O Poeta e a poesia

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DE POESIA EU PRECISO

De poesia é o que eu preciso
Da tua quimera e mais nada
Galgar a rota de sua escada
Sem vestir-se do ser narciso

A poesia é muito mais amada
Prazer d'alma, pouco ao juízo
Volteios de ilusão no paraíso
Da ficção, com lira misturada

Só preciso de poesia, teu guizo
Inspiração, silêncio, a tua pitada
Cheios de acordes e improviso

Poesia é tal qual uma estrada
Do fado vendado e impreciso
Que nasce da faúlha inspirada
(de poesia eu preciso!...)

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

QUASE REVELAÇÃO

Deixa que o rimar da poesia enfim devasse
A tua emoção tão íntima e tão sem enredo
Que terias posto de lado, se, mais cedo,
Toda covardia que sentes se revelasse...

Chega de ilusão! Pronuncie-as sem medo
As tais prosas, já tão visíveis em tua face
Deixadas em teus passos por onde passe
Marcadas, e tão apontadas com o dedo.

Então: não posso mais! Chega de rodeio
Estou cheio, em devaneio, e tenho fome
No coração, aprisionado, e tão imerso...

Escuto o dito nome, o amor, leio e releio
E já fatigado, que no peito me consome.
Que quase confesso neste patético verso!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, setembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

NATAL, CHEGOU!

Ah! Natal, soam sinos na noite iluminada
Ecoam cânticos vivos de cândida poesia
E toda a vida palpita em festa, em alegria
Na modesta estrebaria, de divina morada

Sobre a palha, sem rendas, ou dourada
Seda, o Menino Deus, nasceu de Maria
E dos pobres, oferendas, numa romaria
Entre os animais, singeleza, mais nada!

Não nasceu entre pombas reluzentes
Presentes os humildes e a paz do luar
Cheio de graça, nume dos diferentes

Jesus nasceu! pra nós ensinar a amar
Sobem os hinos de louvores torrentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

MOTIM

No fundo da minha poesia, clamor
E ouço apertos e queixas sangradas
Milhões de aspirações sepultadas
Imaginações submergidas na dor

Às vezes, um vazio, palavras caladas
Mas, de repente, um tumulto estertor
Rangendo dentro do peito a compor
Devaneios, desdando ilusões atadas

Cortejos, motins: uivos e ácido luto
No castigado papel... broto e renovo
Em fermentação, dum estro bruto...

E há na intuição, de que me comovo
E no coro da inspiração que escuto
A magia do espírito num versar novo!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2019, final
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

AMOR QUASE SIDO (soneto)

Amores vem, vividos, amores vão
Na poesia voam e, na alma fundido
No tempo, o que é, e foi permitido
Nas palavras, dissertando o coração

Ama eu, ama tu, ele, ela, repartido
Lágrima, sorrido, a dura decepção
E num sempre porque, indagação
Nuns ficamos, outros nos é partido

Mas sempre desejado, imaginação
Onde? Quando? E é sempre sabido
Que dele quer, dele se tem emoção

E nesta tal torcida o amor é provido
O amor é sentido, sentido é a paixão
Sem porque nem como, os quase sido!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

⁠A poesia traz a quimera
do leitor menino.
faz delirar
o maior dos sexagenários.
Instiga o sentimento
a esvoaçar como plumas
de algodão na melodia!

Inserida por WILAMYCARNEIRO

⁠"Viver de Poesia
É viver demasiadamente
Em harmonia.
Quer de noite/
Quer de dia/
O dia da poesia
Vira seu dia
De Maestria"

Inserida por WILAMYCARNEIRO

A Poesia

E foi no cerrado,
veio a poesia pra me buscar

Me trouxe do mar, de lá cheguei
verão, inverno, do chão
comigo emoção, contigo chorei

Não sei de onde pariu
se do silêncio ou comoção
só sei que nunca mais saiu

Não, não eram visões
nem palavras enfileiradas
nem a lua nas suas estações

Nem tão pouco inação...
pois, não mais ficaram caladas
desde então, só submissão
e no papel estão estacadas

E fui ficando ao teu lado
e ela balbuciando sentido
e eu de olhos fechado
nos sonhos me vi perdido

Alucinação? Ou asas da meditação?

E daquele vazio o mistério
se fez constante, pura sabedoria
escrevi a primeira linha, galdério
crivada de flechas, dor e arrelia
e assim me levou a sério...

E foi nessa idade,
chegou à poesia para me buscar...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Paráfrase Pablo Neruda

Inserida por LucianoSpagnol

Tenho ainda uma poesia vazia

Tenho ainda uma poesia vazia
e branca na inspiração:

à minha espera

tão cheia de quimera
de amarras na emoção
e me resta melancolia

triste comoção

que sempre quisera
que sempre urgia
funesta direção

ó tão anca ironia
tão seca espera

tão vão ilusão

pobre coração
sem valentia
tão mera...

