Ontem à noite
"ALEGRIA URBANA"
Dia do amanhã apagado na noite sombria do ontem,
Saio para ver o céu e desperto a solidão,
Adormecida em uma penumbra de um entardecer.
Vago a procura de artifício do esquecimento,
Concentrado em frascos cilíndricos verde.
Desperta uma alegria urbana acumulada,
Escuto as batidas de um percussionista,
Evacuando em meios as nuvens de fumaça.
Notas trocadas por notas,
Atitudes trocadas por notas,
Esperanças trocadas por notas,
Penso na desgraça de uma sociedade sem sonhos,
Aculturada por um sistema que gera miséria.
E ainda sim, tem momento de alegria urbana.
Abel Alves
31/10/2007
E a chuva de ontem varou noite a dentro, continuando a molhar nosso solo manhã a fora...
mel - ((*_*))
Ontem à noite tu me ligaste; um sorriso nasceu em mim.
Viajei nos teus olhos; castanhos e doces.
Relembrei o dia que tu encostaste tua face na minha;
Meu ser transbordando em teus toques suaves
Navegando na subjetividade do teu amor,
Enquanto tua voz ecoava sublimemente
Dizendo-me que amavas o cheiro que exalava de mim.
Senti meu amor transbordando em toda magnitude.
Tu me olhavas de um modo tão teu; perdia-me nisto;
Expressavas uma intensidade de luz que meu peito ardia;
Nas noites de insônia; tu me vens à memória.
Deixo-me pensar em ti enquanto a noite dorme;
Encontro a cor dos teus belos olhos
Enquanto a fina neblina nasce fria em mim.
Um vento de lembranças circunda meu sentir; vem de ti, bem sei.
Revejo as tuas marcas envolvendo teu peito;
Cicatrizes deixadas em forma de versos;
Se tu soubesses, como as tenho amor.
É como se em parte, pertencessem a mim;
Amo você com todas as minhas forças; para ser sincera;
Desde o dia que meus olhos encontraram os teus,
Naquelas noites em que tu foste só meu.
Ela disse "Você voltou a ressonar ontem à noite". Ele ouviu "Você tem que respirar?"
O amor por terra
O vento derrubou ontem à noite o Amor
Que, no recanto mais secreto do jardim,
Sorria retesando o arco maligno, e assim
Tanta coisa nos fez todo um dia supor!
O vento o derrubou ontem à noite. À aragem
Da manhã gira, esparso, o mármore alvo. E à vista
É triste o pedestal, onde o nome do artista
Já mal se pode ler à sombra da ramagem.
É triste ver ali de pé o pedestal
Sozinho! e pensamentos graves vêm e vão
No meu sonho em que a mais profunda comoção
Imagina um porvir solitário e fatal
É triste! – E tu, não é?, ficas emocionada
Ante o quadro dolente, embora olhando à toa
A borboleta de oiro e púrpura que voa
Sobre os destroços de que a aléa está juncada.
COTIDIANO EM FAMÍLIA...
Ontem próximo as 23 horas, eu e Paula como de costume encerrando a noite com ,,um filme no pc, quando de repente o telefone toca! Já meio apreensivo atendi e a voz desesperada da minha filha Kallinca que mora num apartamento a doze andares abaixo do nosso, pedia socorro pois a irmã Izabella havia chegado da faculdade, cheia de fome depois de um dia de trabalho e mais algumas horas estudando e o fogão embora estivesse com o botijão cheio, não acendia nenhuma das bocas! Descemos eu e a mulher para ver o que estava acontecendo! Olho daqui, olho mais ali e nada...eis que Paulinha curva-se por trás de mim levanta a alavanca da válvula de passagem do gás e olha que o fogo apareceu lindo ,colorido e diga-se de passagem, quente, pronto para fazer a comida das meninas! Ah...antes que alguém pergunte, minhas filhas não são loiras...nem eu!
O Tempo
Ontem e hoje, manhã ou noite, agora e o depois, não importa o momento, o tempo nunca carrega mágoas.
Ele não é implacável, tirano e nem cruel. Ele é leve, livre e suave como a
doce fluidez das águas.
Sempre corre, brinca e nunca cansa, como a criança do mais puro coração.
Constrói pontes, cria histórias, músicas e danças. Permite relembrar cada emoção.
Em seu fim, existe o recomeço. Uma verdadeira viagem de eterna duração.
E ensina o quanto somos infinitos e finitos por melhorar e que não importa quanto tempo dure, certeza é que sempre chegaremos lá.
