Pálida
Eu me acostumei com paredes pálidas, quartos enfeitados com fantasmas, pessoas de almas pálidas, podem ser meus olhos, mas não há graça nas pessoas, em sua maioria, são vazias.
Me acostumei com salas vastas, e vazias, sem objetos, não há o que eu possa colocar para manter o ambiente confortável, então me acostumei com o amplo vazio.
Comecei a evitar conversas sem graça, sem sentido, cansativas de suportar, tediosas.
Sempre escutando músicas que torturam minha mente, talvez seja um um belo jeito de tortura, ouvir algo que te deixa triste de um jeito tão magnífico.
Escrever se tornou um fardo, textos que para mim, não há grandes emoções, sempre profundos nessa sensação de solidão.
Sempre evito falar sobre mim mesmo, descobri que evitar nosso próprio reflexo nos faz menos entediante pra nós mesmos, afinal sempre sabemos quem somos, e escrevemos apenas para aquele leitor que escolhemos confiar nossos mais profundos pensamentos sobre nós mesmos.
Sempre trocando os sonhos por pesadelos, não porque assustam, mas porque são tão conhecidos que chegam e pesar nosso sono.
A lua sempre tem a companhia das estrelas, porque ela é sempre triste, então por que o sol está sempre sozinho no nosso campo de visão, se é ele que ilumina a todos?
Flores Murchas
Desmaiadas na vida
Pálidas desabrochadas
As cores de partida
As pétalas cansadas
Ainda com viço
Afadigadas...
Murchas flores
Flores murchas
Tristes louvores
Versadas...
De perfume postiço
E as forças exiladas
Feitiço
Da existência traçadas
Do fado mortiço
De inevitáveis jornadas
Murchas flores
Flores murchas
Tristes louvores
Desenganadas...
Perfazendo o curso
Revoadas
Incurso...
Flores murchas
Murchas flores
Tristes louvores
Encantadas!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 dezembro, 2022, 18’52” – Araguari, MG
Versão musical para o poema “Flores Murchas”
Flores murchas
Desmaiadas na vida
Pálidas desabrochadas
As cores de partida
As pétalas cansadas
Ainda com viço
Afadigadas
De perfume postiço
E as forças exiladas
Feitiço
Da existência traçadas
Do fado mortiço
De inevitáveis jornadas
Perfazendo o curso
Revoadas
Incurso
Flores murchas, encantadas!
Os sonhos do poeta se escondem entre as pálidas linhas do caderno,
em cada palavra registrada repousa soberano o sentimento do mundo.
Valnia Véras
A rapinha da garrafa.
Dois dedos translúcidos
mergulhados em energéticas bolhas
douradas.
E já, já seguirei
o habitual caminho do prazer.
Os balcões dos bares costumeiros
aguardam pelo cuidadoso atracar
do meu cotovelo esquerdo.
Lá vou eu, já vou eu
colorir meus olhos marrons
com o brilho ensurdecedor da multidão
vazia.
Procurarei princesas pálidas,
ou cervejas gélidas,
ou a saciedade gordurosa
de um x bacon.
Perdi-me no tempo sem volta.
Sem volta perdi-me no tempo.
Páginas em branco desta dor.
Sentida sem perfil, sem aroma.
Crepúsculo de lírios perfumados.
Lágrimas pálidas, gotas sem destino.
Sem caminho na penumbra de uma sombra.
Plagiam os sonhos, com um pacto de morte.
Cicatrizes de uma página em branco costurada!
E nas noites cinzentas aprendemos o valor que resta no brilho do sorriso sincero e nas tímidas cores que não nos empalidecem
A LUZ DO POETA
Na silenciosa escuridão, resta solitária uma pálida lua vigiando os portões da noite. De longe um coração descontrolado chora aos soluços por uma desilusão, afogando o pranto em pensamentos que cheiram a álcool e nicotina.
