Palavra Sábia
Metade do mundo ri da outra metade, e ambas são tolas
Dependendo da opinião, ou tudo é bom, ou tudo é ruim. Aquilo que uns perseguem outros evitam. Por isso, quem deseja regular tudo segundo seu critério é um tolo insuportável. A perfeição não depende de uma única opinião: os gostos são tantos quantos os rostos, e igualmente variados. Não existe defeito que não seja apreciado por alguém. Não desanime se algumas coisas não agradam a uns, pois não vão faltar outros que as apreciem. O aplauso também não deve ser motivo de orgulho, porque sempre vão existir condenações. A regra para a verdadeira satisfação é a aprovação das pessoas conceituadas, que tem voz e voto nessas matérias. Não se vive de um só critério, nem de um só costume, nem de um só século.
Na arte da dúvida cultive o conhecimento e você chegará à sabedoria, mas só chegará. Para relacionar-se com ela, continue duvidando.
A sabedoria é a esposa do silêncio, o conhecimento e a obediência são os seus filhos mais velhos. Essa família vive em lealdade.
Mas o problema é que você, meu caro, nunca saberá nem eu lhe poderei nunca dizer como se traduz, em mim, aquilo que você me disse. Não falou turco, não. Eu e você usamos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias? (...) Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido. Pensávamos que nos entendíamos; de facto, não nos entendemos...
(in "Um, Ninguém e Cem Mil")
Vejo tanta gente insatisfeita, que só sabe reclamar do que não se tem. Na verdade não sabe nem o que procura. Antes de se cobrar alguma coisa, pense no que se quer primeiro. Quem não sabe o que procura, dificilmente entende e consegue notar o que encontra.
Cansei de chorar por você, sabe, cansei de sofrer por você. Mas o pior é que mesmo após tudo eu ainda te amo.
Difícil e doloroso é sentir-se vazio ou incompleto, mas ao mesmo tempo saber que ainda não existe espaço para complementos.
[...] Disse então a Sabedoria aos mortais: na arte da dúvida cultive o conhecimento e assim chegaram a mim, contudo, continuem duvidando.
E disse mais a Sabedoria aos mortais: Em verdade vos digo que é difícil assentar-se à minha mesa a certeza que vos tem.
E, outra vez vos digo, é mais fácil que eu me assente com a dúvida que os pressionam do que com a certeza que os enganam e os conformam. [...]
O Socorro Contra as Nossas Perdas
O verdadeiro bem — a sabedoria e a virtude — é seguro e eterno; é este bem, aliás, a única coisa imortal que é concedida aos mortais. Estes, porém, são tão falhos, tão esquecidos do caminho que seguem, do termo para que cada dia os vai arrastando que se admiram quando perdem alguma coisa — eles que, mais tarde ou mais cedo, hão-de perder tudo! Tudo aquilo de que és considerado dono está à tua mão, mas sem ser verdadeiramente teu; um ser instável nada possui de estável, um ser efémero nada possui de eterno e indestrutível. Perder é tão inevitável como morrer; se bem a entendermos, esta verdade é uma consolação para nós. Perde, pois, imperturbavelmente: tudo um dia morrerá. Que socorro podemos conseguir contra todas as nossas perdas? Apenas isto: guardemos na memória as coisas que perdemos sem deixar que o proveito que delas tiramos desapareça também com elas. Podemos ser privados de as possuir, nunca de as ter possuído. É extremamente ingrato quem pensa que já nada deve porque perdeu o empréstimo! O acaso privou-nos do objecto, mas deixou em nós o uso e proveito que dele tiramos, e que nós deixamos esquecer pelo perverso desejo de continuar a possuí-lo!
La vida sería imposible si todo se recordase. El secreto está en saber elegir lo que debe olvidarse.
Quem nunca tomou porre de tequila não sabe o que é ser fluente em espanhol sem nunca ter feito curso...
Você se torna amigo de alguém sem saber ou se preocupar se ele é casado ou solteiro ou como ganha a vida. O que todas essas “coisas desprezíveis e rotineiras” têm a ver com a pergunta real: “Você vê a mesma verdade?” Num círculo de amigos verdadeiros cada homem é simplesmente o que é: não representa nada além dele mesmo. Ninguém se importa absolutamente com a família, profissão, classe social, renda, raça ou história prévia do outro. Você irá naturalmente ficar sabendo sobre a maior parte dessas coisas no final, mas casualmente. Elas virão aos poucos, para fornecer um exemplo
ou uma analogia, para servir de ganchos para uma anedota,
mas nunca por si mesmas. Essa a realeza da amizade.
(Os quatro amores)
Amor é amizade, é companheirismo, é lealdade, é ajuda. Amor é saber pensar no que é melhor para você e para o outro. Amor é tentar pensar antes de falar para não brigar. Amor é refletir antes de tomar uma atitude para não magoar ninguém. Amor é respeitar a pessoa como você queria que ela te respeitasse, é falar com pessoa como queria que ela te falasse, é não fazer uma coisa que você não gostaria que te fizesse.
Amor é na alegria e na tristeza. Mas não adianta só uma pessoa fazer isso, não adianta amar e não ser amado de volta, não adianta se sacrificar por alguém se ele não se sacrificaria por você. O amor quando não é retribuído e não é correspondido da mesma maneira cansa, desgasta. É como eu digo: não adianta sofrer, amar, lutar e fazer para alguém o que ele não faria por você do mesmo jeito que não adianta você colocar fichas em um brinquedo quebrado, não vai dar certo, não vai funcionar.