Essa noite dormir pensando em você
Hoje, ontem, muito antes pensei em te ver
Imaginei cenas que sei que nunca vão acontecer
Na ponta da língua tenho tantas coisas pra te dizer
Na ponta da língua queria te conhecer
Você pode até não crer
Mas pensar em você me da calafrio
Imaginei e novamente um arrepio
Aquele olhar que só você faz
Que tira meu sono, perturba minha mente e tira minha paz…
Depois da tempestade de ontem a noite,
Nada melhor que hoje esse amanhecer
Lindo!
As águas caídas de ontem, levou com ela tudo que tinha de ruim.
hoje você pode fazer um novo dia,
Dia de ser feliz
Dia de correr pelos os objetivos
Dia de agradecer por estar com saúde
Dia de amar sua família e dizer que os ama.
Noite
Ontem, no orvalho da noite, sentei na porta de casa como quem aguarda a chegada de alguém.
Fiquei ali, quieta, sentada por um longo tempo. Apenas o som da noite se ouvia...
Já não era a primeira vez, percebi que já fazia parte da rotina: Esperava a companhia de quem nunca aparecia...
“¬ - O que me levou a crer que esta noite seria diferente? ”, pensei.
Sentei na companhia de ninguém.
Ninguém me perguntou nada.
Ninguém me abraçou.
Ninguém sentiu minha solidão...
Então olhei e percebi que não era a única solitária, havia também a lua, as estrelas, a noite...todas nós, independente da distância, compartilhávamos a mesma solidão...
Isso fez-me refletir até tomar uma singela decisão:
Fiz companhia as estrelas e agradeci a lua por aparecer.
Não era necessário mais nenhuma pergunta.
Pois a noite me abraçou e a solidão passou a ser parte apenas de um passado não tão distante...
Quando a noite chega tudo fica claro, a poesia vem até mim, entre o ontem e o hoje escrevo o amanhã...
(RC)
"ONTEM eu tirei a
noite para contemplar
a tanto , tempo que eu
não olhava para o céu
para admirar a beleza
das estrelas , ficou
esquecido , com a
correria da vida , a influencia
da mídia .
SEM perceber , nos entramos
num estado robótico , a mídia
nos absorve tanto com : noticias ,
fofocas de celebridades , ficamos
na espera de novas noticias da
mídias é acabamos esquecendo
de nos mesmos , acabamos não
tempo opinião própria , não pensamos
pela nossa cabeça , não somos nos
que pensamos é a mídia que pensa
por nos !
Ficamos tanto tempo preso a celular
em mídias sociais , em programação
TV é qualquer outra forma de mídia .
A opinião de uma suposta celebridade,
que surge a toda hora , se torna verdade
sem parar para contestar .
Todas os meios de se comunicar , vieram
para ser um complemento é fazem bem
a sua parte ! o que uma suposta celebridade
fala é ele que pensou é falou! não você !
Pare por um tempo , desligue a TV , o computador,
o celular por um tempo! de mais tempo para você,
seja você sua celebridade , você é inteligente ,
ousa a sua opinião , veja a vida do ponto de
vista seu...
►Depois Que Te Perdi
Ontem à noite eu sonhei com você
Pensei que já tinha te esquecido
Mas, de suas lembranças não consigo me abster
Em pensamentos eu guardei mais que seu nome
Me lembro do seu aroma doce
E é difícil dormir sozinho nas frias noites.
Eu não tive a oportunidade de usufruir
Você levou suas roupas e desistiu de mim
Eu pensei em te seguir, pedir para voltar
Mas sei que não iria me dizer sim,
E eu provavelmente começaria a chorar
Não sei se meu erro foi as constantes ausências,
Ou a minha frágil paciência
Gostaria de poder, ao menos, me desculpar
Mas você realmente fugiu de mim, e veio a se mudar
Não sei onde você está, mas não tema,
Não irei te procurar, te deixarei em paz.
A saudade que antes era fraca, hoje me arrasa
Pensei que poderia evita-la, mas meu plano foi-se pela estrada
Comecei a pensar que jamais encontraria alguém especial
Mas este pensamento se virou sendo apenas normal
Porém, ainda não estou pronto para me aventurar,
Os pedaços do meu coração preciso colocar no lugar
Eu estou chorando para as paredes, estou me expondo
Apenas para expulsar a dor que está me martirizando
Um dia melhor eu estou esperando, implorando
Quem sabe eu tenha cometido um engano?
A culpa é tão pesada
Minha tristeza por te perder me impede de sair de casa
Se ainda fosse possível, te pediria por outra chance
Mas talvez há lógica em não ter, pois não seria como antes
A desconfiança provavelmente iria nos atrapalhar,
E não teríamos mais aquele clima de romance.
