Para minha filha pequena dedicatória
Esta é a minha filha, Shannan Maria Gilbert. Há uma folha aqui para cada dia que ela está desaparecida.
Na impossibilidade de homenagear meu pai, porquê não homenagear o pai da minha filha!?
Bom, talvez eu tenha muito a falar, mas serei breve...
Há muitos pais por aí que pouco se importam com os seus filhos... Para alguns, são verdadeiros fardos, mas para outros, os filhos têm uma importância ímpar em suas vidas.
Marcílio Dias é o pai da minha filha Richelle Kauanny (normalmente é assim que me refiro a ele- O pai da Richelle ou seu Marcílio🤦♀️😅) Além de ser pai dela, é pai de outros também... Não sou cega e vejo nele qualidades que muitos não vêem, óbvio que também vejo os defeitos, afinal quem é perfeito!?
Então; Na verdade, tenho ensinado à minha filha valorizar o pai que tem, independente do que ele possa ter, (no geral, muitos filhos não valorizam os pais pelo que são, em grande escala, simplesmente pelo que têm)...😥 Percebe-se claramente muito pouco afeto entre as partes. E de quem é a falha? Do pai? Da mãe? Dos filhos?
Enfim...
Independentemente de como vivem, se juntos ou separados, acho indispensável essa proximidade, essa afetividade pais/filhos (perdi meu pai muito cedo, aos 8 anos de idade, e isso me dói até hoje😭). Mãe e pai serão sempre mãe e pai... Não existe esse negócio de ex-filhos, nem ex-mãe, muito menos ex-pai. É sangue, não tem como separar DNA, nem desfazer esses laços...
Admiro muito a amizade/relação pai/filha dessa dupla Marcílio X Richelle, ambos têm um temperamento similar, mas sempre deu a ela o espaço para desenvolver sua personalidade...
E mesmo que ele não corresponda às "nossas" perspectivas, o defendemos, as vezes até brigamos, afim de que outrens reconheçam seu valor e sempre rezamos, para que Deus o abençoe, dando-lhe vida longa, saúde, coragem e força para permanecer firme em seu legado. Espero que sempre tenham esse vínculo pai e filha e que ela saiba sempre reconhecer sua importância e mesmo que haja alguma mudança,(sempre há, principalmente quando chegam na adolescência, fase em que nossos filhos tendem a se aproximar dos amigos e consequentemente, distanciarem-se dos pais🤨), e que nunca se esqueça de ser grata por tudo que ele fez e continua a fazer. É isso aí...
Como disse que seria breve,
finalizo então minhas palavras parabenizando você que é pai... pai presente, pai ausente, em especial o "seu Marcilio" e almejando que todos: pais, filhos e até mães, procurem manter entre si um vínculo estreito, perguntando e respondendo com moderação, se disponibilizando para conversar e se preparando para as mais diversas e estarrecedoras respostas. Que através desse vínculo, demonstrem interesses um pelo outro, criem oportunidades para que haja uma boa interação entre ambos, sabendo que, certamente, alguns dias poderão ser bem mais fáceis que outros.
É isso!
🌹Conceição Enes. 14/08/2016
Pausa no túmulo
Eles observaram a tumba e como Seu corpo foi posto. - Lucas 23:55
Minha filha mais nova e eu estávamos andando por uma loja algumas semanas antes da Páscoa. "Veja todas essas coisas", disse ela. “Nada além de doces e coelhinhos. Aposto que não há uma tumba à venda em nenhum lugar desta loja.
Achei interessante que ela mencionasse uma tumba em vez de uma cruz ou um lírio como símbolo da Páscoa. Ela pode ter batido em algo que frequentemente corro na pressa de celebrar a ressurreição. Jesus foi colocado em uma tumba, e na mente daqueles mais próximos dEle, onde era onde ele iria ficar.
