O que Espera de Mim

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Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.

Nunca resisto às tentações, porque eu descobri que coisas que são ruins para mim não me tentam.

Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjetividade.

Quando procuro o que há de fundamental em mim, é o gosto da felicidade que eu encontro.

Se me apetece rir de um louco, não preciso de ir procurar muito longe; rio de mim mesmo.

Por mim, creio que estamos mortos há muito tempo: morremos no exato momento em que deixamos de ser úteis.

Jean-Paul Sartre
Mortos Sem Sepultura, 1946

Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.

Dentro de mim há dois cachorros: um deles é cruel e mau; o outro é muito bom. Os dois estão sempre brigando. O que ganha a briga é aquele que eu alimento mais frequentemente.

O mais próximo de mim sou eu.

Que a inspiração chegue não depende de mim. A única coisa que posso fazer é garantir que ela me encontre trabalhando.

A inumanidade que se causa a um outro destrói a humanidade em mim.

Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é tabu.

A cada manhã o mundo é novo para mim.

Sabemos tão pouco do que estamos a fazer neste mundo, que eu me pergunto a mim próprio se a própria dúvida não está em dúvida.

Lord Byron
BYRON, L. "Don Juan", M. Thomas, 1819

O estudo foi para mim o remédio soberano contra os desgostos da vida, não havendo nenhum desgosto de que uma hora de leitura me não tenha consolado.

Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,
Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.
Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui.

Mesmo quando não havia nenhuma esperança, sempre procurei dar o melhor de mim.

Noturno

Têm para mim Chamados de outro mundo
as Noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha
São turvos sonhos, Mágoas proibidas,
são Ouropéis antigos e fantasmas
que, nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo Aqui.

Será que mais Alguém vê e escuta?

Sinto o roçar das asas Amarelas
e escuto essas Canções encantatórias
que tento, em vão, de mim desapossar.

Diluídos na velha Luz da lua,
a Quem dirigem seus terríveis cantos?

Pressinto um murmuroso esvoejar:
passaram-me por cima da cabeça
e, como um Halo escuso, te envolveram.
Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,
a ventania me agitando em torno
esse cheiro que sai de teus cabelos.

Que vale a natureza sem teus Olhos,
ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?

Da terra sai um cheiro bom de vida
e nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa que teu cabelo, solto ao vento,
abrase fundamente as minhas mão...

Mas, não: a luz Escura inda te envolve,
o vento encrespa as Águas dos dois rios
e continua a ronda, o Som do fogo.

Ó meu amor, por que te ligo à Morte?

Ariano Suassuna
Poema publicado a 7 de outubro 1945, no Jornal do Comércio do Recife

Para mim, o maior dos suplícios seria estar sozinho no paraíso.

Egoísta é um sujeito mais interessado em si próprio do que em mim.