Gostaria de pedir desculpas,
Mas agora somente a parede me escuta
O que faria o poeta se este perdesse sua musa?
Eu perdi o brilho que vinha da Lua
Ah se você pudesse escutar minhas súplicas,
E voltasse para cá, mas sei que a situação nãos seria justa
Se errei, e eu sei, devo arcar e sofrer
Aqui quero apenas escrever que sei que te magoei
Desculpe não ter sido seu príncipe,
Saiba que eu queria mesmo ser.
Sigo meu caminho, agora vazio
Você levou seu perfume, seu brilho, seu sorriso
Hoje o mundo que vejo é diferente
Não vivo como antes, sou apenas um ser ambulante
Às vezes deixo cair lágrimas desobedientes, quando lembro da gente
É impossível não despencar,
Quando olho ao meu redor e vejo que você não está
Às vezes é difícil encontrar um motivo para continuar
O meu coração está tão frio, que logo estará no açougue
O que me alegra é os sonhos que tenho a noite.
Ontem eu passei a noite acordada. De novo. Foi a oitava só este mês e ainda estamos no dia treze. Hoje eu to quebrada. Ontem eu te vi postar duas fotos na balada, numa delas você tava cercado de meninas que eu nem conheço. Elas não eram suas amigas, eu sei disso. Uma delas te segurava com certa intimidade, não adianta dizer que não porque eu também já te segurei daquele jeito. Hoje você me enviou uma mensagem, "oi tudo bem? to com saudade, quando a gente vai se ver?". E eu chorei porque a minha única vontade era de te pedir pra vir aqui agora e esquecer que no último ano nós já terminamos e voltamos uma centena de vezes.
Ontem eu quis morrer e nem é exagero, você sabe que eu não sou de aumentar nada do que eu sinto. Hoje eu sobrevivi. Levantei, passei o café, assisti um novo episódio da nossa série favorita e me perguntei porque sou sempre eu que passo as madrugadas em claro vendo você se divertir. Ontem eu acompanhei os seus snaps, você tava tão bêbado e cantava as nossas músicas pra outras garotas e aquilo corroeu todos os meus órgãos até afetar a minha respiração. Hoje cê quis falar de amor, não entendeu porquê eu tava tão seca e disse que eu não tenho o direito de te cobrar de nada, que nós não estamos namorando e eu fico patética quando me comporto assim. E eu chorei mais um pouco porque no fundo você tem razão. Você é solteiro e eu patética.
Ontem eu lembrei das promessas que você me fazia no começo e de como eu acreditava que a gente era pra sempre. Hoje eu não consegui enxergar verdade nas nossas fotos. Meus olhos brilhavam em todas elas, mas os seus... Os seus eram opacos, foscos, ocos. Tava tão na cara, como é que eu nunca me dei conta? Ontem eu desejei estar em outro lugar com outra pessoa, quis não ter me apaixonado por você e não sentir o meu coração se contorcer da forma como se contorcia enquanto você dançava agarradinho com uma menina que cê não deve nem saber o nome. Hoje tudo em mim doía. A cabeça, a alma, o corpo. Ontem eu te escrevi um texto gigante, mas apaguei porque nem todas as palavras do mundo seriam capazes de expressar o que eu sentia. Hoje você desligou o telefone na minha cara porque não dá pra conversar com gente louca.
Ontem eu tentei entender o que é que cê tem de tão especial pra me fazer passar por cima de tudo e ignorar o meu próprio orgulho. Hoje eu percebi que não é nada. Você não tem nada de especial. Nunca teve. É só mais um desses caras comuns que acha que o mundo gira em torno do próprio umbigo. E o meu girava mesmo. Girou por um bom tempo. Acordei e dormi pensando em você por mais dias do que eu poderia contar. Acabei me tornando uma menina insegura, capaz de aceitar qualquer migalha pra não correr o risco de ficar sem nada. Ontem eu refleti sobre quanto tempo eu ainda vou ter que te esperar se dar conta de que sou eu. Hoje eu percebi que não tenho mais tempo pra te esperar.
Ontem eu desmoronei por sua causa e nem foi a primeira vez que eu fiquei assim. Ontem eu desmoronei e hoje você veio cheio de desculpas prometendo que ia me ajudar a reconstruir os meus pedaços. Ontem eu me dei conta de que tava sozinha. Não que eu já não soubesse disso antes. Eu sabia. Mas ontem eu não consegui me enganar, não consegui me convencer de que era só uma fase e logo tudo voltaria ao normal. Nós nunca estivemos normais. Hoje eu dormi a tarde inteira, acordei com o celular lotado de chamadas perdidas e mensagens em todos os lugares possíveis. Ontem sangrou cada poro meu. Hoje você confessou que "eu exagerei, não devia ter te tratado assim, desculpa". Eu te desculpo, mas não te aceito de volta. Ontem eu percebi que você não cabe mais no meu hoje.
