdendo pouco a pouco. Preciso desligar, fazer parar essa dor que me atormenta e quem sabe assim renascer das cinzas como um super nova de amor e compaixão. Uma explosão de coisas boas que a humanidade a tempos já se esqueceu. Como um pássaro de fogo rumo ao novo mundo seguirei. Um lugar mais digno sem tanta injustiça, onde se prevaleça a verdade, eu espero. Onde se possa viver em paz, se e que isso seja capaz.
Podemos correr ou fujir a vontade, mas a verdade estará lá. Esperando...
Ela não irá apenas dizima-los, mas sim transcende-los! Irá fazer do ordinário algo extraordinário. Achará amor em um lugar onde nunca houve se quer, esperança.
Todos os dias eu pego as pedras e enfeito o caminho da vida. Sou feita de partidas para recomeçar. Um dia quem sabe eu fico onde meu coração mandar.
O teatro é semelhante um cassino onde o jogador aposta na sorte da vida para ganhar, mas é a morte quem vence a partida.
Certo dia, eu escrevi que para se estar aqui é preciso ir a outros lugares, buscar novos horizontes para não se frustar com poente sol cotidiano que a vista de cá me apresenta. Cansado do joguetes pueris dessa gente tão descolada, resta-me ir para poder ficar, esquecer de sonhos desejados, das noites em claro, dos lábios tocados, do frio arrepio que sua presença causa ao meu corpo. Extasiado com o medo da partida, nem adeus procurei dar, aos poucos você perceberá a doce ausência da minha presença em seu dia a dia, até lá terei caminhado pelos meus pensamentos, redesenhando os caminhos que só me levavam a você, embaralhando mais o confuso sentimento que me liga a você. Terei que suportar a estranha sensação de saber que você está nos braços de outrem, acalentando os desejos de moços esguios, prematuros, rasos, como quase tudo em sua vida. Quando der falta de mim, poderei não mais encontrar as velhas estradas que me levava diretamente a você. Meu velho e cansado corpo buscará aconchego em outros bares, outras esquinas, em outros copos de cerveja. No entanto, sei que conservarei o antigo desejo de compartilhar novamente com você os cigarros no meio da madrugada e o indireto beijo negado será mais uma vez partilhado sob a névoa da nicotina. Meus dedos tocarão os seus, meus olhos procurarão os seus e o fogo que incendiava meu peito novamente será aceso. Mas eu já não serei mais aquele, você não me reconhecerá, porém eu sempre serei seu.
Tenho estudado um jeito de partir... sem carregar as tralhas do passado, sem os moldes anacrônicos que forjei, sem as velhas e surradas roupas que usei. Sim, quero partir nú para um novo horizonte. Expor os espinhos que rasgaram minha pele e ir. Esse desconforto que novos ventos causam à pele é um sinal de que já não possuo nada do que criei. Caminhar sem destino nos coloca em situação de perigo, mas a vontade de não ficar grita mais alto que os uivos do deserto que deixo para trás. Não há nada mais a se fazer, errei as épocas do plantio e hoje assumo os pecados das escolhas mal sucedidas e sigo sozinho. Não há dor onde não há nada, há somente o vazio inóspito do velho mundo...
Moça, engole esse choro e enxugue essas lágrimas. Sorria sempre, sorria para todos, sorria até para quem não merece. Moça, guarde esse nó…esse aperto, libere essa tristeza toda apenas para aqueles que realmente partirem sem chance de ficar ou voltar…aqueles que mesmo querendo você nunca mais vai poder ligar, mandar mensagens muito menos abraçar. Moça…você é muito nova, ainda não sabe a diferença entre perder ou livrar-se de alguém.
Ela se foi, depois de tanto me pedir pra ficar. Talvez por medo de que eu a deixasse sozinha, ela simplesmente virou as costas e se foi. Não disse o porque, apenas foi. E agora parece que ela levou uma parte de mim, ou que deixou alguma coisa comigo que dói muito.
Veja bem,
Toda vontade liberta
Todo desejo alerta
Todo sonho desperta.
E se...
Todo sorriso conquista
Todo passeio é partida
Toda saudade é doída.
Há pois que,
Todo sumido aparece
Todo encontro enobrece
Todo abraço aquece. É prece...
Afinal,
Todo caminho é curioso
Todo futuro é misterioso
Todo mistério é precioso
E de todo o mundo, o que me resta
É querer um pouco.
Estou indo para a Guerra
Estamos em uma estação de trem
Espero por aquilo que poderá levar para o meu fim
Em minha mente nada mais tem
Queria muito ficar, mas isso não depende apenas de mim;
Estamos aqui, cara a cara
Parados, sem nada dizer
Enquanto a chuva cai e molha minha mala
Penso se conseguiremos viver;
Fomos treinados nos campos de batalha
Aprendemos muito bem a atirar,
Mas minha emoção é falha
Não fui treinado para te deixar;
Não sei me despedir de ti
Nunca fiz questão de aprender isso
Mas, meu bem, eu preciso ir
Isso é um dever dos homens, não apenas um compromisso;
Estou indo para a Guerra
Mas desejando um dia vivo voltar,
Estou indo para a Guerra
E te deixo aqui, com muita dor, a me esperar;
Estou indo para a Guerra
Vou em nome da nação,
Estou indo para a Guerra
Levam-me o corpo, mas fica-lhe meu coração.
