Paisagem
O tempo que confere voz e ritmo à natureza, silenciou a paisagem urbana.
“Ouvir o ruído das pinceladas nas paredes envelhecidas” - talvez nossos sentidos só consigam perceber o passar do tempo através das camadas de tinta – a jornada do olhar, a arte percorrendo passado/criação, presente/percepção e futuro/imaginação.
Olhar, fotografar, editar, criar, expor. O processo percorre o tempo.
O olhar que atravessa a lente, frágil sentido humano, deseja enxergar através das paredes, mas não o faz, adota um critério oposto ao usual: em vez de conceber a arte com elementos da realidade em termos de imaginação, revive a realidade como se fosse arte. O processo percorre o tempo.
O tempo como contexto da constância, os blocos de concreto, a imobilidade ao ver o tempo passar, a intransponibilidade das portas e janelas que detém o controle entre o transparente e as várias camadas de imaginação. Um novo olhar e o processo percorre o tempo.
Atravessar o pensamento, sem mecanismos, sem previsões, a imaginação do artista ao retratar o momento, e mesmo o planejamento que determina a precisão do clique. O processo percorre o tempo.
Por um momento, pensei num filme no cinema, que é composto de uma sequência de imagens paradas. Mas porque são projetadas sucessivamente em alta velocidade, temos a impressão de movimento contínuo.
O tempo passa ou o processo percorre o tempo.
Sempre tive a estranha sensação de que o tempo não passa, nós é que passamos, nos movimentamos.
A sensação de que o tempo foi mais uma dessas grandezas filosóficas criadas para preencher o espaço, outro gigante inexplicável e infinito.
Platão disse que o tempo passava, o infinito não.
Afinal, não fomos nós que criamos o tempo, para medir algo imensurável? Criamos divisões, espaços direções, como criamos uma bússola, Norte, sul, leste e oeste não são infinitos se desconsiderarmos limites?
Seria o tempo a bússola do infinito?
Por um momento então imaginei meu próprio corpo, que depois de ganhar camadas de tinta, num processo chamado passado, passa a perdê-las, entre o presente que já se foi ao piscar dos olhos, e um futuro que nunca chega, porque quando chega é o fim, para então ser o recomeço.
Perdendo camadas de tinta, talvez exponho minha história, como os edifícios contam pelo que passaram ao se deteriorarem. Camadas e camadas de tinta, e percebo que de concreto só que o que foi vivido, e de incerto as questões que esse pincelar, pictorizar, desencadeiam na imaginação. A imaginação, é afinal, o futuro. O processo percorre o tempo.
A fotografia, como arte, é a nova chance da paisagem, o recomeço. Norte e sul podem ser infinitos, se servirem apenas para apontar a direção e não para definir onde chegar. O tempo, bússola do infinito aponta a velocidade, não o fim. O processo percorre o tempo.
''Até a paisagem mais bonita para quem mora ao lado se torna apenas como um prédio numa gigante metrópole''
TROVA - 62
Esse teu corpo é paisagem
De beleza e encantamento,
É percurso de viagem
Do meu sonho e pensamento.
Vi ao longe tua imagem,
Que a transformou em paisagem.
Teu sorriso comovedor,
Acalentando minha dor.
Você, a minha paz!
"De ti tenho pressa, mais do que de mim mesma,
Que a paisagem que reflete aos meus olhos, tu sejas.
Amo-te devagar para atrasar os infortúnios de ter perder,
Conhecer-te foi o meu fim, basta olhar pra mim que irás entender.
Embora seja grande a minha dor,
Não poderia deixar de agonizar as delícias do teu amor!
Amor este que me consome e desfaz,
Entenda, antes ter você ao reconquistar a minha paz!"
"Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero”.
( Bernardo Soares [Semi-heterônimo de Fernando Pessoa],no Livro do Desassossego. (Org.) de Richard Zenith - Assírio E Alvim, 2008.)
Lá fora...
A neblina encobre a paisagem.
O gado aos poucos se recolhe...
Aqui dentro o crepitar da lenha
deixa no ar um perfume de pinho
que se mistura ao odor do chocolate quente.
Sentimo-nos aquecidos e felizes.
Aproveitamos para por a conversa em dia
e dar boas risadas.
O inverno, penoso para tantos,
nos aproxima e fortalece laços...
O frio no campo é mais intenso
mas, precisamos de pouco...
Apenas algumas mantas, lenha seca
e do calor dos nossos afetos.
Cika Parolin
Também há aquelas passagens da vida em que apenas algumas pessoas completam toda sua paisagem interior e quando tudo mais não é menos importante, mas a extensão da totalidade.
Caminha teu caminho confiante e contempla com alegria a paisagem ao teu redor porque sorrir por dentro é sinônimo de felicidade..
Paisagem Bela, Cores e Mentiras.
Em cada Rabisco a dor foi posta,
E ainda assim sua beleza foi imprimida.
Solitária Flor, solitária a dor.
Paisagem
Algo que surge
Nasce do nada
De frma encantada
Que você não age
Não se esconde
Nãi se mente
Não se entende
Só se sente
Preciso de ti
Porque te amo
Sem engano
Tão puro quanto a água
Tão rebelde quanto o sol
Que prazer
Que é te amar
Debaixo das estrelas,
Para sempre,
Ao seu olhar
Focar a visão
em uma paisagem,
pegar carona na inspiração
e se deliciar em uma doce viagem,
escrevendo e derramando o coração
em versos, sentindo alegria de viver amando.
Os quadros me encantam, por isso ponho tinta em cada linha, para expressar a paisagem em minhas reflexões.
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