O Poeta e a poesia
Bem Mais Fácil é Dizer a Um Vivo Que o Ama
Do Que Gritar o Mesmo à Quem Já Teve Seu Fim
É Tu Que Fazes o Teu Próprio Drama
Pois o Não, Sempre Foi Mais Fácil Que o Sim
Adeusanira
o dia, já não quer me ver não quer clarear
a lua já não quer descer
não quer ver o mar
e tudo que posso fazer é me acostumar
“Valsar”
Não há nada errado
em dançar em meio caos.
Nele
você saberá
se precisas ser encontrado
ou não.
Entender que o silêncio
Não é a ausência de palavras.
Mas a atenção do corpo
Voltada ao som da alma.
Apenas.
tempestade
Uma chuva de verão
no princípio do inverno
E a sã superstição
diz que vaga no Eterno
um espírito pagão
implorando por perdão
na entrada do inferno...
Vinte e três de abril
Guarde a lança, cavaleiro!
No outro lado do alforje
vai a espada do guerreiro.
Eu não sofro mal algum!
Nem sei bem-dizer se Ogum
é devoto de São Jorge
ou Jorge é filho de Ogum...
ode a odé
A imagem no andor
Sete flechas, dor serena
Na cabana, o benzedor
junta folhas de jurema
Na vontade de compor
sete linhas de louvor,
toda arte ainda é pequena...
dois dois
É menino feito santo;
olha a luz dessa criança!
Escondido no seu pranto
um sorriso de esperança
Quando ouve o povo banto
entoar seu doce canto,
faz ciranda, grita e dança...
zi fi
De visita a uma dama
que mexia com o além,
perguntei: como se chama
esse velho sem vintém?
Rindo, disse a tal mucama:
preto-velho não se chama;
se precisa, ele vem...
LEITOR
Resolvi escrever isso,
Não sei se vai rimar,
Mas vou tentar até certar.
Leitor o que te deixa feliz?
Será um amor de verão ou uma paixão de inverno?
Leitor não seja tímido,
Diga pra esse jovem escritor,
É biscoito ou bolacha?
É frio ou quente?
É homem ou mulher?
Leitor não se avexe,
Temos todo tempo do mundo,
Então diga: É Nescau ou Toddy?
Café doce ou amargo?
Adele ou Sia?
Ariana ou Lana?
Gaga ou Madonna? Pop ou rock? Indie ou eletrônica?
Cuida, responda!?
Leitor é sábado,
Dia dos namorados,
Só pra finalizar essa poesia louca,
Sul ou sudeste?
Leste ou oeste?
Norte ou nordeste?
Cama ou rede?
Messenger ou Whats?
Namoro ou amizade?
Direita ou esquerda?
Hétero, bi, gay ou tri?
Viva a diversidade.
Leitor abra a mente e a barriga,
Açaí ou Jaca?
Ficar ou namorar?
Rir ou chorar?
Tenho que terminar,
Se não vou parar, Inté à próxima leitor,
Quem sabe....
Chorei-me as lágrimas que não tinha,
dei a ti o tempo que não vivi.
E por fim, o que me restou
era eu,
apenas eu.
Incertamente
Você transmitia confiança
e foi desta forma que te conheci,
observava sua sinceridade e bonança
e a conquistar-lhe me atrevi.
Foi assim que fizemos uma aliança
e em tudo consenti.
Transmiti em você a esperança
de uma mulher, que na verdade, nunca veio a existir.
Eu nunca pensei que eu ia isso dizer,
mas me arrependo profundamente por um dia te querer
e mais ainda por continuar na minha mente.
Se um dia você vier se arrepender
e perguntar se uma chance ainda pode comigo ter,
eu responderei-lhe: Incertamente.
A vida é cheia de supresas
um dia sim e outro também
mantenha a esperança acesa
que alguma coisa boa sempre vem !
" Estamos presos
a alguma coisa
que nos falta.
Por isso,
mesmo tendo tudo,
nada nos basta."
Rodrigues de Senna, in trecho
do poema Falta.
Vazio Poético
As palavras se esvaziam da mente
Como um copo de água em dias quentes
A sonoridade poética silencia a alma e desinquieta o coração
São dias difíceis ao poeta que se lamenta e se renova em seus escritos
Em que a criatividade se distancia e suas emoções se perdem na dor
A dor de estar no vazio poético.
Hoje me lembrei de você
E do quanto me faz falta
Das nossas brincadeiras enquanto crianças
E das histórias que contava
Agora minha vida é como um conto perdido
Uma página amassada
De um livro outrora belo
Mas que agora já está velho e usado
A alegria de acordar todas as manhãs
Te ver sorrindo e gargalhando
Ter a sensação de que estava te fazendo bem
Agora não passo de um conto perdido
Uma velha folha de carvalho que cai no outono
Seria a vida apenas uma parte da jornada?
