Olho
Olho para trás e sinto saudade do que ficou e foi bonito, mas meu hoje é carregado de esperança de que tudo volte com outra roupa e seja ainda mais lindo.
Quando olho para retrovisor da vida percebo o quanto Belchior estava certo ao afirmar que:
"Apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos
e vivemos como os nossos pais."
A hipocrisia causa um problema de visão invertida em nossos julgamentos. A trave em nosso olho não é percebida, mas o cisco no olho do próximo não é desapercebido. O nosso erro grande não é visto, mas o erro pequeno do próximo é visto como se grande fosse!
Quando olho no espelho, acho que estou enlouquecendo.
Não consigo acreditar que tenho apenas
180 anos!
Sou um eviterno vagabundo,
nesta vida consumida pelo medo;
olho prá vida vejo um tecto moribundo
cheio de restos, de prisão e de degredo.
Apalpo os dias que me passam ao redor,
com a vontade que me dá o velho tacto;
provo premissas sem tempero e sem sabor,
feitas de um rosto macilento e abstracto.
Neste percurso sinuoso aos solavancos,
nesses atalhos procriados nos invernos,
passo barreiras rodeadas por barrancos,
pelas ombreiras lá dos quintos dos infernos.
Fiz-me um ser errante, emaranhado,
deambulando pela dita paz no mundo;
sou fora daqui, sou de outro lado...
Sou um eviterno vagabundo!
A gente precisa de toque; olho no olho,
A gente precisa de conexão,
A gente precisa se sentir importante; amado,
A gente precisa de presença física,
A gente precisa sentir segurança; do abraço,
A gente precisa se sentir acolhido,
A gente precisa de um ombro,
A gente precisa de suporte,
A gente quer se sentir especial.
Todo mundo está buscando isso, é que as pessoas não se conscientizam, e se perdem em tantos estímulos que tem. Mas se a gente parar e pensar: Espera um pouquinho, o que eu estou fazendo na minha vida que está de fato alimentando a minha essência?
Quando olho para a Cruz de Cristo, percebo que o "Juiz" que existe dentro de mim, pronto para julgar quem erra Comigo, precisa ser crucificado!
"Quando olho para a direita ou para a esquerda não olho para frente, quando olho para frente não olho para cima, quando não olho para o céu volto para trás".
"Quando olho para o futuro, vejo-me na pré-história como um homem da caverna, sonhado com um esqueiro e luz elétrica."
Quando olho para trás, 10, 20, 50, 100 anos, essa mesma sensação é a mesma que se eu estivesse em 2124, olhando para o meu eu do passado.
A vida não é curta, mas quando olho para trás, tudo parece que foi ontem.
Renasci 5 vezes neste período de vida, faço aniversário com meus filhos, eles são o meu renascer, a extensão e continuidade do meu ser.
À custa do seu reflexo nas margens do espelho dos olhos alheios
Vivendo...
Metade do olho redondo aflito nas gotas da chuva refletido.
E sendo, estando... no rastejar da vida.
Quem dera pudesse ser mais que uma cápsula, querida.
Ser mais que um vulto no tempo.
Teus olhos, teus olhos lívidos e flácidos!
Templo dos meus tormentos,
Calabouço das feridas,
Ou, simplesmente, ferro em brasa.
Mais só em mim
Que a outros nada transfere tua infeliz melancolia.
Só a mim espanta seus espasmos, seu assombroso desejo de não ser.
Só meus olhos nos teus refletem e.
Desce do precipício da vã melancolia
Trás a alma ao corpo e fia o resto, sem pretéritos imperfeitos.
As caras perguntarão:
É tua essa frieza?!
São sabem que dorme nas correntezas. Pedra da feroz cachoeira.
No âmago treme de frio pelo vazio dos corpos. Pela cor opaca das nuvens.
Abraço-te a mim, abraço.
Os braços colados. Dispersos...
Cedo ao movimento das ondas da cachoeira.
Abraço o reflexo das ondas.
Procurando doidamente
por você,
Olho para o céu,
e lá você não está;
- Porque você em mim habita
E para sempre reinará...