Faleceu no inicio desta madrugada, à meia noite
em ponto, o "Dia de Ontem", que segundo
algumas pessoas, já fora tarde, e para outros,
deixou saudades imensas, um gostinho de
realização inesquecível.
Para algumas pessoas, o dia de ontem demorou
demais para passar, foi longo e tedioso, marcado
por momentos de dor e sofrimento, para outros
passou rápido demais porque marcou o
nascimento de mais uma vida, a descoberta do
amor, a possibilidade de um novo emprego, a
esperança de uma nova amizade.
O dia de ontem será lembrando por algumas
pessoas, pela dor ou pelo amor, mas muitos não
conseguem reter sequer uma lembrança do dia, não
se lembram sequer o que comeram no café da
manhã, outros nem tiveram o prazer de fazer uma
refeição.
Muitos guardarão impressões para sempre, porque
o dia de ontem marcou o fim de um antigo
relacionamento, a morte de um ente querido, a
demissão do emprego tão necessário nessa época,
a reprovação naquela prova tão importante, a
briga familiar que deixou todos com vergonha de
si mesmos, e outros estão dormindo rindo,
sonhando com anjos, pois no dia de ontem
realizaram um sonho...
No meio dessa notícia da morte do dia de ontem,
Deus em sua generosa misericórdia, manda-nos a
Boa Nova todos os dias, sempre no primeiro
minuto após a morte do dia de ontem: nasce o
"Dia de Hoje", onde todos nós, invariavelmente
temos a oportunidade de marcar com as nossas
atitudes, essa data para sempre, com alegria ou
tristeza, com amor ou revolta, com mais trabalho
ou preguiça, com desejo de mudar ou conformismo
de sempre.
Ai está o nosso presente: o "Dia de Hoje" que se
renova em esperanças, na certeza de que somos
nós mesmos, os donos do dia, de cada minuto que
nos compete trabalhar, e por isso mesmo, o sol
que se levanta brilha para todos, mas é preciso
que você saia da sombra e o busque para aquecer
seu coração para este dia seja mais do que uma
lembrança, seja inesquecível e para sempre,
o dia mais feliz da sua vida.
Meu pai e o mágico - minha lembrança...
Ontem eu sonhei com meu pai a noite toda, e deu aquela saudade imensa dele. A gente sempre teve um bom companheirismo, sobretudo na fase adulta, riamos das mesmas coisas e de vez em quando passávamos horas vendo filmes.
O que me fez remeter uma lembrança antiga, de uma única vez que levei um cascudo dele; e pensando hoje: bem dado, fiz por merecer.
Era um mês de julho chuvoso em São Paulo, não parava um só dia de chover, eu de férias com 11 anos, minha mãe teve que viajar para o nordeste com meu irmão e só tinha em casa eu e meu pai. Meu velho trabalhava de motorista de frota de ônibus quase o dia todo, só retornava à noite, eu ficava na vizinha, mas chovendo e cheio de ordens dele para não dá trabalho, eu quase tinha virado um monge budista mirim.
Com minha mãe eu aprontava, apanhava, mas dava para levar, porque quase não doía nada e ela já estava acostumada com minhas zoeiras de brigar na rua, escalar paredes, subir em árvores e etc. Já com meu pai que quase não sabia dessas coisas e visto a sua postura austera, eu não tinha a menor ideia de como ele reagiria. Só imaginava uma surra tremenda e um sermão das montanhas quando terminasse.
Então por uma semana e meia eu me portei exemplarmente! Até que na sexta-feira seguinte, fui como sempre à banca de revista para comprar um gibi da Marvel, quando me deparei com uma revistinha que ensinava “Aprenda a ser um mágico”; putz! Gamei na hora! Investi toda minha mesada de bom menino que meu pai me deu nessa revistinha de mágico; até porque vinha nela um brinde: “Fósforo mágicos”. Consistia numa caixa similar a qualquer outra, com palitos iguais, nada de mais de diferente, entretanto “explodiam” feito bombinhas de São João. Nessa época nada era politicamente incorreto e pregar peças ou comprar coisas assim era o show. Comprei a tal revista, levei para casa e contei 24 palitos de fósforos “mágicos”, testei três deles, e realmente fazia barulho e emitia uma luz azul clara intensa.
No sábado meu pai ficaria em casa o dia todo, e lógico que eu apresentaria meu número principal a ele; assim pensei...
