Observar
E foram tantos esforços para manter o vaso intacto, que todas as tentativas para quebrá-lo foram ineficazes. Desconheceram que, mesmo sem defesa, a caneta e o papel continuavam sendo a melhor denúncia. A sutileza pela escolha de uma palavra ali, naquele papel, representaria muito mais que um milhão de outras palavras.
Rodava ao ar livre um filme, cujo roteiro apresentava cenas reais da sua vida. Ficava claro no final daquele filme que, mesmo que não conseguisse o que tanto desejava, sentia-se satisfeito simplesmente por entender o propósito para aquele final.
Ainda lembro-me dos momentos em que lá cheguei. Lembro-me de desembarcar naquela noite, sem saber o que me esperava. Do alto daquela pedra no píer, apenas a luz de uma fogueira naquela imensa extensão de areia.
Ali, muitas coisas do mundo só poderiam ser vistas quando despertadas pelo próprio homem. E esta era uma tarefa feita somente através do som ou do toque da simplicidade. Somente assim, a riqueza continuaria perceptível para todos.
Dedicou àquela mulher o poema, e todos os lugares por onde passou com ela em seus pensamentos. Lembrou-se apenas de um simples sorriso que, de alguma forma, o deixava vulnerável a toda e qualquer vontade que viesse daquele encantamento.
E quando pensa no tamanho deste sentimento, entende que, apesar da distância, sempre será possível mantê-lo unido, sob o mesmo teto.
Se pudesse estar ao seu lado, diria que a carregaria com ele. Mas, por não poder, fica apenas com o desenho nas mãos.
Acordou antes que fosse tarde demais. Nos locais onde se dizia estar seguro, apenas questionavam se valia à pena saber mais sobre o que já estava à venda.
Quando abriu os olhos virados ao sereno, sentiu que as ilusões mantinham-se reais e guardadas em algum lugar. Bastava apenas acha-las, do contrário, não haveria sentido algum a percepção destes sentimentos.
São momentos em que o tempo deixa de existir. São cotidianos atípicos. São frutas distribuídas gratuitamente em praças públicas
No vilarejo das intenções, o inesperado: ele não questiona a espera. Não questiona, por saber que um dia irá chegar. Ele está apenas na estrada. Outros também estão, mas não se dão conta. É a fase mágica da vida.
Foi então que, cercado, o pegaram e lhe abriram até as entranhas do coração, para que o sentimento mais profundo fosse encontrado. A única esperança era que este sentimento estivesse guardado dentro dele.
Na busca desesperada pelo sentimento, ele permaneceu imóvel, de coração aberto e não se preocupou. Afinal, ninguém poderia roubar um sentimento assim.
Por isso, escutou novamente músicas marcantes. Leu textos que haviam dado novo sentido à sua vida. Saiu de casa, e embriagou-se com outros que, assim como ele, também brindavam àquela noite os melhores momentos proporcionados pela vida.
Quando voltou para casa, foi na janela e olhou novamente a luz intensa que vinha daquelas quatro estrelas. Desde então, até hoje, estão nelas, marcadas no céu, algumas das melhores lembranças da vida.
Entenderam, então, a importância do silêncio. Entenderam que o jogo correria muito rápido para que ficassem de fora gritando. Entenderam a necessidade momentânea do absoluto silêncio.
Se o acaso me deixar na mão, e os sonhos acerca do que há depois da linha do horizonte inclinar a ficar apenas pela imaginação, sobre a linha do horizonte restará apenas um significado: não esquecer os locais por onde não pôde entrar.
É uma pena de prata que guarda do céu. Tudo cabe dentro daquelas sacolas pesadas de dor. Lá no fundo, resta também um pouco do amor que guardou. Sozinho, construiu sua casa. Ela não tem portas, janelas, nem telhas. É uma casa sem direito às visitas, só ele sabe entrar.
Naquela casa, dorme sozinho toda noite. Os sonhos são sempre mais leves do que encontrava todo dia ao acordar. Mas, aos olhos do dono do tabuleiro, ele era a peça principal do jogo. Por isso, o isolava; era uma forma de lhe preservar. Fora do jogo, o seu confortável quarto estava preparado. Num lugar e no meio de pessoas que seriam incapazes de achar que, aqui, ele não teria onde morar.