O Poeta e a poesia
Com o toque do teu olhar
Meus sentidos se esvoaçaram
Meu ser tornara-se arbusto
Sob o comando do vento
Meu coração náufrago foi lançado
À superfície dos teus braços
A despeito de tudo,
respeito sempre é bom,
aqui, ali, acolá,
então - sigamos o caminho do bem-
sem parar no meio da trilha,
muito menos na linha do trem,
pois o tempo nos é escasso,
e a cada segundo do ponteiro
- somos menos -
afinal somos humanos,
não somos de aço
Vestida de rosas
É um pouco das cores da primavera,
É um pouco do calor do verão,
As oscilações do outono,
E um pouco do frio do inverno,
Um pouco de mulher,
Um pouco de homem,
Um pouco de gay,
Muitas vezes intuição,
Muitas vezes razão,
Muitas vezes coração,
Que quebra em pedaços,
E aprende a andar pela passarela,
O levantar do dia e o cair da noite,
Um pouco de tudo,
As várias camadas do crepúsculo no entardecer,
Os prismas do arco-íris ao chover,
Custei a observar todas as rosas,
Sentir todos os aromas,
Entender as diferenças,
Na complexidade do jardim,
Fui costurando como um vestido,
Tomando cuidado com os detalhes,
Cada rosa é uma única,
No meio de todas as outras,
Parecem iguais,
Mas quando te olhei vestida no altar,
Compreendi sua beleza singular,
Sua história particular.
"O viajante Iluminado"
...
Peregrino,
Era uma criança,
que levava muito a sério o verbo viajar,
Antes, era nas estradas de chão do nordeste
depois na transição para às letras,
e depois o voo à imaginação.
-
Sempre me vi como peregrino,
tentando descobrir florestas e oceanos
as geografias e as histórias;
que tempo bom!
-
Embora sejam horizontes distantes!
Eram também horizontes mais amplos.
Uma terra de muita poeticidade
Certezas
Queria ter certeza, de que você pensa em mim
Pois o pensamento no amor é uma loucura, é um fim
Coitado do homem que pensa da mulher amada
Com medo de alguém roubar a sua princesa coroada
Queria ter certeza, que você me ama
Pois vivemos numa sociedade que só vive o amor da cama
Você olha para mim e eu percebo o deu olhar frio
Como eu vou me comportar se você me deixa no vazio?
Queria ter certeza que nos dias mais amargos você estaria aqui me dando a mão
Mas como sempre a solitude é como um óxido
Corrói a alma e o coração
Tornando o amor como um todo tóxico
Queria ter certeza se vou encontrar alguém nesse mundo
Pois o meu vazio é escuro e profundo
É um mar em o amor se afoga e o homem morre afogado
Por ser uma pessoa diferente que nunca teve voz ou espaço
O significado da vida é morrer várias vezes enquanto você a vive.
É renascer a cada fracasso.
É cair e se desintegrar ao mínimo.
Mas enquanto você respirar: você luta. Você grita, e você corre.
Viver não é o encontro do fim ou da morte.
Viver é desistir todo o dia, e mesmo assim,
continuar a insistir no que você acha que vale a pena.
Apenas você sabe dos seus próprios valores.
Viver é só morrer depois que você aprender a lutar contra si mesmo: o seu pior inimigo.
LUA
Lá pro final da tarde,
Quando se recolhe o sol,
Pra não ter dor de cabeça
E nem tomar "lupacol",
A lua que é poeta
Pega carona na luz
Do sol que já se aquieta
... E inspirada nos conduz!
SENDO HUMORISTA
.
Não adianta conselho,
Conversa com analista.
Tem gente que não amadurece
Estou sendo realista
Por exemplo: Cesário Verde **
É um que consta na lista! (rsrs)
°°°
** 1855 - 1886 poeta português.
Morre de tuberculose aos 31 anos.
Verde nome!
Verde idade!
baobá
procuro nos outonais trâmites do teu corpo
o insofismável vestígio das tuas raízes
salgueiro que jaz e se curva obliquamente
eterna a bênção, terrível o fim do tempo
deserto, areia, sol, miragem, saudade
serás sempre o antes e o depois de nós
e nós seremos tão pouco e tão poucos
depois de ti secarão todas as welwitschias
África não renascerá da força dos tambores
mil homens sangrarão entre solenes rituais
as grávidas abortarão com sede de terra
e o céu encher-se-á de conchas e espinhas
e virão os deuses deste mundo e do outro
velar a desgraça efémera da sabedoria
ninguém saberá mais falar, escrever ou viver.