Nesta manhã, meu pai acordou cedo, foi lavar roupa nossa no tanque, não me chamou para ajudar, fez meu café e deixou-me acordar tarde. Quando eu tomei o café fui varrer a casa e passar pano, e ele me dizendo como era bom ajudar a mãe nessas coisas, e que não podíamos deixar a casa suja para quando ela voltasse. Enfim fizemos uma faxina completa, roupas lavadas, tivemos que deixar secando atrás da geladeira algumas e outras dentro do banheiro, improvisando um varal porque ainda chovia, mas fino, uma garoa no sábado em São Paulo. Meu pai avisou que iria fazer o almoço e depois iria jogar sinuca no bar do japa no bairro, me deixaria ir para jogar nas máquinas de fliperama porque eu estava sem brincar fazia dias. Lógico fiquei todo alegre e resolvi aprontar à mágica rapidamente, sem ele saber, afinal mágico que é mágico não revela seu truque, né?! Esperei que ele saísse da cozinha e troquei a caixa de fósforo normal pela do “mágico”.
Fiquei como um totem, duro, tenso na cozinha, esperando ele ir ligar o fogão para ver sua reação.
Não demorou não! O velho veio da sala pegou a frigideira e a carne que já estava toda temperada por ele previamente, e colocou as tiras de filé na frigideira e também foi colocando as panelas de arroz e feijão, ocupando todas as 04 bocas.
E minha hora chegando, a hora que eu mostraria um grande truque de mágica. Estava igual pinto na merda, ansioso com o evento que se aproximava. Meu velho pegou a caixa e nem olhou nada e começou abri-la pegando o primeiro fósforo... posso dizer a você que leu até aqui, que na minha cabeça isso tudo era como câmera lenta, eu estava muito focado na ação dele, e nem respirava de emoção com o desfecho chegando. E pronto, meu pai escolheu a panela da frigideira como a primeira à ser acesa... e assim riscou o fósforo bem pertinho da boca, o que eu achava antes que seria feito de longe, mas não... ele fez debaixo da frigideira, colado com a boca do fogão... e a mágica aconteceu:
- Foi um tiro de bala praticamente. A casa toda fechada e só nós dois, o eco foi de um revolver sendo disparado. A tensão toda fez meu pai sacudir a frigideira para o alto e o clarão azul tomou conta da cozinha; porque ele não pegou um, mas dois ao mesmo tempo para acender. E nisso todas as panelas caíram do fogão, pelo medo dele, saiu batendo e se apoiando em tudo que era canto da cozinha, principalmente querendo me proteger, só sei que na hora eu emiti um riso de nervosismo e por achar muita graça mesmo, dei aquela gaitada ampla de moleque o que me fez entender porque é que nunca tinha apanhando antes... Senti no rosto uma mão quente e dura sacudir minha cabeça igual um melão vindo no carrinho de feira e um cascudo tão grande que ele chegou a estalar os dedos nela só com o cascudo. Eu, nem tive tempo de chorar, corri feito menino com medo de apanhar e voei pela janela como um passarinho que descobriu uma fresta, na gaiola - fui parar na rua, enquanto eu o ouvia abrindo a porta e correndo a trás de mim.
Fiquei lá o dia todo, até a noite, enquanto ele prometia que o mágico iria ver a varinha balançar no meu traseiro. Não adiantou eu explicar lá de longe que era um número de mágica. Não adiantou eu fazer promessas. Não almocei, e a vizinha foi intervir e ficou comigo até que ele se acalmou. À noite fui pra casa e não apanhei, ele também não disse uma só palavra, por dez dias, ficamos calados dentro de casa. Até que minha mãe chegou e botou ordem. Fui rebaixado de mágico oficial para leso oficial. E nunca mais pude comprar coisas desse tipo e por 04 meses não li gibi algum.
Antes de morrer, meu velho ainda se referia a isso a todo mundo que perguntava sobre minha infância. Ele ria muito, porque agora ele achava graça, mas na época pensava que o botijão tinha explodido ou algo assim. Valeu pelo sonho meu velho...
Essa noite será diferente... Não mais terei você ao meu lado... Ontem você era meu presente... Hoje você é o meu passado...
- Ontem a noite foi quente 66 Passei a noite pegando o travesseiro...
- Hoje vai ser mais quente ainda, vou dormir com 2 cobertores.
TERNURA
Ontem à noite
Dormias o sono do guerreiro,
Ali diante de mim.
Te olhei e me deliciei,
Te fotografei
E no album da minha memória
Te guardei.
Ali diante de mim,
Descansando,
Mirei teu corpo
Em toda a sua plenitude,
Te amei com o meu olhar...