Paisagem
Para além dos elementos visuais e sensações que a constituem a partir de um certo olhar, a paisagem geográfica - ou a percepção geográfica da paisagem - depende simultaneamente de um ponto de vista, de um tema de acesso e de um modo de busca. Se o lugar do observador e a escala de observação conformam instâncias constitutivas fundamentais da paisagem, esta depende ainda de uma temática de acesso e de um modo de busca.
Há um olhar que busca na paisagem as marcas da violência social – material ou simbólica – e que irá procurar os sinais de segregação, a hierarquização espacial da riqueza e da miséria, as tecnologias de segurança, os dispositivos sociais de controle, as cercas e portais que impedem ou franqueiam acesso aos diversos tipos e grupos sociais. Para este olhar, os cartazes que se perfilam na avenida denunciam as tentativas de controlar as tendências de consumo, bem como os artifícios da manipulação política. Há outro olhar que perscruta os estilos arquitetônicos, a história das fachadas, dos adornos e das epígrafes. E, assim, há muitos olhares, cada qual partindo de sua temática de acesso, de modo que não se contempla a paisagem simplesmente, mas nela se busca algo, ao mesmo tempo em que é esta mesma busca que a constitui.
O que se procura com o olhar – a natureza que se enlaça aos artifícios construídos pelos homens, as marcas da produção ou a curiosa ‘história em mosaico’ das tecnologias que se superpõem umas às outras, entre tantos e tantos temas de busca – eis aqui uma instância definidora da paisagem, considerando que esta não pode ser examinada com mera neutralidade, como uma totalidade inerte que já tem tudo ou nada a dizer. Há o que se busca, mas também o modo de busca: o olhar paciente e atento dos botânicos e biólogos, o olhar recriador do artista ou o olhar inquiridor dos cientistas sociais. O policial que investiga o crime.
Cada modo de busca, mais rápido ou lento, detalhista ou generalista, permite que sejam vistas algumas coisas e não outras, que sejam recriados de uma certa maneira os elementos que se combinarão para configurar esta totalidade que se dá a perceber como paisagem. O ponto de vista, a escala, o tema de acesso e o modo de busca, portanto, constituem um primeiro conjunto de chaves requeridas para adentrar o fascinante mundo da paisagem.
[trecho extraído de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p.57]
[DIVERSIDADE NA PERCEPÇÃO DAS PAISAGENS]
Há uma paisagem da guerra, da miséria, da fome, do medo, das classes sociais em luta, da religiosidade, do lazer, da tecnologia, da moda, dos estilos arquitetônicos, do controle disciplinar, do poder midiático que se espraia sobre uma região e aí estabelece seu domínio e práticas manipuladoras sobre a população local. Estas diversas paisagens referentes a extratos específicos de problemas, ou a instâncias singulares da realidade, às vezes são perceptíveis espontaneamente, outras vezes não
[extraído de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p.56].
[A PAISAGEM NO ESPAÇO-TEMPO]
Neste momento, contemplo uma paisagem. Há uma pedra no caminho (subitamente me lembro do poema). Ela é antiga como a Terra, mas isso no momento não importa. De qualquer maneira, é bruta, jamais trabalhada pelos homens de qualquer tribo ou civilização, Atraído pelo ruído suave das águas (ou terei imaginado isto?), meu olhar volta-se subitamente para o pequeno rio urbano, canalizado em meados do século XIX. O encanamento, contudo, já era naquele momento a substituição de um outro, construído vinte e oito anos antes (cheguei a ler o documento que registra o primeiro plano de captação, em um velho arquivo público). A atual calha que contém o traçado do rio, para evitar pequenas enchentes nos dias chuvosos, ali está desde meados do século XX, mas sofreu reparos recentes, por causa das olimpíadas de 2016.
O rio tinha seu nome tupi-guarani por causa dos papagaios que nele vinham se alimentar desde os séculos anteriores, mas a poluição das últimas décadas do século XX já os afastou há muito. Todavia, foram substituídos por aquelas garças, de dieta alimentar menos exigente, que vivem em um zoológico mais distante. Há uma árvore, duas, três, e mais, nas suas margens, sendo que cada uma tem uma idade diferente. Cada uma delas canta a sua própria imponência, na minha imaginação. Mas sou despertado deste devaneio por um outro ruído, este de verdade. É um rolar maquinal, que adentra a paisagem sonora como uma dissonância. A muitos e muitos passos do rio, há uma abertura para o chão. O metrô tem 25 anos, mas aquela estação foi agregada há apenas três anos, e agora oferece aos passantes a sua entrada. Entre ela e o rio enfileiram-se edifícios de diversas idades, de cada lado da rua asfaltada (com exceção de um curioso trecho de paralelepípedos, talvez esquecido pelas últimas administrações públicas).
Há também uma casa muito antiga, do início do século passado. Terá sido tombada? Sobrevive. Alguns automóveis, há muito eu não via um opala, movimentam-se discretamente na rua de mão única. Formam um pequeno fluxo. Seguem por ali, em meia velocidade, e logo vão desaparecer sem deixar vestígios. Por enquanto, todavia, fazem parte do acorde visual da paisagem. Registrei tudo, em minhas anotações. Mas agora me dirijo ao Metrô.
