Os Seres Vivos
Quando me perco em meus
pensamentos, vejo seus olhos
tão vivos e repletos de alegrias
que não pude conhecer, então
mergulho na lembrança do
momento em que poderia ter
te tocado com as mãos, muito
distante de todos os versos
inventados que escrevo, mesmo
sabendo que de qualquer forma,
os ventos o levarão até você,
e nesse instante, você poderá
escolher, a maneira como me
vê.
Talvez dancemos no seu ritmo,
talvez você nunca tenha querido
dançar comigo.
Estamos tão distantes que tudo
que tenho são esses poemas
tristes, de um julgamento mal
feito, ou talvez de um acerto que
sempre vou fingir ser errado.
Como nas canções que você
escuta, eu também gostaria
de voltar aquela época de total
alegria e sentimentos, como se
alegria pudesse também ser
nostálgica em mim.
Insistentemente te pergunto,
você pode me mostrar seu
mundo.
Insistentemente você aparece
em todo os meus sonhos.
Aqueles corajosos aflitos caídos, nós que lembraremos deles, nós, os vivos. Morreremos aqui. E aqueles que ficarem verão nossa honra, e isso é o que importa.
Já que estamos vivos, que consigamos viver de modo satisfatório, ou seja, sem nos machucar e enfermar mais, de preferência com desejo de viver.
Assombrações
os homens
sempre tiveram medo
de espíritos
sejam eles mortos
sejam eles vivos
que ousem voar
livres
Toda sociedade honra seus conformistas vivos e seus contestadores mortos.
Cai a noite!
O sol se perde atrás das
montanhas.
Os tons vivos se apagam e a escuridão envolve as árvores, os montes.
As sombras desaparecem,
e o silêncio da noite se instala.
Penetra alma adentro.
Trás a tona angústias esquecidas, melancolias congeladas e vazios ocultados.
Tudo na superfície, à vista dos olhos.
Lágrimas teimam correr pela face, correr pelo corpo, lavando o coração da poeira que foi acumulando, pesando o fardo que carrega sobre os ombros a cada respirar profundo.
A história passa como um filme, onde os momentos
bons são pausados e os ruins avançados.
Tens de conseguir uma vitória sobre ti mesmo, pois a noite faz a alma ficar faminta por verdades.
Tens que rir e estar alegre para a melancolia não entrar noite adentro e tomar rédeas da tua alma.
A nostalgia se apresenta como
uma força que impulsiona para
o futuro em busca de novos caminhos, a serem descobertos e vividos intensamente.
“Um dia todos os homens, vivos ou mortos estarão perante Cristo no julgamento final, nesse momento Cristo não será somente o Salvador da humanidade, mas sim o Senhor de todo o mundo. E, os que não o receberam como advogado fiel irá encará-lo como Justo Juiz”.
Somos apenas cadáveres vivos, tentando achar algo q conforte nossos corações e que aqueça nosso corpo, antes de irmos para o nosso destino final...
Onde há apenas escuridão e frio.
Os desencarnados continuam vivos, embora não falem, comam, bebam, respirem, permeiam mentes entorpecidas em meios a devaneios psicossomáticos particularizados!
É da natureza humana que esperemos, depois de partir, continuar vivos na lembrança de todos pela contribuição dada ao planeta e a obra construída durante a jornada para os que nos sucederem. Mas alguns – alheios ao sentido da vida e desprovidos da essência inerente à espécie humana – esforçar-se-ão por deixar a única marca que conseguem imprimir nas mentes dos que os conheceram: sua inesgotável capacidade de se mostrarem tóxicos a si mesmos, perniciosos ao ambiente que os rodeia e corrosivos para cada pessoa à sua volta!
Inscripção aos Vivos -
Dos Mortos:
Nós Mortos enterrados
neste chão feito de pó
já tivemos um passado
fomos vivos como vós!
Já fizemos da vaidade
certo grito moribundo
mas talvez a eternidade
seja mais que um triste mundo!
Aonde vais ó caminhante
aonde vais tão apressado
não prossigas mais avante
também tu estás condenado!
Por aí tantos passaram
foram muitos, tanta gente
só à Morte se aninharam
nenhum ficou lá para sempre!
Parece longe a vossa Morte
tambem a nossa parecia
num instante vai-se a sorte
e lá morrem qualquer dia!
Mas acreditem que morrer
não é tão mau como se diz
é mais simples que viver
à deriva por aí!
Nós Mortos que aqui estamos
neste pó em solidão,
por vós, vivos, esperamos,
algum dia neste chão!
(No cemitério de Évora)