Em Lucas 23 e 24, observe quantas vezes o corpo de Jesus e a tumba são mencionados. Naquela primeira manhã de Páscoa, as mulheres foram a uma sepultura para ungir um cadáver com especiarias para o enterro adequado. Na profunda tristeza dessa terrível finalidade, ficaram impressionados com as notícias que pareciam surpreendentes demais para ser verdade: “Ele não está aqui, mas ressuscitou!” (Lc. 24: 6).
Nossas próprias tristezas e sonhos despedaçados que parecem tão finais foram mudados para sempre pela sepultura vazia de Jesus. Ele grita a vitória que Ele conquistou sobre o pecado e a morte, e a esperança viva que temos Nele.
O grande evento da Páscoa é apenas parte da história. Seu significado completo ocorre quando paramos pela primeira vez na tumba.
Entre Sua morte e ressurreição,
Cristo jazia em um túmulo -
Agora todos os crentes têm certeza de
que a morte não significa condenação. —Hess
A tumba vazia de Cristo garante nossa vitória sobre a morte. David C. McCasland
Para ele
Oferecerei a você o sacrifício de ação de graças. - Salmo 116: 17
Minha filha de 17 anos, Julie, e uma colega de trabalho em uma loja de departamentos estavam se encontrando para o almoço. Ele tinha algumas perguntas sobre a vida e Julie ficou feliz em conversar com ele sobre sua fé. Quando se sentaram com suas tacos, Julie inclinou a cabeça para agradecer ao Senhor por sua comida. Quando ela olhou para cima, sua amiga disse: “Eu não orei. Deus vai me matar por isso?
Sua resposta revela muito sobre como as pessoas vêem Deus. Muitos pensam que nossas ações divinas - oração, canto, adoração, leitura das Escrituras - são feitas como dispositivos de segurança para impedir que o Senhor nos zapping. Quando pensamos nele dessa maneira, teremos motivos errados para qualquer ação dirigida por Deus. Esse tipo de pensamento nos leva a orar e adorar a Deus para obter ganho ou aprovação pessoal.
Nossa adoração ao Senhor não é feita para que possamos beneficiar de alguma forma. Em vez disso, todo pensamento ou ação celestial deve ser realizado em honra a Ele e Sua grandeza. Nossos corações e vozes devem ser preenchidos com o tipo de louvor expresso no Salmo 98. Nossas expressões de ação de graças são um sacrifício para Ele (Sal. 116: 17).
Certamente, nos beneficiamos quando voltamos nossa atenção para Deus, mas essa não deve ser nossa motivação. Não é para nós que adoramos a Deus. Deve sempre ser para ele.
Então vamos adorar e dar-Lhe o Seu direito,
Toda a glória e poder, toda a sabedoria e força,
Toda a honra e bênção, com os anjos acima,
E agradecimentos que nunca cessam pelo amor infinito. —Wesley
Não adoramos a Deus para obter Seus benefícios - já os temos. Dave Branon
Poema
Ternura de Mãe
Filha minha, lindo botão que desabrocha,
frescor de manhãs de primavera, entre todas as donzelas, a mais linda, doce, singela!
Comparo- te com lis do campo, vejo- te como flor de pântano, certeza tenho que o Pai do céu, te escolheria, dentre todas elas!
Candura própria de Maria, alma alva e angelical, existente brilho, só nas estrelas,
és princesa, e original
Quando vejo teus olhos brilhantes,
fitando o mundo sem esperança, rogo ao Pai e a Maria, socorre- a neste instante!
Filha amada, filha minha, agora entendo, porque não tens par, vejo- te num radiante luzidio, reluzente revestimento, cintilante brilho, outra como tu nunca, és singular!
À noite, quando o sol já no ocidente,
a lua, estrelas, brilham, vejo- te como lua,
as estrelas tuas damas de companhia!
Vejo a lua, é a te que vejo!
As estrelas, tuas pajens fulgentes, num belíssimo, encantador, cortejo de rainha!