Ao entrar naquela estrutura moderna, que por sobre trilhos me conduzirá através de um conduto contemporâneo tão bem incrustado em uma pedra de milhões de anos, anterior ao surgimento da própria vida sobre a Terra, espero chegar em vinte minutos ao centro da cidade. Ali, naquela alternância de avenidas asfaltadas e ruas estreitas, por vezes talhadas em paralelepípedos, novos acordes de espaço-tempo me esperam. Sem ânsia maior de me mostrar a superposição de cidades que escondem e revelam, eles me indagarão, como se ressoassem do fundo de um verso: “Trouxeste a chave”? A todos perguntam a mesma coisa, indiferentes à resposta que lhe derem .
Já me demoro demais. Andar pelo espaço é viajar pelo o tempo. Retorno, será mais seguro, à reflexão histórico-geográfica
[extraído de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p. 59-60]
Melhor que observar uma bela paisagem é conquistar a sua!
O que deseja? Conquiste e depois observe.
"Observando a paisagem
e o pensamento
em ti"
*
Fugi do barulho
e me escondi aqui,
peguei um atalho
e fui...
*
Ninguém percebeu minha falta,
amo me aconselhar com os céus,
eles me abrem as portas
e janelas
do coração 💓
*
Lembrei dos teus versos,
eles dizem coisas
que recolho
e acolho
ao meu interior,
seria amor,
meu pensamento pergunta,
mas e se não for!?
*
Ah, continuo na expectativa,
quem sabe na eternidade
uma esperança viva
venha me abraçar e dizer
vai acontecer...
*
Espera
não desespera!
"A esperança
é semente
que germina e brota novamente."
*
🌹
<<<Francisca Lucas>>>
Uma boa dose de humor, um bom tanto de cara de paisagem e um " vou é ser feliz". Na maioria das vezes basta só isso para dissipar o mau estar causado por pessoas sem noção.
Nos caminhos dos frios, a paisagem se transforma em um manto de serenidade, onde cada passo é um encontro com a beleza gélida da natureza.
(...) um homem cuja única paisagem são as quatro paredes de uma cela, agoniado sob o peso do que fez em nome de princípios que outros conceberam e ele, obediente, ingênuo, adotou.
"A vida é como uma paisagem vasta e diversificada, onde cada perspectiva oferece uma nova paisagem para explorar. Ao abraçarmos diferentes pontos de vista, expandimos nossos horizontes e enriquecemos nossa jornada com uma variedade de experiências e aprendizados."
Raphael Denizart
Vejo muito mato e vários morros.
O prisma: o mais lindo
A paisagem me deixa funcional
E por onde quer que eu olhe:
Mato e morro
O verde me aconchega,
O mar, inspira
O inóspito
E há mais mato e mais morro
A quintessência, alvíssara
O inócuo e às vezes modorrento
O cuntatório,
Mato e morro
Até encegueirava
O ósculo
Mas, nitificou
Aquilo que era recôndito
Era mato e era morro
Agora,
Vejo que você também me inspira
Minha quimera
E eu
Mato e morro
Por você.
Ela gosta de apreciar a paisagem como quem admira uma obra de arte. Sabe que o mundo não é perfeito, mas sempre que possível, escolhe trilhar o caminho mais bonito...
A cultura e a paisagem são belo de se ver,
preservar, registrar, memorizar...
As cores, as praias, os aromas e, as praças...
Mas, e o lado feio?
O feio precisa ser enxergado,
para o lado bonito ser valorizado.
Poluição, violência, criminalidade, só são pontos do lado feio.
Preferem não enxergar e não deixam ser enxergado.
É...Pós é, o lado bonito é gostoso de ser visto,
mas esquecer o lado feio é mesmo um pecado.
Pecado para nós como seres humanos,
pecado para o futuro.
Ver e enxergar é tão profundo como se pode imaginar,
o que adianta só avistar e não enxergar?
Não toma providencias é mesmo de se apavorar,
temos atitudes a toma, para o caos evitar.
"No aconchego do frio inverno, o dia 13 de junho de 2023 desenha uma paisagem encantadora, onde o ar gelado dança com a bruma, e os corações se aquecem ao abraço caloroso das memórias compartilhadas."
Um papel, uma caneta, uma paisagem...
O que seria de mim sem a graça da vida?! A inspiração, a poesia, sem Deus eu nada teria...
É ainda o que me alegra e me acaricia.
O que seria de mim, sem fé em Deus, sem poesia... Se somente deles eu acho graça da vida, e somente dessa graça é que sinto alegria.
*
"A paisagem
possuí uma linguagem
tão chamativa, que, assedia
o poeta a escrever e se derramar em reflexões."
***
O passado, é uma foto amarelecida pelo tempo.
O presente, é uma paisagem passageira.
O futuro, é uma carta por jogar.
A chuvinha inspira trova
assim bem pequenina
e a paisagem se renova
logo terá frio e neblina
Tudo se aquieta um instante
a ouvir o leve tamborilar
das gotinhas insistentes
no telhado a musicar
Nada é mais relaxante
do que esta fina melodia
a natureza compõe sonante
no palco de mais um dia
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