Outra vez
OUTRA VEZ
Sempre a primavera
e estas ganas de fugir das paredes.
Gira a roda
ser outra vez virgem
para deixar outra vez de sê-lo
gira a roda
molhar-me em a tormenta
com uma sombrinha de riso
como una menina má
gira e gira
a verde sangue seiva
germina em minhas cadeiras.
...
Saudade é sentimento confuso, difícil, bom e ruim.
É, outra vez, querer aquilo ou aquela que te marcou.
É sentir a ausência daquela que te completa.
É lembrar, com bons olhos, de momentos que jamais serão esquecidos.
É aquecer a alma ao fechar os olhos e realizar um novo encontro.
Em suma, saudade é amar à distância.
E o tamanho da minha permite-me dizer: Amo você.
Para tudo e para sempre.
Do encéfalo ao Miocárdio!
Ai de mim pobre coitado
Por dar te ouvidos outra vez
E compactuar com seu jeito tresloucado
Para depois encontrar em meu reflexo, esqualidez
És eloquente como um Arauto
Mas ofuscado, caminha na contra mão
Eu até entendo que mal não há em estar enganado
Mas persistir no no engano é contravenção!
Benquisto és, mas todavia
Há limite em meu bem querer
Ainda que por ti há tamanha primazia
resguardo em mim a excelência do bem viver
Por hora faço-lhe somente um pedido
Tão antes que me esvaia a lucidez
Devaneios é bom, faz sentido
Mas dê-me tempo para restabelecer-me de vez!
Outra vez você aparece. Nem pede licença para entrar. Invade tudo. Lança sobre mim seu olhar, seu sorriso. E eu? Boba. Aceito. Esqueço tudo que já fizestes e volto para esse amor. Sei bem que nenhuma das suas promessas serão cumpridas. Mas, escuto-as e continuo a acreditar que elas se cumprirão.
Se Deus criasse Eva outra vez e ela se parecesse com você, então ele se esqueceria de criar os homens...
A busca
Outra vez aquela sensação... É como um filme desinteressante que você não aguenta mais assistir e decidi parar, mas em meu caso não posso. Não posso parar de assistir minha vida, por mais que a edite em minhas memórias, assisto-a na íntegra.
Essa falta de sentido que me cansa, esse roteiro tão desgarrado... frágil.
A solidez do concreto que me cerca não me deixa duvidar, estou aqui. Essas paredes, por mais que eu acredite, não me protegem e sim, escondem.
Tento de forma débil me defender, mas quem pode fazê-lo? Quem tem a força precisa para reverter essa atmosfera?
Assisto-a, minha breve vida. Todas estas pequenas conquistas do dia à dia juntas estão aquém de tua exigência. Não posso ofertar o que não tenho como conseguir, então sigo apenas olhando.
Ainda que eu tente, não consigo pensar em algo que seja suficientemente grande para equilibrar essa balança, estou em desvantagem. Busco na Arte, mas me sinto um pouco doente para criar. Uma obra assim realizada seria um fruto bucolico. Não! Não irei sucumbir e prostituir meus ideais! Se me queres cansada, assim fico...
Olho o horizonte, escondido ao fundo dessa cinzenta paisagem; sobre os telhados avisto um pássaro, que aparentemente está só, aparentemente está longe e aparentemente está ferido.
Mas...
Talvez esse pássaro esteja apenas voando em busca de algo que desconhece...
E sigo aqui eu, tentando amar outra vez, sabendo que posso chorar, que posso sofrer mais uma vez, mais foi assim... chorando que eu, e todos os outros vinhêmos ao mundo.
Saudade é o despertar de nosso cérebro, tentando fazer com que nossos olhos vejam outra vez, aquilo que nos fez bem algum dia.
Estamos nós
Aqui estamos outra vez,
Como velhos conhecidos.
Distantes dos mesmos medos,
Perto dos mesmos sonhos.
Aqui olhamos outra vez,
Perdemo-nos nesta dor da distancia,
Presos por essa tal ânsia.
Aqui sentimos outra vez,
Essa paixão inelutável,
Que fere meu coração,
E faz-me exímio escravo.
Aqui nos amamos outra vez,
Nesse impenetrável sentimento
Que mente alguma pode descrever,
Mas que conseguimos sentir.
Outra vez caio em meus medos
Outra vez me enganei com seu jeito
Todo dia é assim...
Te encontro, me apaixono, te vejo sem mim
Todo dia é assim...
Me vejo, eu choro, eu fujo de mim
Lutando contra mim
Vivendo os meus sonhos
Tentando te esquecer...
Tentando te explicar...
Os anos de abandono