Quantas vezes, vejo- te como divina, no
teclado, balé, na oração, sono, acordada,
são muitos os momentos, talvez, em todos de tua vida!
Cintilas quando dormindo!
Quantas vezes em teu quarto, acariciei teus cabelos, e tu não me vias?
Constantemente fico pensando,
ela tem mãos de artista, estatura de miss, porte de infanta, soberana de um reino,
rainha um dia, grande mulher!
Agora menina moça, estás na adolescência limiar da juventude, chegará um dia que serás moça, mulher!
És linda, bela, divina!
A mais perfeita das maravilhas!
O criador não nos deixou a fórmula,quando te criou, oh! filha minha!
Ainda não encontrei teu príncipe, cônjuge, futuro companheiro, sei que vive, no momento ainda estrangeiro!
Quando aparecer, vai ser pra valer, tempo, não vais ter pra retroceder, vai levar- te num cavalo branco, cheio de plumas brilhantes,
sei que vou chorar, ficar em prantos!
Serás feliz, viverás o teu encanto!
(Poema public no Jornal Tribuna do Leste Manhuaçú)(Data 13/05/91)
A Melhor Escolha
Recentemente, participei da Feira das Profissões na escola da minha filha com a palestra “Dúvidas: não sei o que fazer e o medo da escolha errada”. O tema, apesar de pouco explorado pelos colégios, é de extrema importância, não só para nossos jovens, mas para o desenvolvimento do país como um todo.
Debate-se muito sobre o desenvolvimento do país e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas esquecem que o crescimento econômico não deve ser considerado como um fim em si mesmo, como alerta o multipremiado Professor Amartya Sen, em sua obra “Desenvolvimento como Liberdade”.
O crescimento do PIB ou da renda per capita deve ser entendido como consequência de os membros da sociedade desfrutarem de mais felicidade e de liberdades múltiplas, entre elas, de poder escolher a carreira que gostariam de seguir, por aptidão ou preferência, e não por medo do desemprego ou da baixa perspectiva salarial.
Pessoas felizes, que fazem o que gostam, tendem a ser mais produtivas e a contaminar aquelas que as rodeiam, em uma espécie de reação em cadeia, capaz de gerar otimismo e esperança, além de ser campo fértil para o surgimento de novas ideias. Por outro lado, uma vida cheia de obrigações e trabalhos desestimulantes contribui para o pessimismo e para a manutenção do status quo, além de estar intimamente ligada à depressão e ao suicídio.
A prosperidade de um país depende do fomento de uma cultura de mudanças constantes, e a positividade das pessoas felizes as faz fortes para encarar qualquer mudança sem medo.
Em resumo, se me permitem dar um conselho para os nossos jovens, é que escolham a profissão por amor e não por medo, foquem na felicidade e não no dinheiro, que será consequência do engajamento nas atividades que se propuserem a fazer. Assim, estarão ajudando nosso país a crescer.
Filha
O que dizer nesse dia?
Falar que tu és linda e fiel?
Sempre fostes a minha carta de alforria,
Filha,tu és um presente do céu.
Nessa data tão especial e única,
Você veio dá cor a minha vida,
Não lhe trocaria pela mais bela túnica,
Nem tampouco, por nenhuma jazida.
Tu és um dos meus caminhos,
Uma bússola a me orientar ,
Uma mão que tira os meus espinhos,
Um anjo disposto a sempre ajudar.
Filha,longa será a caminhada,
Sentirá frio e também saudades,
Fique firme nessa longa estrada,
A recompensa existe de verdade.
Desejo-lhe a essência rara de uma flor,
Saúde,paz e plena felicidade,
O maior tesouro,que é o amor,
Que Deus lhe proteja da maldade.
Sonhos e sucessos ilimitados,
Presentes,fortaleza e coragem,
Entedimento e pensamentos blindados,
Discernimento que te afaste da miragem.
