Paixões

Quem pretende destruir as paixões, em vez de as regular, quer fingir-se inocente.

Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões.

As paixões, quando mandam em nós, são vícios.

É um grande engano pensar que o homem mediano só tem paixões medianas.

Todas as paixões passam e se apagam, exceto as mais antigas, aquelas da infância.

As nossas paixões são os principais instrumentos da nossa conservação.

Dominam-se mais facilmente os povos excitando as suas paixões do que cuidando dos seus interesses.

Na realidade, talvez não exista nenhuma de nossas paixões naturais tão difícil de subjugar como o orgulho. Disfarce-o, lute com ele, derrube-o, sufoque-o, humilhe-o tanto quanto desejar, e ele ainda está vivo, e aparecerá de vez em quando e se mostrará.

A ambição de poder é a mais forte de todas as paixões.

Respeitamos a razão, mas gostamos das nossas paixões.

Não há nada como as paixões e as grandes paixões para elevar a alma às coisas grandes.

Mudamos de paixões, mas não vivemos sem elas.

Não há escravidão pior que a dos vícios e das paixões.

A ambição é, entre todas as paixões humanas, a mais ferina nas suas aspirações e a mais desenfreada nas suas cobiças e, todavia, a mais astuta no intento e a mais ardilosa nos planos.

Todas as paixões são vencíveis.

As paixões perdoam tão pouco quanto as leis humanas, e raciocinam com mais justeza: não se apoiam elas numa consciência que lhes é própria, infalível como o é um instinto?

Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma. As paixões são como ventanias que enfunam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas.

Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto.

Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade.

Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como os outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar das fontes igual à deles;
e era outro o canto, que acordava
o coração de alegria
Tudo o que amei, amei sozinho.