O Poeta e a poesia

Cerca de 3698 poesia O Poeta e a

ESTÁ A AMAR (soneto)

O amor não é somente
Uma poesia a se compor
São versos dum sedutor
No coração em semente

Cresce no desejo, é sabor
Mais que o simplesmente
Que o propósito da gente
Mais que ser um rimador

Tem na trova algo maior
Que a rima nunca mente
E o cheiro de prosa no ar

Na inspiração cortês vetor
Uma composição diferente
Ao poeta que está a amar...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 16’24” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO OCULTO

Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto

Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto

Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito

E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

Encontro

Inspiração, agarrei-te
Pelo cangote da poesia
E, contigo, nesse deleite
Ri, chorei, e na ousadia
Dei ao meu eu devaneio
Que a imaginação fantasia
E os versos, dela recheio...
Delirei passo a passo
E tão pouco sabia
Que ali seria laço
Que a alma quisera
Ter como compasso
E a cada trova, nova era
De colher cada meu pedaço
Que vivia em espera
Em segredo no coração
Assim, então, achei-te
Ó poesia, Divina criação
E para cada afeite
Uma emotiva razão!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2020, 07’37” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

Embate

À volta de incerta inspiração
Ocupei as minhas mãos.
.... e foi a poesia sua combinação!

Brinquei de poetar a vida
Só por tê-la.
Ai! como é incontida
Misteriosa e bela
Cheia de medida!

Em rima discreta, branda
Fui poetando, fui poetando
O que a emoção manda...

E, o que o fado me foi dando
Talvez fiquei devendo à poesia
Um canto de delírio, trovando
Ou talvez mais alegria!
Quiçá! Uns versos amando.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2020, 17’52” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠BOM DIA!

Acordo cedo com a passarada
D’alvorada vejo toda a magia
Sacode-me com jeito, a poesia
E abre-me a manhã iluminada

Estremunhado pela madrugada
Vou, louvando a todos mais valia
Afagando meus votos de alegria
Com voz torpor do sono deixada

Senhor! Gratidão por mais este
Avidar! Que seja sem abrolhos
Dá-me amor e agrado por guia

E reserva também, ó Pai Celeste
Ventura, sonhos aos bons olhos
E aos aqui ledores: - o bom dia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/12/2020, 08’58” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ÁVIDO

Guardo alegria n’alma e na vida poesia
Uma sempiterna empolgação no amor
Cheio de sonho, e de contente fantasia
Que enlouquece, me traçando pecador

Perpasso junto ao destino sem profecia
No jeito de tê-lo, vou e ofereço uma flor
Na romagem da sorte quero companhia
Assim, no sentir estar em um tom maior

E nessa mais furiosa sensação peregrina
No trilho do sentimento nem se imagina
O bem, o bom, sangrando afetos imortais

Então, sempre digo com doçura e calma
Estes versos que vibram de minh’alma
Com paixão, emoção, no querer mais...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/12/ 2020, 09’28” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Rosa, cor-de-rosa

O dia com poesia para acordar
Arranco um olhar fácil da vida
E mais outro, como vale amar.

Na mesa o café, em acolhida
O pão com manteiga, a prosa
É ela ali tão erguida...
No jardim, a rosa cor-de-rosa

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/12/ 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CONSELHOS....

Quando eu, solitário e inquieto, faço
Poesia de apelo, em um rogo intuindo
E busco palavras de um poético laço
É para adoçar o meu amargo infindo

Cada verso, conselheiro construindo
Indo o fado sem calma nem embaraço
Cheio de estrofe, rimas, vai seguindo
Erigindo o rumo no devido compasso

Passo a passo, aconselha: tudo passa!
No infortúnio, na leveza, cada graça
Pois, tem abrigo, e também o perigo

Aí, então, os conselhos, no concelho:
Se mais velhos, seremos mais fedelho
E eles, feliz e com dor choram comigo! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 08’25” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

SEMEAR

Plante uma poesia no coração, principalmente, de quem não é do bem.
Pois quem é do bem é a própria poesia.

Inserida por alexsandre_soares

A poesia dá voltas, aquieta, agita, chora, ri, liça, reconcilia. Na alegria sempre latente, e na alma presente...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2012, Rio de Janeiro

Inserida por LucianoSpagnol

ATRAVANCO

Tantas vezes, na poesia, as asas do amor
Largo na imaginação, e fico dele tão perto
E, ao poetar, a realidade então a interpor
Como tudo, sem ti, um vazio tão deserto

Saudade... a minha alma chora, essa dor
O dia alongado e, a noite cheia de aperto
Meu sentimento soluça tal a um pecador
Que pede indulgência, e tudo tão incerto

E abre o espanto, no olhar, duma agonia
Meu verso voa, e mais triste é a alegria
Que sagra o coração nas rimas sonantes

Há pôr tudo a esperança, que não falece
O cântico insiste, e a solidão empecesse
Sustando a força do torvar para amantes

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/12/2019 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

AME PRIMEIRO (soneto)

Quem quiser ter poesia, que ame primeiro
O poetar onde, total, caiba na haste da flor
Ai dos que trovam, e dele não é por inteiro
Se apartam das quimeras e do afável amor

Os versos sorriem, enfim, ao ser certeiro
No peito do poeta que está um amador
No sonho passageiro, da ilusão é herdeiro
O bardo romântico, um eterno sonhador

Ai de quem, gerando-os, nada lhes trouxer
Ai dos que tem o dom e não tem o afeto
Hão de ali perder-te o que a emoção quer

Aí, no silêncio do senso um rimar inquieto
Coração sofredor e da ventura sem saber
Então, redigi solidão no corpo do soneto!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/04/2020, 06’37” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

“Poesia não tem idade. Quando escrita com fervor.