Desejo-lhe um céu de brigadeiro,
Uma doce paz infinita,
Das provas da vida,que chegues em primeiro,
Porque na torcida,tens um pai que grita.
Você sabe que te amo,
Tu és o melhor presente,
À Deus eu sempre clamo,
Para ajudá-la a seguir em frente.
Parabéns, felicidades e sucessos,
Saúde, paz e realizações,
Regresso,progresso e lindos versos,
Grandes feitos e cachoeiras de emoções.
Lourival Alves
Mainha
Ela nunca foi só minha mãe é também filha, irmã e amiga
Cúmplice e defensora desde que me entendo por gente
Lembranças maravilhosas me invadem de repente
Ela cozinhando e eu sentada no chão imitando ela, e sujando as mãos
A gente tomando sorvete, e eu achando lindas aquelas taças de banana Split
Lembro também que nos domingos sempre tinha pudim e manjar dos deuses ou melhor da Diva
O cheiro do frango temperando
A barriga crescendo e murchando
Por cinco propósitos da "Criação"
A cada penteado nos cabelos uma prece
Ei minha filhinha olhe para sua pele
Você é neguinha precisa estudar mais
Se quiser ser aceita e ter o que te apraz
Assim ela dizia
Menina de onde vem sua pose de princesa?
Não esquece de suas origens sua familia teve como herança a pobreza
Ela às vezes me olhava como se estivesse se realizando em minhas caminhadas, mas muitas vezes me diz você é aprendiz:
- Olha como fiz, e talvez seja ser feliz
Vi sacrifio nos sonhos adiados
Só para me ver estudar em escola particular, me dar plano de saúde e o armário lotar
As suas roupas em festas repetidas faziam as minhas no guarda-roupa sortidas
Cuida de tudo e de todos como rotina
Do café-da-manhã ao jantar
Ao cuidado e preocupação a cada sair e voltar
Quanta dificuldade em minha entrada na faculdade.
Só fez apoiar quando decidi voar
Em seus 50 anos consegui pela primeira vez enganar e superar a expectativa
Um surpresa em formato de festa para celebrar sua vida
Ali vi o quanto ela é querida
Sempre reclamou muito, mas ali estava agradecida
A cada passo dado ou fato ruim superado
Ela faz questão de por o dedo na ferida e pregar a lição
Como sou grata pelos seus conselhos e orações
Cuida até hoje de mim, primos e irmãos
Uma mulher abençoada, respeitada e exaltada
Pelo seu marido há 40 anos, meu pai ela é muito amada
Veio ao mundo e quando se for a certeza que terei, esteja eu onde estiver é que sua missão se cumpriu
Cuidou de um rebento nos braços de quando nasceu até quando a doença a consumiu
Mas mesmo assim se mantém forte que nem uma leoa
Dias bons, dias ruins, dias piores
Oro sempre para que essa dor melhore
Ela segue a vida resignada
Seu riso já não é mais frouxo
Poucas coisas a fazem bem como o orgulho daquele moço
Meu irmão que agora é cuidador por profissão ocupa o lugar da minha mana que ela cuidou até então
Eu também cuido de longe nas preces e nas horas faladas
Por telefone e nas videos chamadas
Minha mãe, minha mãezinha
Que me ama e socorre a cada queda minha
Antes o dodói sarava com um beijinho e merthiolate
Agora as feridas da vida doem no coração e machucam na alma
A cura é terapia e chocolate
O meu remédio são seus ensinamentos no exemplo nas palavras
Deveria ter prestado mais atenção nas entrelinhas
Cada crítica ou reclamação que antes via como chateação
Hoje olho para trás e vejo como orientação
Agradeço por tudo e espero um dia poder retribuir
O Imenso amor e carinho que ela tem por mim.
