Outono
QUARENTENA IV
Vá outono...
Vá e não me surpreenda com mais nada.
Você me despiu, desfolhando as minhas vestes domingueiras. Deixou meus versos inertes, sufocados em minha alma sem se manifestarem.
Craquelou minha pele e ouriçou meus cabelos.
Envelheci.
Mas não foi só isso.
Foi no seu tempo que eu perdi minha liberdade de ir e vir.
Perdi os carinhosos beijos e abraços dos meus familiares e amigos.
Ah, e o medo que você permitiu que entrasse na minha casa sem que eu tivesse pra onde correr?
Fui apresentada cara a cara com a morte e a possibilidade de ir embora com ela.
Encurralou-me nos meus cômodos desbotados que eu já planejava colorir.
Negou-me as tintas, escureceu meus dias e encurtou minhas noites com sonhos agitados.
Os encontros na pracinha, as caminhadas na avenida, o sorvete nas tardes de domingo, os raros passeios de mãos dadas ao shopping. Folguedos evaporados que sustentavam minha iminente velhice.
Tive que despojar-me de minhas inúmeras máscaras para vestir a máscara universal, que denuncia toda a minha fragilidade perante um vírus invisível.
Vá outono, mas antes devolva-me aquele meu sorriso esfuziante, nem que eu não possa estampá-lo agora, mas o terei guardado para quando tudo isso passar, quiçá na primavera, no verão, no out...?
Não! Atrevo-me a fazer-lhe uma advertência, não volte aqui novamente sem trazer uma solução.
Quero cantá-lo como sempre cantei no passado, com versos alegres e rimados.
melanialudwig - 19/06/2020
Outono chegou!
Que as cores e folhas do outono possa nos levar, a belos caminhos.
Caminhos da renovação...🦋🦋🦋
Outono chegando, as folhas caindo, se despedindo
Desenhando formas pelo chão
Mudando o ciclo, chorando, sorrindo
Vai esvaziando e varrendo a natureza, parece levar embora sua beleza
Só vejo folhas secas pelo chão
É hora de transição
Assim meu outono se instala
O tempo passa, as lembranças ficam apagadas,
a vida muda, muitas folhas se perdem, momentos se vão
Pensamentos desfeitos
Refeitos que perpassam o destruir para se reconstruir
É a vida em movimento
Tudo passa.
É transitório
A primavera da existência retornará depois da turbulência
É a vida. Utopia!
Outono é seu...
Tudo é seu meu outono é seu...
Minhas folhas caídas são tuas
minhas veias finas são rimas
Minha longa respiração canção
Como O vento em seus cabelos.!
O movimento dos seus olhos
Como o lírio a dançar no campo.
Esse silêncio que fala comigo...
Por dentro nada de sofrimento...
E a força rompe a casca
E o broto marca o surgimento
Vem no vento a esperança.
Uma flor alcança o mistério.
Sua vida alimenta novos pensamentos.
E sem juramento e sem dor eu faço o caminho.
E se eu encontrar o seu invisível outono.
Eu vou musicar a poetizar sua alma...
A lua fica mais bonita e bonita
Quando você pega a minha mão.
A estação o perfeito beijo meu
Sentindo o mel daquilo que é só seu!
Eu te abraço dentro do meu silêncio
e a estrada da vida se cala...
O outono só calmaria nessa jornada.
Talvez eu tenha outra madrugada.
Para sonhar com a amada
E o outono invisível da
alma retrata e guarda,,,
na calada da carne que arde
O puro escalate amor por você...
Esse outono é só silêncio por dentro!!!
Bem-vindo Outono!
Toda a natureza é regida de ciclos para nos mostrar que devemos nos beneficiar das belas oportunidades que a vida nos oferece!
As quatro estações do ano nos inspira e nos convida a moldar nossos próprios ciclos nos renovando e nos reinventando na estação da mudança.
Outono, somos parte integrante do meio ambiente e sabemos que você, a cada ano, nos direciona para uma nova postura, uma nova atitude e comportamento.
Que a cada folha que caia da tua árvore, seja uma demonstração de renovação e transformação sublime em nossas vidas!
Cris Salles
22Mar23
POEMA DAS PÉTALAS 24/03/2016
No primeiro dia do outono
quando o sol ia se pondo.
Na rua o vento contido
entre as paredes dos prédios
se fazia arredio.
Pôs se a dançar invisível
na valsa do solo
que procura o frio.
Rodava em círculos concêntricos
em seu dançar excêntrico.
E sozinho valsava
sem que ninguém o visse
e a sua felicidade se fez prece
no desejo de companhia.
No caminho de uma mulher
que se deu por passagem
ali naquela hora,
um outro enamorado
cedeu lhe uma chuva de pétalas
vermelhas como deve ser
a cor do amor.
A dama se foi sorrindo
e do intento desse enamorado
depois de findo
restou em espólios
espalhadas pelo chão
o que já foram rosas
e agora eram sobras.
O vento em seu caminho,
naquele momento
tirou para dançar
quem já se achava no lixo.
E nos caminhos concêntricos
onde os pensamentos
transformam-se em sentimentos.
Ficaram na memória
a poesia do carinho
e da sua momentânea glória.
Como o flutuar de pétalas no ar
vermelhas como amor
que se puseram a rodopiar
em um final de tarde
de um primeiro dia de outono.
Tornou-se mais uma memória
guardada para sempre
em sua maneira terna
da forma mais etérea.
Um presente em poesia
homenagem aos lembrados
que se fizeram ausentes.
O outono chegou
as folhas caem no chão.
Que Deus faça renascer
a esperança dentro de você...