Tenho ainda uma poesia vazia...
à minha espera!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

A VOZ DA POESIA (soneto)

Em uma imaginação onusta e calada
Refúgio ignoto e sacro da inspiração
A ampla magia da ilusão em sedução
Sangra o verbo de uma agrura velada

E quando a privação se faz desvairada
Se embebe às vezes de total solidão
Dela rompe uma voz, arcana, um tufão
Que murmura quimeras entrecortada

É a voz da poesia, que, assim falando
Na audição da criação em manuscritos
Narra as histórias dos distintos causos

E traz com eles, atuardas e infando
Amores sumidos, sucedidos aflitos
Vendavais de sensações e ausos...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, 05 de fevereiro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Poço poético

No pocinho da inspiração
Ali se pesca e fisga poesia
As traz pro perau do coração
As põe nas águas da ortografia
Cada fisgo da rima, um tesouro
Puxado das profundezas à revelia
Onde vem compor o poema calouro
Para querer ser ao autor estrela guia

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Março de 2016, 4'34" - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

NÃO DIZ NADA!

Não diz nada!
Nem a poesia vã
A ventura está selada
Suave está a manhã
Em nada se dizer
Se tem o amanhã
Há tanto prazer
No sossego
De sentir e ver
Nenhum apego
Deixa acontecer
Sinta o aconchego

Talvez em outra trova
Há tudo para puder
Sem reprova
Ou somente crer
No tudo vale a pena
Se forte é a fé no viver
Então, fique em cena
Só tenha a agradecer
O ato de ser aprendiz...
Estamos nesta estrada
Para ser... - sou feliz!
Não diz nada!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17 de novembro de 2019 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Lealdade da poesia

Pode haver um dia
em que se mude
de lugar, de atitude
mas leal é a poesia

ela que tira o tédio
gargalha de alegria
se veste de fantasia
ri, brinca, é assédio

também chora
partilha solidão
sem luz é escuridão
ora fica ora vai embora

uma coisa é fato
nos leva longe, além
além de ser desdém
de ter e ficar sem
fala o que convém
envolvente no vaivém
nina, acorda, porém
no relato melodia têm
e teor no quinhão exato...

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

...Pedaço de mim é poesia
Escritas em pedaços de vigor ou melancolia
Pedaço de mim é paixão
Nos pedaços do afeto onde sempre fiz alusão
Pedaço de mim é dor
Antagonizada nos pedaços da alma em louvor

Sou pedaços, parte, um todo no amor...

Inserida por LucianoSpagnol

Minha poesia

Cada verso da minha poesia
Rima choro rima alegria
E neste côncavo e convexo
A voz e o olhar estão anexo
Na ilusão que delira cada trova
Atadas ao afeto e posto em cova
O que prova toda a alquimia
Da paixão que tenho na poesia

A lágrima escrita com sorriso
Também escreve o improviso
Da vida, com sua diversidade
“Poemando” toda a fertilidade
Da inspiração, do amor, da emoção
Todas rimas vindas do coração
A minha poesia é caipira é do mar
Do cerrado, montanha, qualquer lugar
(São falas da alma que se põe a poetar)

Inserida por LucianoSpagnol

Adverso


Eu trago loucuras na lucidez
A poesia é a minha variedade
Inquieto translado timidez
Com palavras de venustidade
Trovando o amor exagerado
Do desalento da soledade
Me apego fácil ao ser amado
Mais fácil saio desta comodidade
Amo mais do que sou capaz
Tenho mais do que a prioridade
Se nos versos eu sou um audaz
No sentimento pura lealdade
Sou um eterno amador fugaz
Na inconstância tranquilidade
Um adverso com fragilidade, assaz

Inserida por LucianoSpagnol

QUARESMEIRA

Floresce em fascínio e reflexão
A Quaresmeira em sua poesia
É silêncio, alma, esplendor, perfeição
No céu do cerrado colorido de magia
Encanta, embevece, nos conduz
Quaresmeira eterna emoção
Simplicidade ,saudade, luz
Aos olhos passo a passo canção
Quaresmeira desabrocha a promissão

Inserida por LucianoSpagnol

Lírica poesia

Musicando o meu pensamento
Em ritmo de doçura e alegria
Escorre pelas bordas da inspiração
O amor é sua magia
Essência que invade a afeição
E a alma acaricia
Fonte de fecunda imaginação
Nutrindo a alquimia
Da fantasia e da emoção
Compondo lírica poesia...
Ao coração

Inserida por LucianoSpagnol

Lágrima vertida

versejava,
quando uma lágrima caiu
na poesia que eu forjava
o meu poetar quem sentiu
e viu,
que era o amor que chorava
de uma saudade que partiu...

Maio, 08, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

E assim a poesia é reticência...
Começo, recomeço, interrupção
De balanço na ilusão em reverência
Num recanto totalmente atemporal
Dum balé de palavras em penitência
De amor, alegria, lágrima, em arte final

Inserida por LucianoSpagnol