Parabéns Mãe

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Fazer aniversário é poder agradecer a Deus por mais um ano de vida, mas também é poder acreditar que hoje vai ser diferente, que amanhã vai ser bem melhor e que o futuro existe para aqueles que têm esperança na felicidade. Que você tenha sabedoria para seguir em frente e forças para lutar, porque nossa vitória é poder ouvir o som do coração.

Os adultos apaixonam-se ao acaso, ainda que façam um esforço para escolher muito ou com muita inteligência. Já aprendi. O amor é um sentimento que não obedece nem garante. Precisa de sorte e, depois, empenho. Precisa de respeito. Respeito é saber deixar que todos tenham vez. Ninguém pode ser esquecido.

Uma das chaves da felicidade é a falta de memória.

Quem não sabe perdoar, só sabe coisas pequenas.

O amor precisa ser uma solução, não um problema. Toda a gente me diz: o amor é um problema. Tudo bem. Posso dizer de outro modo: o amor é um problema mas a pessoa amada precisa ser uma solução.

O amor constrói. Gostarmos de alguém, mesmo quando estamos parados durante o tempo de dormir, é como fazer prédios ou cozinhar para mesas de mil lugares.

Valter Hugo Mãe
O paraíso são os outros

Descubro cada vez mais que o paraíso são os outros. Vi num livro para adultos. Li só isso: o paraíso são os outros. A nossa felicidade depende de alguém. Eu compreendo bem.

Valter Hugo Mãe
O paraíso são os outros

Todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.

Amar é uma proibição de estar só.

Valter Hugo Mãe
Homens imprudentemente poéticos. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016.

Pensava que quando se sonha tão grande a realidade aprende.

O toque de alguém, dizia ele, é o verdadeiro lado de cá da pele. Quem não é tocado não se cobre nunca, anda como nu. De ossos à mostra.

O amor era uma atitude. Uma predisposição natural para se ser a favor de outrem. É isso o amor. Uma predisposição natural para se favorecer alguém. Ser, sem sequer se pensar, por outra pessoa.

O sofrimento nunca impediria alguém de ser feliz.

A companhia de verdade, achava ele, era aquela que não tinha por que ir embora e, se fosse, ir embora significaria ficar ali, junto.

Pensou que o rapaz tinha ido embora diferente dela. Não podia ser que o amor tornasse as pessoas diferentes assim, a menos que não fosse amor nenhum.

Amar era feito para ser uma demasia e uma maravilha.

(…) o que me faz correr é sempre o mesmo, uma vontade de saber mais e o de deixar contado às pessoas, nos livros, sabe. Deixar nos livros aquilo que se descobre, porque um livro, com o que contém, pode ser uma fortuna eterna (…)

Queria que ela fosse tão propensa ao sorriso quanto o pudesse ser.

Provavelmente, se o livro for bom,
ele manterá mistérios para todo o sempre.

Os livros eram ladrões. Roubavam-nos do que nos acontecia. Mas também eram generosos. Ofereciam-nos o que não nos acontecia.

Valter Hugo Mãe
A desumanização. São Paulo: Biblioteca Azul, 2017.