Poema dedicado a Catarina Pereira do Nascimento
(Pedro Rodrigues de Menezes, “baobá”)
Desfalecendo de amor
Pobre de mim quando você partiu
Eu parecia um barco no mar
Prestes a tão cedo naufragar
Sem força e leme para conduzi-lo
Meu coração como uma folha seca sem destino
Levada com força pela correnteza
À mercê das rochas e incertezas
Angustiada, como uma biblioteca sem livros
A luz do sol brilha através da janela
Mas, para mim, o dia será de sombra
Farei com que minha alma se esconda
Somente à noite, contemplarei a lua bela
Entrego-me à escrita com afinco
Conto para os papéis sobre meu amor
Que ao perdê-lo, a dor, meu sorriso levou
E derramo todo sentimento que deveras sinto.
Lucélia Santos
Dor
Sinto que minha força esgotou-se
Rompeu-se as amarras e fui ao chão
Queria caminhar nas ruas em escuridão
Fugir da excruciante dor, de seus açoites
Ainda que eu mergulhe em alto mar
Rapidamente ela me seguiria
Lá no fundo me dominaria
Ela sempre vai me encontrar..
As provações nos rasgam por dentro
Comprimem com força o coração
Causando um caos, e a solidão
Acelera drasticamente batimentos
Sentimentos de impotência e inutilidade
As mãos não alcançam, nada a fazer
Só Deus sabe o que irá acontecer
Resta confiarmos nele de verdade.
Lucélia Santos
Canto só ou em dueto
junto ao mundo que vislumbro
rabiscando linhas em soneto
sou um poemeto sem rumo
No silêncio da noite,
Eu pensava calado,
Onde estava a minha sorte,
Que ainda não tinha encontrado.
Fui de madrugada a dentro,
Conversando com meus botões,
Examinando meus sentimentos,
Explorando minhas emoções,
Logo senti um acalento,
Ao descobrir os meus dons.
Aí me conformei,
com a sorte que tenho,
Tudo que conquistei,
Fui com trabalho
ferrenho.
Nada caiu do céu,
De bandeja para mim,
Senti o amargo do fel,
Mas lutei até o fim
Em busca de um pouco de mel,
Para tirar o gosto ruim.
Cada passo que dei,
Pisei em muitos espinhos,
Em pedras tropecei,
Em todos os meus caminhos,
Pra chegar onde eu cheguei,
Eu sofri um bocadinho.
A sorte é nós que fazemos,
Assim damos muito valor,
Quanto mais sorte nos temos,
Maior é a nossa dor,
E para ter o que queremos,
Temos que derramar suor.
Soneto de amor
Amei-te tanto, de tantas maneiras
Amei-te tanto, de tantos conceitos
Amei teus modos, teus gostos, teus jeitos
Amei teus olhos, teus lábios, tuas brincadeiras
Teus beijos molhados, pra mim são cachoeiras
Teus sonhos me encantam, me fazem te amar
Teus lábios me cantam, me fazem sonhar
Eles são perfeitos, países sem fronteiras
Mas o que me separa de estar junto a ti
É a coisa que mais faz-me sofrer
Pois nada na vida me faria sorrir
Nada na vida me faria viver
Não terei coragem para prosseguir
Se não estiver contigo a conviver
Soneto : Calor
Calor que agride esta terra amada
Que racha o solo em tamanho braseiro
Calor ardente em torrão brasileiro
Calor que ferve a pólvora armada
Calor que parte, obra natural da vida
Mas também calor que tanto produzimos
Calor das queimadas, do que consumimos
Calor da poluição, dos dejetos da lida
Calor do sulcro ao núcleo terrestre
Calor da terra, calor da fenda
Talvez um dia a humanidade aprenda
Que o calor que mata o campestre
Também pode matar a nossa gente
E talvez neste dia não seja mais quente
Inventeiros
Vertiginosos
de Lugarejos
Acantonados
As religiões
são a prova
irrefutável,
da capacidade
e aptidão criativa
do ser humano,
para inventar.
seu potencial
inquestionável
de imaginar
o impossível,
justificar o improvável
e tecer absurdos.
Eterna
Incapacidade
Invencível de
Compreender
o Óbvio
Em tua invejável habilidade
De não saber,
Permanecia imbecilizado.
Estupidamente logado,
Desconectado da realidade.
A hipnose profunda
O conduzia
Para lugar nenhum.
Habitando a Terra Plana,
Nunca visitou a borda,
Semeando misérias toscas,
Sonâmbulo eterno que não acorda.
Viralizando fake news,
Analfabetismo político,
Salvador das tradições do paleolítico.
Prosseguia imbecilizando,
Em tua habilidade invejável
De falsificar, mentir, adulterar.
Tua corrida frenética
O conduzia,
Para nenhum lugar.
As Motivantes
Aventuras do
Ex-coach
tenho estado
profundamente
deprimido.
angustiado,
desgostoso,
e definitivamente
decepcionado,
com o mundo,
com a vida
e especialmente
com as pessoas.
não confie em ninguém,
jamais espere alguma coisa
e se pensar em tentar,
desista.