Palavra Pedra
ACEITAÇÃO
Pequena palavra, grande aprendizado!
Às vezes é muito difícil aceitarmos algumas coisas que acontecem em nossas vidas, coisas que não concordamos, que não desejamos, que não esperamos. São coisas que nos deixam com sentimento de impotência perante algo que queremos mudar, mas não podemos. Coisas que nos deixam triste. Perdas, dores, desamores... Tudo aquilo que nos decepciona e desanima, que nos torna fracos e inseguros durante um certo período, e cada um tem seu tempo. Tempo de superação e aceitação de todas as coisas inevitáveis.
Andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro (a) mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O nunca mais de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter nunca mais quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: never.
Eu te perdoo pela palavra não dita
Refugiada na solidão dos teus lábios
Entre os beijos que amordaçaste
Eu te perdoo pelo carinho adiado
Tatuado na insônia do teu corpo
Entre os sonhos que não dormiste
Eu te perdoo pelo olhar aflito
Desenhado no deserto do teu rosto
Entre os gritos de silêncio que guardaste
Eu te perdoo pelo abraço apenas imaginado
Sonâmbulo a ansiar o calor dos meus braços
Entre os luares que teus olhos apagaram
Eu te perdoo por sufocares teus desejos
Exilando-os na penumbra do teu coração
Entre os invernos perenes da tua alma
Eu te perdoo pelas vezes que te esperei
Quando teus passos emudeceram
Entre as fronteiras dos teus limites
Eu te perdoo pela tua renúncia
Por amontoares teus sonhos em gavetas
Entre tantos outros estilhaçados pelo tempo
Eu te perdoo por te perderes de mim...
Nocturnamente
Nocturnamente te construo
para que sejas palavra do meu corpo
Peito que em mim respira
olhar em que me despojo
na rouquidão da tua carne
me inicio
me anuncio
e me denuncio
Sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces
Se me queres fora da tua vida,a palavra que lhe digo é adeus.O que mais poderia lhe dizer,se me queres fora da tua vida?
A palavra é no comércio dos pensamentos o que o dinheiro é no comércio das mercadorias, a real expressão dos valores, porque, em si mesma, é um valor.
Quanto se enganam aqueles que a cada palavra citam o exemplo dos romanos! Seria necessário existir uma cidade organizada como era a deles e depois ser governada segundo o seu exemplo; para aqueles que se encontram noutra situação e com qualidades bem diferentes, tal fato é tão desproporcionado quanto seria o de querer que um asno corresse como um cavalo.
O mais profundo duma palavra é o que há nela de sagrado. Deus tê-la-á dessacralizado quando com ela criou o mundo. Mas nós sacralizamo-la de novo quando o recriamos com ela.