Para uma Pessoa Perdida
Não quero ser Destino -
Eu não quero ser destino!
Coisa vaga, sem sentido,
perdida ao longe,
num latido.
Eu não quero ser aquele
que a Vida não abrange ...
Eu não quero ser destino!
Corpo velho,
Alma nova,
gente em desatino,
que fica ali esperando,
que ali fica a chorar,
ali também dançando ...
Eu não quero esse destino!
Tão pouco! Tão nada!
Um brilho quase felino...
D’olhos que apenas
vão fitando!
Fitando o desespero,
que aos poucos,
instalado,
destrói a expectativa,
deixa a amargura,
a triste sina,
o desespero
e a desilusão, perdura ....
Por isso não quero ser destino!
Eu sou um’ Alma rouca!
sem destino ...
Uma graça pouca!
Em desalinho ...
Uma cabeça louca!
Sem tino ...
Só não quero ser destino!
Só não quero esse fadário!
Mas não querendo sê-lo,
na verdade, sou-o já!
E sou-o de pequenino ...
Eu sou esse calvário!
Eu sou esse destino!
Estou queimando
Estou chorando
Ninguém vê
Ninguém vê
Desejo um dia alcançar o céu
Perdida nesse mundo
Tento me encontrar
Uma facada está no meu peito
Estou curando com música
Mas sei que não é suficiente
Falta Deus
Mas é tão complicado por agora
Estou fraca
Estou sangrando
Dentro de mim há gritos
Hoje estou louca
Estou perdida dentro de mim,inerte. A escuridão me é inerente nesse momento . Tudo é o que não parece ser ......
Uma prisão sem muros ....
História Perdida -
Tantas voltas dá a Vida,
tantas Vidas dão a volta,
nossa História está perdida
como um filho que se aborta.
Esperei por ti todas as horas
sem saber onde procurar,
mais triste que as demoras
é não saber onde t'encontrar!
Talvez te encontre pela Vida,
minh'Alma, meu amante,
minha calma fugidia ...
Resta em mim a solidão,
vazio-de-ti, memória-errante
que me escorre do Coração ...
Me sinto tão perdida
Onde posso me encontrar ?
Pai como posso voltar ?
Aonde estou ?
Que raio de caminho e esse em que me encontro agora?
Só me pergunto quando pude ter feito essas escolhas ?
E no fim de tudo não a ninguém para culpar, apenas eu e a minha infinita força de persistir eu algo que sempre pareceu errado!
Só me ajuda pai, necessito de ti para sair, pois persistindo eu perdi as minhas forças e me restam apenas machucados.
Contrassenso -
Ai quem tem a Alma perdida
sobre espinhos vai no chão,
ai quem tem perdida a Vida
amargos sonhos lhes darão ...
Amargos sonhos lhes darão
a quem tem a Alma perdida,
resigna ao pó do chão
Pois tem perdida a Vida ...
Pois tem perdida a Vida
quem resigna ao pó do chão
e canta em tom de despedida!
E canta em tom de despedida
quem resigna ao pó do chão
jaz vencido pela Vida ...
Cristo Oculto -
Não consigo sequer lembrar
quantas vezes de esperança perdida,
só, queria morrer, morrer e matar
a minha Alma vencida ...
E aguardava ... o momento iria chegar!
O fundo do poço, o fundo da Vida,
aí, onde iria morar,
casa sem tecto, esperança tolhida ...
Mas eis quando percebia
que estava seguro
por algo que não via mas sentia ...
Suspenso no ar por duas mãos
(dois braços abertos, um coração)
penduradas por dois pregos!
O esquecimento é nada mais que uma memória perdida na escuridão deste tão profundo e inacabável oceano que chamamos de mente...
Quanto mais distante, mais difícil de acessá-la.
No galope do cavalo, a alma perdida,
Um coração embriagado, amor que terminou.
Sobre a trilha do sertão, saudade vivida,
Perdeu o amor da sua vida, tão amado e louvado.
Passos solitários na terra árida e seca,
Apegado às lembranças que o peito abraça,
Nos versos da cachaça, histórias da vida preta,
Chorando o amor que partiu, sem promessa que faça.
Cavalga o cavaleiro com dor e saudade,
A noite é cúmplice do lamento sentido,
Pelas veredas do coração, a eterna jornada,
Vai chorar de saudade o amor já esquecido.
No sertão, o cavalo é seu fiel companheiro,
Enquanto a saudade tece a teia da memória,
Entre goles e versos, o coração prisioneiro,
A dor do amor perdido, transformada em história.
Me devolva cada noite em claro perdida ao sonhar com as estrelas em teus olhos...
Me devolva cada deleite de um coração pulsante ao ouvir a sua voz, e desejar ouvi-la a cada dia...
Me devolva cada vã esperança, que brotou por nossos dedos entrelaçados, quando nossos lábios se tocaram...
Me devolva cada hora perdida em meus pensamentos afoitos sobre teus sorrisos e sobre tua imagem...
Me devolva cada mísera lágrima que brotou de meus olhos com as tuas ausências e com o teu silêncio...
Me devolva o tempo que perdi de amando,
Enquanto você apenas brincava de amar.
Crenças da alma perdida...
Doces delírios...
Clamor que se define...
Paradigmas que morrem...
Em atos que terminam...
Voz que defere o silêncio...