Se tivéssemos noção da brevidade da vida todas as despedidas seriam apertadas e calorosas, todos os sorrisos se converteriam em gargalhadas e o "ter de partir" seria tratado com a dignidade merecida.
Tudo o que existe, com exceção de Deus, tem um fim, mas de todas as coisas criadas a que mais faz falta quando se vai é o ser humano.
Por vezes me pus a debater com Deus se não seria melhor sequer terem nascido aqueles a quem amamos, mantendo assim, nosso coração protegido, mas Ele me perguntou: preferia ter vivido o que viveu ou morrer sem saber o valor de quem agora está comigo?
Calei-me...
Vermes
Do espinhaço. Que me sustenta.
Olhos cansados... Pelo tempo
Já na pele frágil... Alma vazia.
Há de alimentar, ainda os carnívoros.
Que me acompanham.
Que me rodeiam.
Com minha partida!
Poesias que hão de caducar um dia
Ponto de ônibus
Brilha, estrela, brilha!
Brilha no azul do céu condenado
abraça o espaço/tempo e brilha
nesse agudo gueto urbano desalinhado.
Rasga o vento a face fria
dos sujeitos por hora tornados ilhas
em sinuosas filas aleatoriamente formadas
e organicamente organizadas.
Vagos olhos brilham
vago olhar, vaga... triste
sem referências e sem brilho
pela falta de nexo desse lugar.
Nuvens cinza vagam
num horizonte (azul) disforme
vagam os olhos perdidos
na vastidão deste vazio enorme.
Eu corro
Eu corro.
Eu grito.
Eu choro.
Eu lamento.
Eu sinto.
Eu desespero.
Eu fujo.
Eu corro da solidão;
Eu grito por um mundo melhor;
Eu choro pela falta de amor;
Eu lamento por falta de sentimentos;
Eu sinto a dor da partida;
Eu fujo pro mar, onde posso amar, somente amar por onde as ondas me levar.
Um "trem" chamado amor...
(Nilo Ribeiro)
Hoje eu divaguei,
sua imagem, vislumbrei,
a vida, reverberei,
no trem do amor, viajei
o amor é um trem,
difícil de explicar,
quando o danado vem
o coração quer se embarcar
na estação da vida,
o amor faz a parada,
alguns, sofrem na partida,
outros, alegram na chegada
este "trem" carrega emoção,
transporta a felicidade,
vai lotado de paixão,
volta cheio de saudade
é o trem chamado amor,
que não pode descarrilar,
pois machuca, causa dor
não tem como consertar
seu balançar costumeiro,
faz plec, plec, nos trilhos,
meu coração passageiro
faz tum, tum pelo teu brilho
este trem me leva,
este amor me apossa,
não preciso de reserva,
preciso da tua resposta
é danado este "trem",
é especial sua estação,
tão feliz ele vem
e estaciona no coração
um amor que não tem local,
qualquer cidade é ideal,
pode ser Natal,
quem sabe Blumenau
é um trem bão dimais
amar com toda paixão,
é reencontrar com a paz
que foi perdida na solidão
hoje eu divaguei,
sua imagem, idealizei,
nosso amor, sublimei
enfim, viajei,
por isto poetizei...
Foi uma triste despedida,
Silenciosa, quase despercebida.
Sem abraços, nem promessas...
Somente um olhar desesperado,
De um coração assustado
Rumo a uma saudade desconhecida.
Foi a mais triste despedida
Daquelas de quem a esperança foge
Certa que não haverão reencontros
Que acalentem a dor da partida.
NÃO HÁ ESTRADA SEGURA (BARTOLOMEU ASSIS SOUZA)
A vida de cada pessoa é só dela.
Nossos sentimentos podem até combinar.
Podemos até misturar as ideias, quem sabe
até nossas vidas...
Mas não posso viver o seu viver...Jamais...
Sua história é sua história.
Cada um criará o seu próprio caminho.
Devo caminhar para além das montanhas
Devo enxergar para além das montanhas
E para chegar à verdade
É preciso atravessar muitas encruzilhadas,
trincheiras...
batalhas...
Não há estrada segura.
Não pode haver comodismo.
Cada qual tem seu ponto de chegada...
Cada qual tem seu ponto de partida...
É preciso superar-se...
Nem todos podem todas as coisas
do mesmo modo e com a mesma capacidade.
Não somos iguais,
somos diferentes.
Cada um é cada um.
Que assim seja!