Partida
PONTO DE PARTIDA
Andava pelas ruas da cidade
De repente ela aparece na minha frente
Entre as colegas me olhou diferente
Uma moça alegre e sorridente.
Graciosa uma jovem estudante
Usava roupa muito atraente
Com blusa bastante transparente
Carregava no cordão um belo pingente.
De olhos castanhos e brilhantes
Serei eu o seu pretendente
Devo ser rápido e eficiente
Contigo quero viver eternamente.
O meu corpo sente o cansaço do trabalho, meu coração sente a sua partida, a minha alma está triste, estou de luto! "Vá em paz meu amor"
XEQUE-MATE, BABACA!
A partida já durava pouco mais de 45 minutos, uma pequena eternidade para uma criança de 5 anos e meio.
– Mamãe, eu sei que o certo é jogar em silêncio, tentando “adivinhar” as próximas jogadas, mas preciso falar uma coisa – disse em tom solene, esfregando os olhinhos já cansados.
– Pode dizer, filha.
– Acho esse Rei muito “babaca” – disse apontando uma das duas peças coroadas por uma cruz.
– “Babaca”? Como ele pode ser um “babaca” se ele é a peça mais importante do seu reino? Se ele for capturado, você perde e acaba a partida – retruquei.
– Ah, mãe, o xeque-mate deveria ser com a eliminação da Rainha. Já reparou que ela é muito poderosa e que ele é um tremendo “Zé Mané”?
– Respeite o seu Rei, não fale assim dele – reclamei com um sorriso no canto da boca. – Onde você está aprendendo essas palavras?
– Mãe, a Rainha é toda “triunfante”. Consegue “dançar” pelo tabuleiro inteiro, como se fosse uma pista de dança… Olhe – e movimentou a sua Rainha na horizontal, vertical e diagonal, por várias casas já vazias. – Ela é tão esperta que “observou” e “aprendeu” os movimentos da Torre e do Bispo.
– Isso é mesmo. Ela é uma peça muito importante, filha. A perda da Rainha é uma grande derrota para o reino. Considero o “começo do fim” da partida – expliquei.
– E esse “Zé Mané” aqui é todo duro, travado e “perna de pau”. Já viu como ele “dança”? – Disse pinçando o seu Rei com seus miúdos dedinhos e o movimentando pelas casas que o circulavam. – Ele fica assim fazendo movimentos curtinhos, todo indefeso e fraco. Raiva desse “babaca”. Não quis aprender nada na vida. Até o Cavalo sabe saltar… E ele? Só sabe “se esconder na sombra da Rainha” – palavras literais da minha pequena.
– Amor, não fale assim. Se você estiver com raiva ou aborrecida, vai interferir no jogo e você não vai conseguir pensar na melhor jogada. Como eu sempre te digo, Xadrez exige concentração, “sangue frio”, estratégia e equilíbrio. E outra, não desrespeite o seu Rei. Seu dever é protegê-lo a todo custo, para continuar na partida. Acha melhor parar para descansar e continuamos depois?
– Mãe, a senhora está “toda” enganada – disse fazendo carinha de desdém.
– Oi? – Questionei, sem entender.
– Eu ainda “sou princesa”, mas serei como a Rainha, vou viver observando e aprendendo, toda poderosa, dançando com um longo vestido brilhante pela pista inteira. Mas não quero fazer sombra em nenhum “Zé Mané”… Na verdade essa conversa toda foi para te distrair, foi um papo “estlatégico” – pronunciou “fazendo bico” e levantando levemente os pequenos ombros. – Xeque no seu Rei, esse “babaca” aí.
Estatelei os olhos e tive que me render, orgulhosa, abrindo a retaguarda do meu Rei para que ela pudesse capturá-lo com o seu último e aparentemente inocente Peão, que “conseguiu atravessar” o tabuleiro quase sem ser visto por mim, no decorrer do nosso diálogo.
Parecia inofensivo, mas… Por vezes, o Discípulo supera o Mestre.
Xeque-mate, “babaca”.
Quando os olhos
Presenciam partida,
A memória se encarrega
De guardar momentos
especiais no coração.
Partida não protege.
Partida testa constantemente o pensamento interior.
Testa a força.
Testa a resistência.
Testa a fragilidade.
Atesta por quanto tempo tudo fica em curto circuito.
Atesta que se perde o juízo.
Às vezes sentimos perder pessoas amadas, não necessariamente por morte ou partida física, mas por elas se transformam tanto que não mais as reconhecemos. Não sabemos porque... Se algo específico as fizeram partir pra longe de si ou a se aproximarem mais de si... ou apenas a transformarem-se em outra pessoa... Situaçõs que caracterizam o distanciamento delas de nós. Resta-nos então nos adaptarmos a novos seres que nascem ou se revelam, amando-os... Ou simplesmente partir ou deixar que partam. Outras vezes as transformações ocorrem em nós... mesmos... #humanodemasiadohumano
Sua partida.
