Pais Idosos

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“Espelho, espelho meu. Existe ser mais trouxa do que eu?”

O jovem de hoje será o obsoleto de amanhã. Valorizemos nossos idosos, pois estes possuem conhecimento suficiente para suprir dúvidas sobre o passado pouco conhecido por nós.

Juramento do Cuidador de Idosos

Eu juro, diante de Deus e dos homens, exercer a arte de cuidar, mostrando-me fiel aos preceitos da honestidade, caridade, do respeito e da dedicação a que fui imbuído e de livre e espontânea vontade, dedicar minha vida profissional a serviço da pessoa que já se encontra na sua melhor idade, seja no interior dos lares, nas Instituições de Longa Permanência para a Pessoa Idosa ou qualquer lugar outro em que ela se encontre vivendo, consciente de que meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, por preceito e honra, elevando manter os ideais de minha profissão, obedecendo, incondicionalmente, a ética e a moral, para o bem maior do prestígio e suas tradições. Cumprindo com zelo e fidelidade esse juramento, goze eu, para sempre, a minha vida, minha arte de boa reputação entre os homens, com entrega incondicional, utilizando toda minha capacidade com eficiência, respeitando a dignidade humana, jamais me servindo da profissão para corromper os costumes ou favorecer o que não for o bem cuidar.”

Todo mundo quer salvar o mundo,
mas ninguém quer ceder o lugar para os idosos no ônibus.

Quando os idosos se sentem inúteis, eles morrem.

As crianças saudáveis não terão receio da vida se os seus idosos tiverem integridade suficiente para não recear a morte.

Sabemos que necessitamos da experiência dos idosos, mas esperamos que ela venha como nós gostaríamos. Na verdade, ela vem como precisamos... o importante é ter sensibilidade para perceber.

Somente os livros podem dar ao jovens à sabedoria dos idosos.

Seja paciente com os idosos. Afinal, um dia eles foram pacientes com a criança que você foi.

Idosos são crianças aprendendo a andar, precisam de cuidado, de colo, de zelo. Machucam-se com facilidade, choram. Sua diferença não está no corpo envelhecido e cansado, marcado pelo tempo, mas nas feridas da alma. Na bagagem que carregam, de tudo que já viveram, ensinaram, e que agora precisam dar as mãos novamente para andar, totalmente dependentes. Quando vejo um idoso abandonado ou sendo maltratado, sofrendo a dor da solidão, que machuca mais que as dores e as limitações físicas, tenho ainda mais convicção de nossa pequenez, de que não importa quanto de dinheiro você ganhe, que status ocupa, tão pouco quão importante e poderoso tenha sido, nós simplesmente não valemos nada nesse mundo. Morreremos todos da mesma maneira. E daqui, nada levaremos senão o amor, a alegria e tudo quanto pudemos semear no coração de alguém.

Quando formos idosos, nada mais seremos do que pequenas crianças num corpo frágil cheio de sabedoria e experiencia.

Crianças hoje nascem com imaginação de adulto, idosos morrem com imaginação de criança.

Ame, respeite e admire os idosos, pois se você tiver sorte, mas muita sorte mesmo, um dia poderá ser um.

Os idosos são acervos preciosos para quem quer andar à frente de seu tempo.

A juventude não pode saber como um idoso pensa e se sente. Mas os idosos são culpados se eles se esquecerem como é ser jovem.

Hoje eu acordei numa casa diferente, num quarto diferente, sem nenhuma muleta, sem nenhuma maquiagem, meus amigos estão ocupados, meus pais não podem sofrer por mim. Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coração, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.

Tati Bernardi

Nota: Trecho da crônica "A Última".

Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.

Desconhecido

Nota: Autoria desconhecida, o texto é frequentemente atribuído ao escritor José Saramago.

Para você, pai

Hoje é considerado Dia dos Pais.
Mas, para mim, todos os dias são seus dias.
Dia do pai trabalhador.
Dia do pai honesto.
Dia do pai feliz.
Dia do pai amoroso.
Dia do pai jogador.
Dia do pai alegre.
Dia do pai lutador.
Dia do pai que sempre busca seus objetivos.
Dia do pai conselheiro.
Dia do pai chorão.
Dia do pai gaiato.
Enfim, Dia do Pai que nunca me deixou na mão.
Que nunca deixou faltar nada.
Por isso, meu pai, que eu reconheço o seu esforço e nesse dia considerado seu venho aqui te agradecer por tudo que você fez por mim, obrigado de coração.
Feliz Dia dos Pais!

Antes que elas cresçam

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.

Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.

Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela.

Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.

Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.

No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.

O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.