Opressão
O MENDIGO
A calçada é meu lar.
Sou pessoa oprimida.
Cato lixo para achar
uma sobra de comida.
É tão grande a minha fome
que nem sei mais o meu nome
e nem mesmo o que é vida.
Nas maiores dificuldades da minha vida, uma em especial, a inclusão no sistema penitenciário, onde a solidão tem nome, o que me dava luz na escuridão era saber que minha luta era contra a fome, a miséria e a opressão.
Libertos das correntes da sociedade patriarcal e machista, mas presos nas amarras da sociedade consumista.
Trocamos a escravidão do lar pela escravidão do mercado.
Estamos constantemente transitando de uma forma de opressão para outra.
A emancipação plena parece inalcançável; estamos fadados a uma prisão perpétua sem direito a condicional.
Há uma pressão para ser feliz, um fardo pesado, que a alma castiga.
Se não alcança o ideal prometido, sente-se à margem, na solidão perdido, uma dor profunda, na alma entristecida.
O perdão é um delicado sentimento de pura nobreza que se pode conceber, pois dá abrigo aos desvalidos e conforto aos oprimidos
Todo espírito que um dia almejou ser livre, foi o opressor de hoje para logo em seguida ser o resignado de amanhã
Eu realmente odeio me sentir oprimida por ordens desnecessárias, perseguição política, pressão no trabalho, vigilância sobre meus atos e ações. Fui chamada a liberdade que já me libertou.