Apenas uma frase muda uma história. Maria do Carmo Boaventura, minha avó, era filha de Pedro Camilo de Castro e Albina Gonçalves Boaventura, fruto de uma relação frustrante. José de Castro, tio de minha avó, deixou meu bisavô fazer uma bela casa nas terras dele. Com o voto de confiança que Pedro Camilo tinha pelo irmão, não desconfiava da inveja que o mesmo poderia ter. Ao conversar com o irmão José de Castro, houve informação falsa e enganosa e, logo após a conversa, brotou muita desconfiança de traição da parte de minha bisavó. Depois de uma fofoca sem provas concretas, o casal teve um destino difícil, traumatizante, principalmente para minha avó, que era um bebê e precisava dos pais juntos para ter uma história mais próxima da felicidade.
Maria do Carmo Boaventura nasceu em Capelinha do Chumbo. A parteira era vizinha da família. O método do parto era bem rude; não havia hospitais próximos, e tudo se resolvia com as parteiras amigas. Albina ficou morando lá na nova casa 1 ano e 6 meses; a partir daí, suas vidas tiveram um rumo muito triste.
Pedro Camilo de Castro separou-se de Albina Gonçalves Boaventura. Minha querida bisavó implorou para que isso não acontecesse. Houve gritos e desespero, mas não foi possível controlar a situação. A fofoca diabólica do irmão foi o início da mudança da história de um anjinho. O marido disse que se separariam, mas havia uma condição: sua filha iria junto. Afirmou, também, que a traição é inadmissível. Ela exclamava bem alto que ele tinha de acreditar nela, que o amava e só tinha olhos para ele, que era incapaz de traí-lo e só ficava em casa lavando roupas e cuidando da filha. Por fim, disse que até poderia morrer. Minha avó beijava sua mãe, chorava muito. A pouca vizinhança ouvia a discussão com pena da situação. Vovó grudava na minha bisavó, mas, mesmo assim, meu bisavô, um homem rude, seguiu em frente. Tomou minha avó pelos braços, entrou na casa, depois foi embora, tomando rumo ignorado. Entregou a chave da casa para o irmão, pegou minha avó e desapareceram daquele lugar. Sem saber o que fazer, os dois perambulavam no sol escaldante. Passaram perto de um casarão, entraram num portão. Havia um corredor de árvores, uma passagem muito fresca, com ventinho agradável. Avistou Palminda sentada no alpendre. Aproximaram-se, minha avó enrolada num pano branco. Ele pediu água e deu a minha avó um pouquinho do líquido. Palminda encantou-se com o bebê, e meu bisavô perguntou se poderiam ficar, tentando resolver a situação em que se encontravam. Palminda aceitou. Quando meu bisavô Pedro Camilo voltou para buscar a filha, esta já estava chamando Palminda de mãe. Admirado com os bons tratos, resolveu doar a filha para o casal de idosos Joaquim Sebastião Borges e Palminda da Fonseca. Joaquim é avô de José Leandro Borges. Maria do Carmo familiarizou-se muito rápido com a nova família, pois lá estavam a Dona Ana, sua irmã de criação, e meu avô morando no mesmo teto. Vovô e vovó, encantados, começaram a namorar e casaram-se bem jovens, ela com 14 anos, ele com 18 anos. Meus trisavós apoiaram o romance. Namoraram por 3 anos e ficaram noivos. O trisavô prometeu uma festa de arromba. Cumprindo o prometido, matou 1 boi, 1 porco, 8 galinhas, fez galinhada, tutu, pelotas, sucos de limão e laranja, pinga alambicada, contratou um sanfoneiro animado que tocava sanfona e cantava música raiz. Houve muito arrasta-pé. Foram convidadas muitas pessoas amigas da família e parentes. Na hora da festa, os padrinhos de casamento venderam a gravata e arrecadaram uma grana boa. Para ficar mais completa a colaboração, o trisavô deu uma fazenda para os jovens casados começarem a vida, na localidade de Peroba, município de Lagoa Formosa. Logo depois de um ano de casados, tiveram a primeira filha, que recebeu o nome de Maria Borges. Alguns anos depois, nasceram Eva Borges, Pedro Leandro de Castro e, por fim, Madalena Borges. Com o passar do tempo, morreram prematuramente seis filhos.