Em todas as manhãs de outono!
Sejas bem vindo amado
- Outono das nossas vidas
Onde desenham os nossos caminhos
- Nas cores das folhas caídas no chão.
SINFONIA DE OUTONO
Que sons, que magia
Andam no ar todo o dia.
Cantam os frutos ao cair no chão
Toca ainda o vento suão
Nas luras das árvores da fornicação.
A terra farta de ser emprenhada
Pede ao lavrador a paz da enxada.
O lavrador, amealha o pão
Que a mãe terra lhe pôs na mão.
É pão, é fruto, é vinho de suor
E tanta gente a rezar pelo melhor.
Eu também rezaria a cantar
E, ai, se a natureza me desse voz
Eu cantaria para todos vós
Num canto pranto de arrebatar -
Corações do meu abono,
Nesta sinfonia de Outono.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 28-09-2022)
TRISTEZA INFINITA
Que triste este sol
Hoje, neste outono.
Vede como chora
Agora,
O vento cerol
Colado a mim como dono.
Que triste é ser tão tristonho,
Como árvore que dá flor
Sem amor,
No outono,
Fadada a não medrar.
Que angústia vai neste olhar
Nesta sempre tristeza minha,
Infinita,
Que mesmo amordaçada grita
Pela liberdade de amar.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 28-10-2022)
TERRA-MÃE
Vinha o outono, de mansinho, a caminho.
Caíam chuviscos, ariscos, na terra-mãe.
Mostrava ela o interior do útero em ferida,
Naquela terra mártir em sôfrego revolvida,
Depois de lhe apararem os frutos do pão.
Daquele pão que ela nos dá airosa,
Famintos que somos do seu sabor
Que mata a fome da boca e do amor,
Mesmo quando a pedra nos sabe a rosa.
Era aquela terra, seio esventrado
Pela charrua crua e pelo arado,
Que depois serena acolhia a semente
Nas entranhas do húmus complacente.
Parecia-me uma mãe dolorosa
Que tinha acabado de dar à luz
Tantos filhos de uma vez só,
Que até o Criador celeste facundo
Em tom suave e místico, profundo,
Num clarão celeste que cega e seduz
Lhe começou a chamar de forma ardilosa,
Terra-mãe e avó-terra e eterna do mundo.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 16-09-2023)
OUTONO SEM CASA
Toda a vida eu sonhei
Construir uma casinha
Como só eu sei,
Numa bela arvorezinha
E fazer dela o meu trono
No agora vindo outono.
Que ilusão esta a minha,
Ó sonho louco e fugaz!
Nem árvore nem arvorezinha
Ou casa ou minha casinha,
Utopias que a vida traz.
Na montanha, tudo ardeu,
Tudo queimou e até eu
Como pássaro que fica sem asa,
Como cão que fica sem dono,
Ficarei sem aquela casa
Que quis construir neste outono.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-09-2023)
OUTONO INFIEL
Falso este Outono
Ou um rapaz rapace,
Tomate feito de alface,
Ou ridícula manha do dono?
No fresco do seu calor,
Naquele falso ardor
Ele mente,
E a gente nem sente
A infidelidade premente.
Quem és tu outono
O, dos poetas?
E ele (respondeu-me em seu mono):
Eu já não sou quem tu pensas,
Poeta de tantas parecenças,
E agora sem mais ofensas,
Digo: Não sou mais o teu outono.
OUTONO SEM COR
Dantes, eram cores e terra em sono.
Eram paletas de inebriar no outono.
Agora, não sei porquê,
Ele já não pinta nem dorme
Nem come com fome.
Será que ele vê
O mundo mais estarrecido,
Que já nem folhas deixa no chão,
Quase todas tombadas no verão?
Que outono este, tão distraído…
E eu que queria tanto pintar
Talvez mais até borrar
Uma tela,
Simples, singela,
Com cores mágicas de encantar.
A minha musa inspiradora
Do outono multicor,
Sumiu-se farta da pose,
Nervosa pela neurose
Do mau pintor
Plebeu,
Que sou eu.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 26-09-2023)
A MAÇÃ
Era outono.
Havia uma maçã no chão,
Caída da árvore cinquentenária.
O homem, esfomeado, vergou-se
No ranger dos ossos castigados
Por longos jejuns lazarentos,
De uma vida de naufragados
Num barco de pobres assinalados,
Pelas misérias dos tempos.
Tinha já a podre maçã
O bicho que a carcomia,
Fruto de macieira arraçada
Também velha e corcovada,
Triste por não ser sã,
Nos ramos em agonia.
Prestes a pegá-la do chão
Pousa um passarito aflito
E o homem com prontidão
Diz ao pássaro com emoção:
Come, come tudo sem parar,
Pois assim me capacito
Que minha fome pode esperar.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-10-2023)
Não espere pelo sol se por para amar,
Ou pelo outono chegar para colher,
Pois a vida é feita de prazeres raros,
Que em um descuido podem se perder.
Não hesite em dizer ao coração amado,
As palavras doces que ele quer escutar,
Pois o tempo é breve e pode ser limitado,
E numa fração de segundos pode terminar.
Não perca a chance de olhar o mundo
De sorrir para o desconhecido na rua,
De abrir seu coração para o novo amor.
Pois a vida é um sonho incerto e passageiro,
E cada dia pode ser nosso último suspiro,
Então aproveite enquanto há vigor.
Quisera ser uma nuvem de outono, neste céu azul a vagar, transformar-me em filigranas douradas de amor e bençãos para em vocês derramar dizendo-lhe: Eu a amo e quero que sejam felizes hoje e sempre.
a) Onira