Para Falar de Si Mesmo
Por minha própria natureza, não estou longe da dúvida mesmo sobre as coisas consideradas indubitáveis.
É uma grande tolice o «conhece-te a ti mesmo» da filosofia grega. Não conheceremos nunca nem a nós nem aos outros. Mas não se trata disso. Criar o mundo é menos impossível do que explicá-lo.
A morte não é um mal: porque liberta o homem de todos os males, e ao mesmo tempo que os bens tira-lhe os desejos. A velhice é o pior dos males: porque priva o homem de todos os prazeres, deixando-lhe deles todos os apetites; e traz consigo todas as dores. Não obstante, os homens temem a morte e desejam a velhice.
Educação não é o quanto você tem guardado na memória, nem mesmo o quanto você sabe. É ser capaz de diferenciar entre o que você sabe e o que você não sabe.
O público compra opiniões do mesmo modo que compra a carne ou o leite, partindo do princípio de que custa menos fazer isso do que manter uma vaca. É verdade, mas é mais provável que o leite seja aguado.
Os grandes homens são maiores na recordação do que ao natural. Aquilo que vimos neles é, ao mesmo tempo, o seu melhor e o melhor de nós próprios.
Compra não o que consideras oportuno, mas o que te falta; o supérfluo é caro, mesmo que custe apenas um soldo.
Eu lembro a mim mesmo toda manhã: nada que eu disser neste dia me ensinará coisa alguma. Portanto se eu pretendo aprender, devo fazê-lo através de ouvir.
Em pintura pode-se experimentar tudo. Tem-se mesmo esse direito. Com a condição de nunca se recomeçar.