Observar
As vezes eu olho o mundo, as pessoas e me pergunto; Porquê? Não encontro as respostas, e então continuo a observar. Nisto me dei conta de que este é o problema! Eu apenas olho, nós apenas observamos, e se eu quiser fazer alguma diferença, deverei sair deste posicionamento, pois nele nos acomodamos. Eu preciso agir, nós precisamos agir mais. Então comece, pare de olhar.
Olhou até o ponto mais distante que pôde perceber da sacada, e considerou que teria em sua vida tudo até onde seu ponto de visão alcançasse. Seria tudo dele; até onde pudesse ver.
Saltar para um mergulho nas artes. Voar pela desorganização. Um peteleco sutil nas cartas dos costumes e tradições. Um sopro forte e gelado para dispersar o hálito de um preconceito estúpido.
O pressentimento como campainha, mas com o som abafado. A ansiedade do jogo em um tabuleiro onde faltam peças. A censura esquecida, e uma liberdade ensinada. O espaço para o novo, onde o estranho é a descoberta.
Os olhos... Lavavam-se em preocupações. Mas um ponto de luz não deixava de insistir, valendo-se da hora errada para aparecer. Entretanto, não dava mais para se esconder.
Esperou então, lúcido, pela hora de sair.
Naquele verão, ao ligar o ventilador, olhou o sol pela janela, enquanto as cortinas balançavam. Do céu da tarde, fez-se espontâneo a saudade... Tardes em que ficava no alto do telhado observando o brilho da cidade.
Mas a janela também se abria no sopro quente da noite abafada, quando o escuro era levemente banhado a energia estrelar, e sons de cigarra e ao cheiro de dama-da-noite... Ali, na proa da sua embarcação, ancorava toda noite ao abrir as janelas do quarto em que estava.
E era naquele último momento, quando passara o dia e terminava a noite, que o seu personagem estava inserido dentro daquela curta e doce trilha sonora, quando sonhos vibravam e a alma se fazia falar.
E foram tantos esforços para manter o vaso intacto, que todas as tentativas para quebrá-lo foram ineficazes. Desconheceram que, mesmo sem defesa, a caneta e o papel continuavam sendo a melhor denúncia. A sutileza pela escolha de uma palavra ali, naquele papel, representaria muito mais que um milhão de outras palavras.
Rodava ao ar livre um filme, cujo roteiro apresentava cenas reais da sua vida. Ficava claro no final daquele filme que, mesmo que não conseguisse o que tanto desejava, sentia-se satisfeito simplesmente por entender o propósito para aquele final.
Ainda lembro-me dos momentos em que lá cheguei. Lembro-me de desembarcar naquela noite, sem saber o que me esperava. Do alto daquela pedra no píer, apenas a luz de uma fogueira naquela imensa extensão de areia.
Ali, muitas coisas do mundo só poderiam ser vistas quando despertadas pelo próprio homem. E esta era uma tarefa feita somente através do som ou do toque da simplicidade. Somente assim, a riqueza continuaria perceptível para todos.
Dedicou àquela mulher o poema, e todos os lugares por onde passou com ela em seus pensamentos. Lembrou-se apenas de um simples sorriso que, de alguma forma, o deixava vulnerável a toda e qualquer vontade que viesse daquele encantamento.
E quando pensa no tamanho deste sentimento, entende que, apesar da distância, sempre será possível mantê-lo unido, sob o mesmo teto.
Se pudesse estar ao seu lado, diria que a carregaria com ele. Mas, por não poder, fica apenas com o desenho nas mãos.
Acordou antes que fosse tarde demais. Nos locais onde se dizia estar seguro, apenas questionavam se valia à pena saber mais sobre o que já estava à venda.