Quando resolveste partir
Eu custei acreditar
Não consigo mais sorrir
Tenho vontade de chorar
Me dá até um desespero
Quando sinto essa agonia
Tento até ser um guerreiro
Mas perdi minha alegria
Estou sofrendo angustiado
Ja não sinto sua presença
Queria voltar ao passado
Pra fazer a diferença
Hoje eu senti saudade
E bateu o arrependimento
Pois troquei minha felicidade
Para viver de momento
Nesse momento eu me lembro
Daquela senhorinha
Que me olhou na alma
E disse "Essa é sua família"
Por fora não liguei
Mas aquilo me tocou
Por dentro comemorei
E se quiser aqui estou
Não sou nenhum poeta
Mas pra você quis escrever
São palavras de um pateta
Que um dia te fez sofrer
Agora rezo de joelhos
E que Deus abençoe meus planos
Pra que seja com você
Os meus melhores anos.
Não será preciso contar o tempo de sua partida, apenas quero ter o desejo de recordar o quanto éramos felizes...
No gélido dia de partida
Pelo embassado da janela
Eu vi as cores do horizonte
Pintados com as cores dela
Moldei na mente uma poesia
Palavras do meu caminhar
Com os sonhos doces e genuínos
Chorei pra que pudesse cantar
Ah, essa vida
Que corre demais
Igual um trem rumo ao destino
Gritando, sem olhar pra trás
Ah, essa vida
Que corre demais
Correndo mais que um cometa
Seu rastro é a sua paz
Essa vida.
Renasce, esperança
Enterrei a angústia pela tua partida no lugar mais profundo do meu âmago.
Ando por aí desesperada, tentando embrutecer meu coração.
Olho pro mar... na sua imensidão.
Tenho medo do que poderá fazer em mim toda essa solidão.
Está lá bem no fundo a angústia.
Estou magoada.
E a saudade vem... vagarosamente seguindo meus passos.
Eu sigo.
Tenho medo de que ela me pegue nos braços.
... e não me largue mais.
Minha vida se prostra.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Um gosto de puro desgosto.
O que eu queria?
Queria que a minha vida caminhasse sozinha.
Que tropeçasse pelas pedras... caísse... se machucasse... se levanta-se e se curasse.
Queria que a esperança renascesse.
Queria que a paz, a alegria, os dias bons a vida me devolvesse.
Quero demais?
TEMPORAL
Se eu tivesse tido tempo
Para preparar-me à tua partida,
Para quem sabe dissuadir-te
De tal ideia estapafúrdia,
Não estaria eu agora nessa angústia,
Amaldiçoando a minha vida...
Se eu tivesse tido tempo
Para preparar-me à tua ausência,
Para quem sabe convencer-te
Do disparate de tal atitude,
Não estaria eu agora em incompletude
Abrindo as janelas da demência...
Na arquibancada da vida o importante não é quem está torcendo por você no início da partida
E sim quem permanece com você até o fim independente do resultado.
Sei que a minha partida te deixou aliviada, mas sei também que por onde passares, lembrarás de nós. Sei que não esquecerás de todos os momentos marcantes que vivemos. Você fechará os olhos e sentirá o toque das minhas mãos em seu corpo. Lembrará do meu cheiro, do meu abraço, do meu beijo. Sei que ficarei em você, assim como ficarás em mim.
Como se chama aquela coisinha pequenina que fica sempre depois de uma partida, sempre depois de um fim? Saudade! Saudade de coisas e pessoas que a vida e o tempo me furtaram.
Eu não devia ter sentido tanto sua partida, as vezes fico pensando... E se eu estivesse ficando apaixonada? Você ir embora foi libertação ou menos uma história de amor que não acabaria bem?
Dói demais toda partida
Toda ausência causa dor
Mas o curso dessa vida
É vontade do Criador
Somos todos passageiros
Ninguém sabe quando vai
Se demorado ou é ligeiro
O destino diz quem entra e sai
Cada um tem o seu tempo
Findo, não há prorrogação
E a despedida como o vento
Nos leva à outra estação
Os que ficam, com tristeza
Sofrem ao nos ver seguir
E aguardam com a certeza
De que também irão partir
Os pais se vão na frente
Essa é a ordem natural
Se o filho vai antes da gente
Deixa uma dor sem igual
Perder um filho parece
Ferida aberta no peito
Não há remédio ou prece
Que possa dar um jeito
Ontem eu estava lembrando da sua partida, faz pouco tempo que você se foi, mas parece mentira, eu ainda não acredito que não estás mais aqui.
Às vezes, acho que você viajou para a casa dos seus pais ou que estás cheia de afazeres e ainda não deu para nos encontrarmos. Sei lá, é tudo tão estranho e confuso.
É muito triste não poder te abraçar e nem sentir o teu cheiro. Ficar sem ouvir a tua voz, sem receber as suas mensagens e sem te ver através de uma chamada de vídeo é ruim demais.
Domingo era o dia de estarmos juntos, de sorrirmos, de cozinharmos, de tirarmos um cochilo após o almoço, de pedirmos uma pizza no início da noite.
Você se foi e eu não tive mais notícias suas, não sei se estás bem, se precisas de mim, se sentes a minha falta como sinto de ti. Como eu te queria aqui novamente, como eu queria estar contigo outra vez.
Na partida de quem amamos, nasce a verdadeira saudade, um sentimento puro, que carrega o laço do tempo que vivemos e viveremos.
(Edileine Priscila Hypoliti)
(Página: Edí escritora)