Os Dias Passam
Marius tinha sempre dois trajes completos; um velho, "para todos os dias", outro novo, para as ocasiões extraordinárias. Ambos eram negros. Tinha só três camisas, uma trazia vestida, outra estava na cômoda, e outra na lavanderia. Renovava-as a medida que iam ficando usadas. Mas como estava quase sempre coçadas, abotoava o casaco até o pescoço.
Dizer que meus dias estão contados nada significa! Assim foi sempre. E assim sempre será para todos nós. Mas a incerteza do lugar, da ocasião e do modo, incerteza que nos impede de ver distintamente esse fim para o qual avançamos inexoravelmente,...
Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.
mas é que tem dias em que a gente inventa de se investigar, de lembrar dos sonhos da adolescência, de questionar nossas escolhas, e descobre que muitas coisas deu certo, e outras não. Resolve pesar na balança o que foi privilegiado e o que foi descartado, e sente saudades do que descartou. Normal, normalíssimo. São aqueles momentos em que estamos nublados, um pouco mais sensíveis do que gostaríamos, constatando a passagem do tempo. Então a gente se pergunta: o que é que estou fazendo da minha vida?
Os dias mais especiais de minha vida
se deram sem pompa e sem glória.
Isto me fez perceber que não existem vitórias,
mas apenas alguns passos importantes no caminho.
Sabe aqueles dias que você precisa no mínimo de uns mil abraços apertados, uns setecentos beijos de tirar o fôlego, ter sua caixa de mensagem cheia, ouvir eu te amo a cada quinze segundos?
Meio impossível de acontecer não é? Mas quem disse que quero tudo isso tão exagerado?
Na verdade, o que quero é um abraço apertado, um beijo inesperado, palavras que me façam repensar, atitudes que possam me surpreender, alguma coisa que eu possa acreditar, alguém que possa me escutar, um cara que possa me amar, algo que seja de verdade e de preferência pra ficar. Porque de passagem já basta a idade, que quando você se acostuma no outro ano ela muda e com o passar do tempo vai te deixando velha, gorda e com ruga!
É ele que eu escolhi para me fazer feliz todos os dias. É ele que eu escolhi para me acordar de manhã com um beijo. É ele que eu escolhi para esperar um dia inteiro e depois do trabalho olhar para aquele sorriso lindo que ele tem e dizer que eu amo como nunca amei ninguém. É ele que eu escolhi para aguentar as minhas crises de ciúmes, tpm e as crises depois de uma briga. É ele que eu escolhi para passear em um domingo tedioso, com um simples passeio. É ele que eu escolhi para tomar um banho de chuva e depois ir correndo para casa para dormirmos juntos, agarradinhos. É ele que eu escolhi para fazer uma guerra de travesseiros. É ele que eu escolhi para ter do meu lado quando eu mais precisar. É ele que eu escolhi para me chamar de “minha”. É ele que eu escolhi para morar para sempre dentro do meu coração. É ele que eu escolhi para amar, construir e viver uma linda história... e eu estou vivendo... Aliás, estamos vivendo uma linda história escrita por Deus.
Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
A menina apressa os dias para ser vista como Mulher,
e quando então isto acontece
ela quer que voltem os dias
para tornar a ser menina...
No fim desses dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa, e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho.
Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de (...) não estar no que você vê.
Nem horas, nem dias, nem meses, mas anos, não apenas um, dezenas, anos e anos de solidão, eu quero a alegria, rosnou, quero porque quero o princípio do prazer, não tornaria a ouvir o sax desesperado, o seco, porque não suportaria, sim, suportaria, suportarás, as pessoas suportam tudo, as pessoas às vezes procuram exatamente o que será capaz de doer ainda mais fundo, o verso justo, a música perfeita, o filme exato, punhaladas revirando um talho quase fechado, cada palavra, cada acorde, cada cena, até a dor esgotar-se autofágica, consumida em si mesma, transformada em outra coisa que não saberia dizer qual era.
Queria acordar todos os dias ao teu lado, e que seu sorriso fosse a primeira coisa que eu visse pela manhã. Queria sentir seu abraço, e bagunçar teu cabelo. Queria poder te chamar de idiota e logo depois dizer que te amo. Por mim passaríamos horas no telefone, somente ouvindo a respiração um do outro e desejando que o tempo nunca passasse. Queria estar contigo nos dias de chuva assistindo filme de terror com pipoca, embaixo do edredom. Queria ficar te observando enquanto você dorme. Queria ser tua confiante, tua melhor amiga. Seríamos aquele tipo de casal que acreditaria no para sempre, que desenharíamos um coração na areia da praia. Queria acordar com suas mensagens, ou te ligar só pra dizer que te amo. Esperaria ansiosa pela próxima vez que te veria novamente e pularia nos seus braços. Nossos beijos seriam eternos, e o mundo inteiro pararia enquanto eu estivesse em seus braços. E eu me sentiria a garota mais feliz do mundo quando te fizesse sorrir, ou a mais bonita só por te ver me observando.
Um dia você vai encontrar alguém que te lembre todos os dias que a vida é feita para ser vivida. Alguém que é perfeito de tão imperfeito.
E talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem aqui.
Os dias se interrompiam quando ele ia embora. Recomeçavam apenas no mesmo segundo em que tornava a chegar. Não sei quanto tempo durou. Só comecei a contar os dias a partir daquele dia em que ele não veio mais.