Ofensa em Familia
Entre a ação e a reação, existe um espaço maravilhosamente infinito onde reside minha inalienável liberdade de escolha sobre qual resposta oferecer a cada evento.
O sábio sempre está apto para ouvir e filtrar críticas e elogios.
O tolo se ofende ao ser corrigido!
Um invejoso não espera que você sucumba, simplesmente. Ele se ofende com suas perspectivas, com seu progresso e com sua forma de lidar com o processo como um todo. Inveja é a ofensa declarada à toda e qualquer possibilidade de triunfo.
Vivemos em um mundo onde as pessoas facilmente se ofendem mas dificilmente se preocupam com as outras.
Dizer o que pensa ou se calar? O que importa sua opinião para quem não a quer ouvir? O silêncio no momento certo é, muitas vezes, mais impactante que qualquer ofensa verbal.
Crimes de intolerância e a liberdade que ofende.
Ser livre é uma definição muito ampla e pode variar de acordo com os valores e circunstâncias de cada pessoa, e sabemos que a liberdade plena não existe.
Mas é possível usufruir de alguma autonomia sobre as nossas escolhas, desejos, prazeres e sonhos, desde que consigamos "bancar" isto.
Bancar financeiramente, bancar socialmente e acima de tudo, bancar psicologicamente, enfrentando os atravessamentos que questionam estas escolhas, desanimam, apontam erros ou até pecados.
Desta forma, aquelas pessoas que persistem em sua autonomia podem ofender intensamente aqueles que não "bancam" uma vida autônoma e optam por uma vida enquadrada, emoldurada por algum padrão filosófico/religioso/moral de conduta.
Pois se enquadrar é abrir mão de um grande percentual da liberdade em busca de algo, seja segurança, aprovação, salvação, reconhecimento...
Assim vemos que muitos crimes de intolerância são motivados por um sentimento de ofensa, e não se limitam a questões religiosas, pois machismo também é dogma e atravessa dos religiosos aos ateus.
O que ofende é que eles podem.
Que estas pessoas demonstram com seus atos um desinteresse nas tradições, nos dogmas. Elas não limitam suas vidas ao que esperam delas, elas vão além e fazem suas escolhas, bancam suas existências para além das molduras, e isso muitas vezes ofende aos encaixotados, que vivem suas vidas em armários, tentando esconder suas fantasias, seus desejos, seus próprios conflitos e optam pela falsa anestesia da segurança ao conflito da liberdade.
E quando um outro banca sua liberdade, vive suas escolhas, mostra que esta vida é possível e involuntariamente promove em alguns um colapso na estrutura de segurança deste sistema de opressão dos sujeitos, que para sobreviver busca a eliminação das diferenças, afundando todos em um mesmo buraco.
Você foi ofendido? Mais uma oportunidade. Agora você pode escolher entre gastar tempo e energia com a ofensa, ou no que ainda pode acontecer.
Para muitos defeitos físicos existem formas de serem eliminados ou atenuados. Contudo, para os defeitos do espírito, principalmente o preconceito, se a pessoa que os portar não corrigi-los e não se redimir perante Deus e a quem porventura tenha ofendido, eles voltarão contra ela, em dobro, nessa vida ou em outra, inclusive depois da sua morte.
Acreditem , ninguém tem o poder de nos ofender, pois somente somos verdadeiramente atingidos quando permitimos isto. Lembre sempre, que quando alguém quiser nos dar um "presente" , se não aceitamos, com quem fica este presente? Embora seja simples mas não seja fácil, o melhor remédio contra qualquer ofensa é simplesmente desprezá-la e no minimo sua saúde vai agradecer...
Eu sou assim, quando me sinto ofendida, queria ter respondido, queria ter dito isso ou aquilo, queria ter revidado com essas palavras não com aquelas que disse, sempre tenho respostas para tudo, para uma ofensa, para uma calúnia, para um mimimi, sustento a minha versão dos fatos, custo a desapegar que o outro não falou por mal, não quis ofender. Mas consigo desvincular de uma forma perspicaz o bom dia, do mau dia. Todo mundo erra, inclusive nós.
Para mim que tenho respostas para tudo, posso afirmar que parece que queremos ganhar o tempo todo, queremos ser ouvidas, compreendidas, aparentemente soa como necessidade de firmar uma posição, falta às vezes tempo para tentar compreender o outro, perguntar o porquê da discordância, da agressividade, da ignorância cometida, mas ao contrário, escondemos nossas perguntas e nos fechamos em rancor.
De nada serve a coragem das respostas instantâneas, dos conceitos estabelecidos, de tudo fazer sentido, mesmo que só para você. De nada adianta semear dentro de si, cada detalhe exposto em ritmo de câmera lenta. Todo ato gera consequências, garanto que ter respostas prontas traz consequências desagradáveis.
A simples terapia funcionou comigo, ajudou-me a entender meu lado complicado, a assumir o peso da prepotência, a deixar os complexos de lado sem destacá-los, a entender o que de fato é precioso e rico para mim, mas não foi fácil, senti a dor da adaptação, escolhi perder certas estruturas enraizadas na minha cabeça e finalmente entendi as razões das coisas.
Opressão é fruta venenosa, tem gosto de vida que não renova, suga do dia toda a energia e mostra-se aparente, a quem o ofende, a diferença de um ser, entre ser só mais um.
"Paciência; algo que a partir de hoje, irei em busca. A verdadeira paciência é capaz de ouvir a maior ofensa e mesmo assim, não deixar que isso afete mentalmente. É conseguir ficar calado, mesmo sobre estresse. É conseguir raciocinar e manobrar as coisa sendo vagaroso. Impossível?
Bem, talvez hoje em dia quase seja, de fato. Mas o impossível é só uma opinião, não um fato, então não justifica a minha possivel desistência. Só consegue aquele que se esforça, então por que desistir tão fácil?"