Outros
Talvez, se esperassemos menos dos outros, nos decepcionaríamos menos também. mas às vezes quando gostamos muito de alguém, esquecemos que são humanos e insistimos em pensar que são perfeitos.
Há garotos que crescem achando que vão se firmar em um futuro distante, e há outros que estão prontos para se casar assim que conhecem a pessoa certa. Os primeiros me deixam entediada, principalmente porque são patéticos; e os outros, francamente, não são fáceis de encontrar. Mas é nos sérios que estou interessada, só que leva tempo para encontrar alguém assim, e por quem eu também em interesse. Quer dizer, se a relação não consegue sobreviver no longo prazo por que é que eu vou investir meu tempo e minha energia em algo que não vai durar?
Esse é só um dos sintomas, ficar muito tempo deitado. Tem outros, físicos. Uma fraqueza por dentro, assim feito dor nos ossos, principalmente nas pernas, na altura dos joelhos. Outro sintoma é uma coisa que chamo de pálpebras ardentes: fecho os olhos e é como se houvesse duas brasas no lugar das pálpebras. Há também essa dor que sobe do olho esquerdo pela fronte, pega um pedaço da testa, em cima da sobrancelha, depois se estende pela cabeça toda e vai se desfazendo aos poucos enquanto caminha em direção ao pescoço. E um nojo constante na boca do estômago, isso eu também tenho. Não tomo nada: nenhum remédio. Não adianta, sei que essa doença não é do corpo.
Estamos tão acostumados a nos disfarçar para os outros, que, no fim, ficamos disfarçados para nós mesmos.
Intimidade
As pessoas vivem toda a sua vida a acreditar no que os outros dizem, dependentes dos outros. É por isso que têm tanto medo da opinião dos outros. Se eles pensam que você é mau, torna-se mau. Se o condenam, começa a condenar-se. Se dizem que é pecador, começa a sentir-se culpado. E, como depende da opinião deles, é obrigado a conformar-se constantemente com as suas opiniões; senão eles mudarão de opinião. Ora isso cria uma escravidão, uma escravidão muito subtil. Se quiser ser considerado bom, digno, belo, inteligente, tem de fazer concessões, tem de se comprometer continuamente com as pessoas de quem depende.
E levanta-se um outro problema. Como há muitas pessoas, elas estão sempre a alimentar a sua mente com diferentes tipos de opiniões — opiniões conflituosas, ainda por cima. Uma opinião a contradizer outra opinião — daí que exista uma grande confusão dentro de si. Uma pessoa diz que você é muito inteligente, outra pessoa diz-lhe que é estúpido. Como decidir? Então fica dividido. Fica com dúvidas sobre si próprio, sobre quem é... uma ondulação. E a complexidade é muito grande, porque há milhares de pessoas à sua volta.
Você está em contato com muitas pessoas e cada uma delas mete a sua ideia na sua mente. E ninguém o conhece — nem você mesmo se conhece —, pelo que toda essa coleção se amontoa dentro de si. É uma situação de enlouquecer. Tem muitas vozes dentro de si. Sempre que se pergunta quem é, surgem muitas respostas.
Algumas dessas respostas serão da sua mãe, outras serão do seu pai, outras ainda do professor, e assim por diante e assim sucessivamente, e é impossível decidir qual delas é a resposta certa. Como decidir? Qual o critério? É aqui que o homem se perde. Chama-se a isto ignorância de si próprio.
Mas como depende dos outros, tem medo de entrar na solidão — porque no momento em que começar a entrar na solidão começará a ter muito medo de se perder. Em primeiro lugar, você não se tem a si próprio, mas, qualquer que seja o eu que criou a partir da opinião dos outros, tem de o deixar para trás. Daí que seja muito assustador interiorizar-se. Quanto mais fundo for, menos saberá quem é. É por isso que quando procura conhecer-se realmente a si próprio, antes de o conseguir terá de abandonar todas as ideias que tem sobre o seu eu. Haverá um hiato, haverá uma espécie de coisa nenhuma. Tornar-se-á uma não-entidade. Sentir-se-á completamente perdido, porque tudo o que conhece deixará de ser relevante e aquilo que é relevante ainda não conhece.
Custei a compreender que fantasia
É um troço que o cara tira no Carnaval
E usa nos outros dias por toda a vida
Em outros tempos eu ficaria chorando pelos cantos, mas aprendi e não sofro mais. Se não me faz bem eu largo mão, sei que a espera valerá a pena. Quero amores inteiros, chega de paixão pela metade.
Os loucos vêem no impossível todos os motivos para continuar enquanto os outros vêem todos os motivos para desistir.
'Eu te escolhi.
Outros me olhavam, outros pareciam talvez
até um pouco mais interessantes, mas eu escolhi você.
Que esquisito, eu já havia escolhido outros outras vezes.
Dessa vez tudo foi diferente, dessa vez não era tão simples assim,
dessa vez havia um diferencial tão complexo:
você me escolheu também.'
É sofrido resistir à tentação de ser igual aos outros, de ansiar romances burgueses, de não coagular as feridas abertas pelos espinhos de um caminho que prometia uma paisagem botânica na adolescência, rendido em uma espécie de diabetes emocional. Não perder-se de si mesmo já é mudar o mundo e não é fácil acostumar-se em pavimentar a própria estrada com placas e leis com o próprio sobrenome.
A distância que separa um Martin Luther King, um Paulo Coelho, um Steve Jobs, um Chico Mendes, um John Lennon dos outros seis bilhões de pessoas é vasta, eu sei. Contudo, pode ser resumida em uma palavra: atrevimento. O mundo é de quem ousa, de quem ama alguma coisa, quem habita dentro do velho moço, a quem não perdeu o costume de matar as aulas inúteis.
Sério, nunca desista de seus sonhos. Desista dos sonhados por mim, pelo seu companheiro, pelos seus pais, pelo seu vizinho, pela televisão, pela Gisele Bundchen, pelo Selton Mello, pelo Barack Obama, pelo Ronaldo Fenômeno, pelo casal do Jornal Nacional. Desista dos sonhos dos outros.
Nunca dos seus, por mais bobos, românticos e impossíveis que pareçam.
Não se irrite por não conseguir fazer os outros serem como você quer, já que você não pode fazer você mesmo como quer.
Eu me trato como as pessoas me tratam, sou aquilo que de mim os outros veem.
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