Busco explicações
no voo duplo dado,
Apreciando a cumplicidade
das gaivotas,
É tua essa alma
e esse coração apaixonado,
O amor para muitos é
praticamente inútil,
E para outros é um
planeta que não foi habitado.
Quem dera, quem dera...
Que o homem fosse
como a gaivota,
Não haveria nessa vida
nenhuma quimera,
O mar revolto se tornaria marola...
Vendo o Sol se pondo
entre as areias,
Como uma hóstia no sacrário,
Tenho o teu amor
como um relicário,
Crendo nas larguezas,
grandezas e firmezas.
Crendo, crendo, crendo...
Que o amor vai além do vento...,
E que ele supera todo o tormento,
Capaz de dissipar
a névoa do sofrimento;
Existindo como o mais
santo e sacro sentimento.
A tua presença é percebida,
- olho para o céu e te aprecio
Percebo-te divinamente,
Presença boa no coração,
E que apazigua a mente.
Tens tudo de mim,
- sou capaz de prosseguir
És o meu ar - o meu tudo,
Por ti navego pelo mundo,
- entrego-me sem fim
Para o meu Senhor do tempo.
A tua presença fluída,
É expressão do amor,
Por ti escrevo poesia,
Faço-a com bom ardor.
Ossos, músculos e sentimento,
- és completamente meu.
Não calo para o mundo nem
Por um instante - o amor amante.
Imagem e matéria fulgurante,
Não te perco, e nem me faço errante.
Trago em mim esse amor valente,
Existe gente que se engana que sente,
Eu sinto-o verdadeiramente,
Seguindo a vida encantadoramente,
Como um rio calmamente
Levando o barquinho tranquilamente...
Olho para o horizonte,
Sinto você bem longe,
Ainda insisto em te seguir,
a tua atenção,
Cadê o meu coração?...
Não faça mais isso não.
Quero morar em ti,
Você já mora em mim,
Não me canso de escrever,
Tantas são as minhas trovas,
Já te dei tantas provas, enfim;
Deste doce amor sem fim...
Não deixa de ser um idílio,
Tentar te colocar no trilho,
Sou uma rosa intrigada,
Às vezes sinto-me deixada,
E me faço estrelada,
Para ter a tua atenção voltada.
Cada corrente, cada brisa,
Faço frente, maresia,
Estou na areia da Praia do Amor,
Esperando que admita,
Que sem mim não há poesia,
E também não há alegria.
Quero mais de um milhão de beijos,
E morar no paraíso dos teus desejos,
Quero ombro, quero colo,
Seguindo muito além,
Do teu respeito - quero o teu amor inteiro.
Em profundo espírito de oração,
Olho para o céu perguntando:
- Foste tu o meu coração?
Ao menos estás aqui dentro,
Um bom motivo para fazer
Companhia para a sombra,
poesia e água fresca.
É um alento trazer-te para cá,
Só a poesia que é que me concede
Tal possibilidade embalada nessa rede,
E escrevendo uma prosa
de que tem sede e morre de amores.
Pode ser que sim, pode ser que não,
Se [realmente] foste tu
O meu coração, você está aqui
embalado por verso, poema e canção.
Hoje mesmo sem ter você por perto,
Tenho um balneário como companhia,
Viverei grande como a poesia do mar,
Navegando nas letras e agarrada
aos cometas - descobrindo o quê é amar
- sozinha -
Minh'alma não te alcança, confesso,
Não te alcança por continuar em lira
Para talvez embalar outros versos,
e amores que sequer foram descobertos.
Talvez o exílio do amor seja a missão,
para os poetas emplacarem com paixão,
e mexerem com toda essa gente
que foge até da emoção,
gente que finge que não sente,
e finge até que não é gente!...
Talvez você sequer tenha me desejado,
sinto por não tê-lo feito apaixonado.
Portanto, amor, mesmo que você não
fique do meu lado, e encontre outro
amor: continuarei escrevendo para você
não se esquecer que um dia alguém nessa
vida te escolheu para viver-te como amor.