Quer menino, ou gente grande. Todas tem seu valor".

Inserida por WILAMYCARNEIRO

abajur

mesmo estando escuro
havia aquele abajur
mesmo sem poesia
havia o lusco fusco da lua
iluminando o teu olhar que luzia
na inspiração, com rima nua
poetando o que não dizia
a paixão... e onde era sua
a minha vontade, o meu amor
hoje, solitário pela rua
os meus versos sem sabor
vai... chora... calado
por onde for
e o abajur apagado...
aí que dor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/05/2020, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠FLOR DO IPÊ (soneto)

Pra o Ipê florar tal uma poesia, não basta
A poética e encantos dos seus segundos
Sua beleza acesa, são cânticos profundos
Que invadem o olhar na amplidão vasta

Do cerrado. Flor igual em todo mundo
Não há; tua delicadeza tão bela e casta
Declama graça que pelo pasmo arrasta
Ornando o sertão, no seu chão sitibundo

Mais terna, e pura, frágil, fina e à mercê
Do matiz: rosa, amarelo e branco, airoso
São essências vibrantes das pétalas do ipê

Hei de exaltar está flor além da sedução
Porque o meu fascínio, ao vê-la, é ditoso
Onde o poeta inspira a emotiva emoção.

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
20/07/2020, 18’48” - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠OUTONO EM POESIA (soneto)

Bailando no ar, gemia inquieta a folha caída
No azul do céu, do sertão, ao vento rodopia
Agitando, em uma certa alvoroçada melodia
Amarelada, vai-se ela, e pelo tempo abatida

Pudesse eu acalmar o seu fado, de partida
Que, dos galhos torcidos, assim desprendia
Num balé de fascínio, e de maga infantaria
Suspirosas, cumprindo a sua sina prometida

A vida em uso! Na rútila estação, obedecia
Um desbotado no horizonte, desenhado
E em romaria as folhas, em ritmo e magia

No chão embebido, o esgalho adormecido
Gótica sensação, de pesar e de melancolia
No cerrado, ocaso, do outono em poesia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/07/2020, 10’22” – Triangulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INDIGENTE POESIA

Quando o vazio se ocupa do nosso peito
E a solidão nos consome e nos invade
O pranto não tem um qualquer direito
De em seu nome nos dar uma saudade

Ingratidão, suplício da dor sem respeito
Que dorido dentro d’alma sem caridade
Adentra o sentimento de um tal jeito
Que não acalma e nós deixa na metade

Estes silêncios são dívidas da sofrência
Que na carência não tem uma alegria
E no desamor o sonho é só impotência

Então, quando o não o falto anuncia
E no sim o amor perdeu a cadência
Lágrimas causam indigente poesia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2020, 06’53” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONNET

Minha poesia tem seu segredo, o seu mistério
Um amor perdido, eterno, na alma concebido
Que o mantem quieto, e na sensação dividido
Um querer impossível, tão cheio de critério

Ai de mim! Nas trovas passei despercebido
Solitário ao seu lado, de uma sorte estéril
Indigerível e uma versificação no cautério
Sem pedir nada, sem nada, e tão bandido

Sentimento... aqui no peito doce e terno
Que segue o seu caminho, sem me ouvir
Num murmúrio árido e frio tal o inverno

E, o poema piedosamente fiel, no sentir
Tal rama em flores e espinho no verno
Verseja o amor e a tristura sem desistir

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/11/2020, 19’30” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A MINHA SORTE

Quis Deus dar-me a sorte dum amor amado
Como o pôr do sol no cerrado, pura poesia
Dar-me uma cumplicidade, ser apaixonado
Um bailado de emoção em boa companhia

Quis Deus dar ao fado fortuna e empatia
Com sensação ardente e olhar enamorado
No prazer ter a sede com volúpia e ousadia
Incrível, como é bom ter o afeto povoado!

Quis Deus mimar-me com áurea dourada
Da satisfação, e então, a graça encantada
Dos carinhos e dos beijos que eu sonhei!

Anda! Depressa! Onde? Eu posso embalar?
Nada mais se esconde, no vão, quero amar
E suspirar o viril sentimento que encontrei!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/11/2020, 20’01” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SAUDADE ANTIGA

Há qualquer coisa de saudade antiga
na poesia que suspira e chora agora
alguma coisa tal uma sensação amiga
na trova o brilho de sol posto, outrora

Há a razão de toda a agonia, que diga:
pesar que estrangula e vai noite afora
no sentimento, pensamento, ó urtiga
que pinica, intriga e não vai embora

É dor com alma, é dor humana, dor...
ó Senhor, preenche este verso incolor
com mais agrado e agrado possa ter

Ah! aflijo sem nome, ah! aflijo infrator
que o fado verse com cuidado e amor
prosa suave e, assim, sossego no viver!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 24/07/2021, 18’58”

Inserida por LucianoSpagnol