O ofício de costureira de minha avó ajudou seu esposo, José Leandro Borges, a criar a família. Nas décadas de 60, 70 e 80, ela decidiu trabalhar na área de costura. Havia muito trabalho em Patos de Minas, pois eram poucas as costureiras. Os clientes eram muito fiéis. Uns vinham de Lagoa Formosa para a feitura de ternos, vestidos, calças de brim, boinas, etc. Depois de 30 anos de trabalho, uma catarata afetou minha avó, e tiveram de reduzir os serviços. Madalena teve uma infância harmoniosa com os irmãos mais velhos. A diferença de idade da irmã mais velha, Maria Borges, é de 20 anos. Toda vez que os irmãos iam à casa de meus avós, encontravam as mulheres costurando e gostavam muito disso. Sebastião saía e comprava pães, balinhas e picolés para os sobrinhos; era uma festança. Pegava-se água da cisterna para fazer café. O bom de prosa Juca Sertório chamava todos os filhos para se sentarem à mesa que ficava na varanda no fundo da casa, em frente ao pomar de frutas, o galinheiro e o viveiro de mudas. Ali saíam assuntos maravilhosos do tempo da vida em Lagoa Formosa, do empreendimento do viveiro de mudas, da venda de muitos caminhões de café e eucalipto. Naquele dia, depois de vovó preparar o café, colocava na mesa pães de queijo, biscoitos, roscas caseiras. No momento da prosa, sugeriu-se que José Carrilho e o primo Itamar de Castro tomassem conta de uma mercearia que meu avô montaria para os dois netos. Antes do fim da proposta, os dois netos pulavam de alegria. José Carrilho, que tinha a doutrina cristã e pensava em ser frade, gritou: “O nome da mercearia será ‘São Pedro’, do qual vovó é devota”. Todos apoiaram a sugestão. Minha avó olhou para as netas Eni e Maria Luzia, que tinham desejo de morar com os avós. Elas receberam esse convite e o aceitaram. Para mostrar gratidão, todos os dias as netas lavavam a casa, arrumavam as camas dos avós, tratavam das galinhas. E não ficou só nisso. Outros dois netos, Netinho e Ernane, foram convidados a garimpar nos rios Abaeté e Paranaíba. Arnaldo contraiu reumatismo juvenil e ficou com sequelas nas articulações, por isso não podia participar dos convites junto com os irmãos; estava internado fazendo tratamento e todos orando por ele.
Minha mãe, Madalena, gosta de frisar com orgulho que nasceu em Lagoa Formosa, sua terra querida, cheia de natureza e pessoas simpáticas, hospitaleira, onde morou por onze anos e teve vários amigos, que faziam parte de seu cotidiano. A casa era feita de adobe grande e cheia de gente da família. Madalena, as amigas vizinhas e os primos iam para o quintal comer frutas, brincar de casinha, pique, esconder, amarelinha, elástico e criar bonecas de espiga de milho para brincar, aproveitando para aprender a fazer trancinhas nas espigas de milho.
E no quintal de 3 mil metros quadrados, no centro da cidade, com pomar de frutas, horta e muitos pássaros, minha avó fazia biscoitos em um forno feito de barro, pães de queijo, biscoitos de espremer, cultura esta que, com o tempo, foi ficando mais escassa e sendo substituída por moradias verticais, concretos e por tecnologia.
