Paris
Se as pessoas que foram mortas em Paris tivessem armas, pelo menos eles teriam uma chance de lutar. Não é interessante que esta tragédia tenha ocorrido em um país com uma das leis de armas mais duras do mundo? Lembrem-se: onde ter armas é um delito, só os delinquentes as possuem.
TERÇA-FEIRA, 21 DE AGOSTO DE 2007
Existe sempre uma coisa Ausente - Caio F.
Paris — Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d’Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida — e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.
Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos á2o anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”,feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.
Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.
Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça. Que algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta.
Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente. Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad , homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por “acaso”, fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.
Pego o metrô, vou conferir. Continua lá, a placa na fachada da casa número 1 do Quai de Bourbon, no mesmo lugar. Quando um dia você vier a Paris, procure. E se não vier, para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.
O Estado de S. Paulo, 3/4/1994
Eu gostaria de ir a Paris, subiria no alto da Torre Eiffel e veria toda a França. Depois? A Itália, onde me faria a típica foto onde eu, com toda a minha força e valentia, sustentaria a Torre de Pisa pra que ela não caisse. Em seguida? A Las Vegas, onde eu gastaria todo o dinheiro em um casino para ganhar nenhuma moeda, no entanto poderia dizer: Viva a Las Vegas, baby! Algo mais? Depois iria a New York, sim, e subiria na Estátua da Liberdade e veria como todo Manhattan amanhece. E por último? Eu sempre digo que o melhor, é pra o final. Por ultimo iria a Los Angeles. Estragaria todas as lojas de Beverly Hills, enquanto gastaria quase todas as minha economias em roupas. Logo, em Hollywood, iria olhando cada uma das estrelas do Passeio da Fama e faria uma foto com a imensa maioria enquanto bebia meu Starbucks. Também, me faria fotos junto ao cartaz de Hollywood, o demonstrando com um grande sorriso no rosto dizendo: ‘’sim,estou em L.A’’ . E no final subiria no alto do mirante e olharia pela ultima vez toda Los Angeles.
No entanto, quando eu voltasse aqui, no Brasil, me esperaria o melhor...
Me esperaria você!
Paris, 2012
Meu amado,
Hoje passei na porta do café que fica ali ao lado da Torre Eiffel onde nos encontramos pela primeira vez. Dois jovens me chamou á atenção. Eles sentavam numa mesinha de fundo e conversavam pelo olhar. A moça vivia jogando seus cabelos (sinal de muita timidez) e o rapaz tinham as mãos trêmulas quando seu olhar cruzava com o dela. Observar aquilo era magnífico. De fato, ali havia algo que quebrava todos os poemas de desamor. Eram uma perfeita simetria, eram feitos um para o outro. Éramos nós.
Publicitário
Havia um cego sentado na calçada em Paris, com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia:
"Por favor,ajude-me,sou cego"
Um publicitário, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz e o giz, e escreveu outro anúncio e foi embora.
Mais tarde o publicitário voltou a passar em frente ao cego. Agora, o seu boné estava cheio de moedas. O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, querendo saber o que havia escrito ali.
O publicitário disse:
- Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras".
Sorriu e continuou seu caminho. O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia:
"Hoje é Primavera em Paris e eu não posso vê-la"
Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei... nem lembro mais
Paris
Lugar onde os artistas encontram inspirações
E o mundo busca descobrir algo novo...
Lá o amor fala mais alto aos corações,
O romantismo em Paris é muito gostoso!
É o lugar mais extraordinário do mundo,
Dá-nos a ternura de vivermos apaixonados...
Não perde em termos de beleza o seu rumo,
Paris é a capital para os seres encantados!
TE ESQUECER EM PARIS
Nos becos da velha Paris;
Nos braços de uma mademoiselli qualquer,
Refiz minhas noites de solidão
E consumei o ato de amar quem me quer.
Monet ainda teimava em acompanhar-me;
Aquele refinado impressionismo já não me convence mais.
Perdi-me nos longos bares de whisky barato
E lá morri toda noite buscando um pouco de paz.
Eu vi o outono chegar e levar as últimas folhas secas
E ainda vi o inverno gelado nevar a minha cabeça.
Eu vi meu corpo envelhecer amiúde e chorei;
E um dia vi as luzes se apagarem atrás de mim
E a última nota do violino se despediu.
Percebi que ainda havia tempo de recomeçar e voltei.
A vida dá voltas. Espero que numa dessas voltas, eu acorde em Paris, New York e Dubai e eu esteja linda loira e maquiada.
Quero entrevistas desconcertantes, olhares de admiração profunda, mãos dadas em Paris, férias em uma ilha britânica, guarda-roupa dividido, aniversários comemorados com “amigos” em um quarto de hotel…
Então chega a hora de partir...
China, Amsterdam, Paris
ou logo ali...
Pode até doer
mas, é preciso ir.
Nada a temer, a não ser,
como viver sem ti?
Em meu sonho, nossa vida seria um remake de um filme antigo. Você poderia me encontrar em Paris, sentada no banco de uma praça lendo um livro de capa vermelha, e todos os dias se apaixonaria por mim. Você não iria demorar muito para vir e colorir meus dias, teria medo que outro notasse a intensidade de meus olhos. Gentilmente iria pedir para sentar-se ao meu lado, e ali, começaríamos nossa história de amor. Lenta, como deve ser... A cidade seria toda nossa, e a pressa, não faria parte do enredo.
Retrato a minha vida como Paris, o símbolo do eterno amor. Já dizia Woody Allen: "Meia-noite em Paris, tudo é possível."
Não preciso de um amor que me leve pra Paris. Preciso de alguém que tome um café na padaria comigo e só por isso já fique feliz.