Ouvido
"A certeza de um dia morrer me faz feliz. Será o dia da minha maior conquista: tudo o que se falar a meu respeito será ouvido e mesmo os meus maiores defeitos serão virtudes."
"Todas as vozes do mundo não serão maiores nem melhores do que a voz interior, pois as primeiras chegam aos ouvidos e a segunda ao coração”!
Com o coração, devemos orar como Davi: "Grandíssimo és, ó Senhor Deus, porque não há semelhante a ti, e não há outro Deus além de ti, segundo tudo o que nós mesmos temos ouvido." (2 Sm 7.22)
Que esperança há para a escola, se o grito de socorro dos professores continuar sendo ouvido só depois deles serem surrados?
De tudo o que entra pelo meu ouvido nada sai pelo outro. Apenas fica perdido no imenso vazio de minha cabeça.
O ato de falar é um ato masculino. Fala é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido… Já o ato de ouvir é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado. Não me entenda mal. Não disse que fala é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher.
Todos nós somos masculinos e femininos ao mesmo tempo.
“Vaidade das vaidades – diz o Eclesiastes –,
vaidade das vaidades, tudo é vaidade!”/
Que proveito tira o ser humano de todo o trabalho
com o qual se afadiga debaixo do sol?/
Uma geração passa, outra vem,
e a terra continua sempre a mesma./
O sol se levanta, o sol se põe
e se apressa para voltar a seu lugar, onde renasce./
O vento gira para o sul e dobra para o norte;
passando ao redor de todas as coisas,
ele prossegue e volta aos seus rodeios./
Todos os rios correm para o mar,
e o mar contudo não transborda;
para o lugar de onde saíram
voltam os rios, no seu percurso./
Todas as coisas são difíceis
e não se pode explicá-las com palavras.
A vista não se cansa de ver,
nem o ouvido se farta de ouvir./
O que foi, é isto mesmo que será.
E o que foi feito, é isto mesmo que vai ser feito:/
não há nada de novo debaixo do sol.
Uma coisa da qual se diz: “Eis aqui algo de novo”,
ela já nos precedeu, nos séculos que houve antes de nós./
Não há memória dos tempos antigos.
E, quanto àqueles que vierem depois,
tampouco deles haverá memória junto
aos que vierem por último.
A discussão precedente sobre a melodia e o tema é mais estética do que técnica. É mais fácil dar conselhos sobre o que não fazer do que dar o rumo do que deve ser feito. Todo compositor têm um senso melódico da que é a coisa certa ou qual caminho trilhar. As deficiências de sua melodia podem ser escondidas com um excelente senso harmônico, mas um bom ouvido sempre sabe. Sempre saberá.
Antigamente quando os olhos de alguém viam o Senhor, o que se ouvia dos lábios era: “Ai de mim!” e não “Eu sou o cara!”
lá fora bate irado o vento, e cá dentro meu coração encosta o ouvido às paredes e mal se atreve a bater...
FRUSTRAÇÃO
Via-te sempre, alegre sorridente passavas a impressão, de seres alguém que desfrutava a vida, de uma maneira responsável,diferente..
Sempre de ti quis me aproximar,
a impressão que davas, era de alguém
liberal, livre e contente.
Porém isso não era uma constante,
logo te calavas, ficavas diferente.
Talvez um dia, pensava eu.
Mas um a um ele foram passando,
e por fim acabou ficando
a vaga lembrança, do teu sorriso
da escultura, que o teu corpo era.
Tudo por completo, foi-se desgastando.
A vida levou-me, para outras paragens.
Mas em mim ficou uma frustração,
de nunca ter ouvido, a tua voz,
nunca ter bem perto, o teu sorriso,
teu corpo em meus braços, nunca ter sentido.
Quem sabe, um grande amor,eu não ter vivido
(Roldão Aires)