Em 1959, período em que o País vivia sob pressão da ditadura militar, Madalena estudou nas Escolas Normal e Professor Sílvio de Marcos; esta pertencia à Penha e hoje é o Colégio Tiradentes. Nas escolas havia regras; as alunas eram obrigadas a ir à escola de uniformes padronizados; tinham que usar boinas, meias brancas, sapatinhos e saia pretos, camisas brancas, gola marinheiro muito bem passada. A sala muito cheirosa, as meninas iam bem perfumadas. Durante a juventude, curtiu muito com os amigos. Gostava de frequentar a Recreativa e o Social, ir aos cinemas Garza e Riviera. Os jovens trajavam terno e gravatas, e as meninas, vestidos sociais, enfeitados de pérolas, os quais eram confeccionados por Madalena e pela mãe dela. Naquela época não se viam mulheres andando de calça feminina, comprida: era chamada de eslaque. Com 22 anos, Madalena conheceu o Lázaro, na Recreativa. Os bailes eram bem clássicos, com o som de umas bandas de Brasília, os Asteroides, banda patense que tocava Beatles, Elvis, Mutantes, Geraldo Vandré e outras músicas contemporâneas. Época do vaivém, em que os homens faziam um corredor no passeio, e as mulheres passavam de braços dados umas com as outras. O vaivém ia da General Osório à Olegário Maciel. Os postes de iluminação localizavam-se no meio das ruas. Os veículos tinham de desviar-se dos postes, pedestres e ciclistas. As motos mais sofisticadas eram as lambretas.
Lázaro andava de garupa com o amigo Dão, ambos de terno e gravata, curtindo a noite na pacata Patos de Minas.
O flagelo da perda de uma mãe é um pesadelo eterno, e o desprazer de nunca ter sentido o calor de uma mãe é estar em um Ártico Polar
Fábio Alves Borges
Estou tão triste com a minha filha. Não entendo de onde ela tirou essas atitudes. Tenho certeza que essa não foi a educação que eu dei a ela. É muito triste ver a pessoa a quem você se dedicou a maior parte da vida simplesmente te dar as costas, sem nem uma satisfação. Queria muito saber onde foi que eu errei.
Meu coração está despedaçado. Por que você está agindo assim, minha filha? O que a sua mãe te fez pra merecer esse tratamento? Queria tanto que tudo voltasse a ser como era antes. Eu te amo demais, minha filha! Espero que a gente consiga se resolver e que voltemos a ser as grandes amigas que já fomos.
Triste demais com a minha filha. Depois de tudo o que eu fiz, de tudo que abri mão para vê-la saudável e feliz… Mas é assim mesmo. Quando a gente ama, fazemos as coisas sem esperar nada em troca. E eu faria tudo de novo, filha, mesmo tendo como retorno a sua ingratidão.
Estou magoada demais com a minha filha. Não consigo entender como ela não percebe que só me machuca com certas atitudes. E o pior é quando ela acha que está coberta de razão. Fazer o quê? Às vezes, só nos resta aceitar, mesmo que isso parta o nosso coração.
É difícil relevar. É difícil deixar pra lá. Minha filha me magoou tanto. Acho que às vezes os filhos esquecem que, atrás da mãe que ampara e que ajuda, tem um ser humano. E que há certas atitudes que nos deixam muito tristes, com o coração despedaçado. Mas sigo em frente. Tenho fé em Deus que as coisas vão se resolver.
O que eu estou passando não desejo para nenhuma mãe. Ser tratada com tanto descaso pela minha filha parte meu coração. E o pior é que eu nem sei o que eu fiz pra ser tratada dessa forma. Minha filha, o que aconteceu? Por que está tratando a sua mãe assim?
Hoje a minha filha se batiza e inicia sua jornada na vida cristã. Permita que Deus te guie e que Ele seja seu farol por toda a vida.
Minha filha querida, estamos na contagem regressiva para o seu aniversário! Mais um ano cheio de novas oportunidades na sua vida! Que Deus continue te dando muita saúde e sabedoria para ir atrás dos seus sonhos. Saiba que, onde eu estiver, estarei sempre torcendo por você. Sempre!