Na velha janela, do mesmo quarto da pensão de quinta, a caneta e o papel são os velhos companheiros da agonia. Contadores da dor e do amor, deles nascem palavras chorosas que contam experiências de um platonismo de dar pena.
O poeta, então, recluso e trespassado pela realidade encontra forças sabe-se de onde e arde como uma estrela em plena revolução nuclear. Subitamente, a pena apaixona-se pelo papel envelhecido e tudo é luz. Anjos e Deuses sopram flores, sonhos e amores e no minuto seguinte colhem os mais belos versos.
A mágica se fez. A Luz interminável do poeta fecundou a realidade mais uma vez, transformando a poderosa escuridão na luz das estrelas.
A morte pálida com medo agudo deveria fazer as cavernas do oceano nossa cama, Deus que escuta as grandes ondas, permita que salve as nossas almas suplicantes.
Só a Graça Divina pode nos conceder sentir o verdadeiro amor, do qual o amor que conhecemos ordinariamente é uma pálida sombra
PÁLIDA À LUZ DA SOLIDÃO SOMBRIA
Pálida à luz da solidão sombria
como a dor na alma dilacerada
sobre o leito de ilusão reclinada
a amargura e uma paixão fria
A satisfação que na perca jazia
e pela melancolia era embalada
a ruína e alegria embalsamada
no desprezo e, na beira dormia
Prantos, e as noites palpitando
gosto amargo no peito abrindo
os olhos esverdeados chorando
Não rias de mim, sentir infindo:
por ti – o amor busquei amando
por ti – na teimosia eu vou indo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro, 2020 – Triângulo Mineiro
Eu olho pra ti e, cara, eu piro. Piro nessa cara pálida, na covinha no queixo e na falta de barba. Piro na tua boca em formato de coração... será que o beijo é tão gostoso quanto eu imagino?
Piro nos teus olhos, eles têm uma cor que eu ainda não sei exatamente qual é, mas gosto mesmo assim.
Cara, eu piro na tua pele bem branquinha em contraste com teu cabelo. Dá vontade de morder, de beijar, de deixar um rastro arroxeado no teu pescoço, teu peito e teus ombros. Morro de vontade de te abraçar e fazer cafuné nesse cabelo escuro como noite sem luar, de fazer uma massagem nos teus ombros e aproveitar para fazer cócegas, quem sabe assim você se rende e para de fazer essa cara de sério.
Você é poesia pura. E todos sabem da minha paixão por tudo que envolve literatura.
Minha força flui quando a pálida lua emergi no céu sombrio; não tenho medo nem da penumbra e nem dos seres que se esgueiram nas sombras, pois eu também sou um deles.
Espaços vazios...
Pálida é a paisagem que dos olhos se distancia.
Nau à deriva, chama sem vida: geleiras de um coração que desaprendeu o amor...
Na pequenez de mim te espelhaste...
Não vês? Tampouco sentes?
Na noite pálida e solitária, fica apenas marcado a lua que já se foi
No meu coração amoroso e solitário, fica apenas a marca desse amor que sindo por ti.
Sei que estou pensando o impossível, mas não importa
Só quero continuar te amando e te adorando no silêncio
Sei que na vida o meu e o seu jamais será o nosso amor
mas todos tem um sonho, e o meu é você
Pequena.
Seus cabelos e olhos já não brilham mais
Sua boca está seca
Em sua pele pálida marcam os ossos
Em suas mãos um lenço branco
Para enxugar as lágrimas que já não caem mais.
— Eu não quero estar sempre com a pele pálida e olhos inchados.
— Só por um sorriso no rosto que tudo dá certo.
— Também não quero. Eu costumava usar esse sorriso quando queria enganar a minha tristeza. Perda de tempo. Não se engana a tristeza.
— O que tu queres então?
— Quero ser feliz.
— O que te impede?
— Você.
— Eu? Por quê?
— Não dá.
— Não dá o que?
— Pra ser feliz…
— Por quê?
— Não sem ter você…
Silêncio.