A vontade de te encontrar é imensurável
Onde você está agora?
Sou apenas um conto perdido
Uma fábula que entristece o coração
Uma plantação com pragas
Ah, como eu queria te ter por perto
Desde quando partiu, minha vida já não é a mesma
Como te alcançarei agora?
Com quem vou disputar o melhor dos desafios?
Me sinto como um conto perdido
Há muito esquecido pelo tempo
E que as pessoas jamais poderão ler novamente
Sinto saudade das fogueiras e dos chás quentes
Das diversas aventuras percorridas pelo bosque
Dos machucados
Das dores
Da pescaria no velho rio, no verão
É como se eu fosse um conto perdido
E minh'alma já não se aquece mais
Apenas espero que um dia o destino se lembre de nós
E que a morte me acolha
Para que eu possa olhar o brilho dos seus olhos novamente
Como se fossem contos perdidos pela vida
Contos encontrados novamente
Contos que podem ser compartilhados à todos
Contos a mim e a você.
Alguns dizem que amor é o bastante
Que a afeição é divina
Dizem que o abraço acalma
E que as lágrimas são salgadas
Há quem diga que a luz gera a escuridão
Há quem faça
Há quem fez
A quem?
Me perdi em olhares
Sofri em silêncio
Me torturei sem sequer abrir a boca
Alguns dizem que isso não existe
Como podem dizer os que nunca sentiram?
Como podem falar se o que sabem fazer é julgar?
Jamais apontarei os meus dedos
Eles já não são mais roliços como um dia foram
Mesmo sabendo que o coração já não bate mais como outrora
Mesmo comendo tanto quanto uma criança
Mesmo chorando dias e noites
Ainda estamos aqui?
Te vejo em pé
Acenando para que eu possa te seguir
Dúvidas pairam sobre meu coração
A última vez que ouvi a palavra "alegria" faz tanto tempo que a própria sonoridade me soa estranho
Sempre me vi em um abismo
Infinito
Sem chão
Escuro e frio
A chuva bate em meu rosto e me faz acordar
Não há labirinto
Não há paraíso
Não há abismo
Há
Me encontro em minha respiração
Meu coração está pulsando, mesmo que não muito forte
Minhas mãos ainda se mexem, mesmo que não fervam como antes
Meus pés ainda me sustentam, mesmo que cambaleando
Percebo que não desisti
Você perde para si mesmo?
Me levanto e choro novamente
Abraço meu tronco
Olho para o alto
A vida é a única maneira de se viver por aqui
A passagem importa?
A viagem, a torta?
A folha que cai
A pedra que rola
A garota machucada
O senhor de bengala
O cão ao abanar o rabo
Não há preces para serem atendidas
Não há forças para serem supridas
Há você
Eu
Há o mundo e tudo à sua volta
O caminhar é lento e doloroso
O espírito é forte
A vontade é real
Caminhando pelo mundo
Caindo e levantando
Levando "haver" e criando
Há luz
Há cruz.
Por que não podemos fugir?
Me pergunto isso ainda traçando um plano
Muitos dizem que não podemos porque seria covardia
O que não é covardia nos tempos atuais?
Fuga
Fugir de algo não significa que você simplesmente não se importa
Fugir de algo significa que você se importa o suficiente para ter medo de lidar
A falta de sabedoria ao lidar com alguma situação ou pessoa
Isso nos faz fugir
Não é como se eu não me importasse
Na verdade me importo tanto que não sei o que fazer
É como se mil agulhas espetassem meu coração
Como se estivesse sendo esmagado por uma tonelada de ar
Como se o fardo ficasse mais pesado a cada dia
Hoje não ficarei para tomar os espólios
Hoje irei embora porque sei que a batalha foi vencida por um preço muito alto
Hoje há homens que dizem que estou fugindo, me escondendo
Mas a verdade é que apenas não sei lidar
Muito sangue foi derramado para que as coisas se acertassem
A alma e o coração já não se fazem tão presentes
Quem disse que não podemos fugir?
Quero ir para um lugar longíquo
Quero chegar tão longe que nem as lembranças poderão me alcançar novamente
Quero partir para o porto da fuga
Onde só eu e ela estaremos a salvo
Fugir é uma opção?
A fuga é apenas mais uma maneira de sobreviver nesse mundo nojento
Já não tenho mais forças para brandir minha espada
Meus braços não se levantam mais para segurar meu escudo
Eu não me lembro mais, de nada
As vezes me pego chorando e me pergunto o motivo
Algumas vezes ele aparece, outras ele apenas foge
Fuga
Já não sei para onde ir
Por mais longe que eu vá, sou perseguido pelo pior dos inimigos
Eu
Já não posso mais fugir de mim mesmo
Já não é mais seguro
Rumo à fuga
Adeus.
Amanhã é dia de dádiva. Data de gratidão. Meu aniversário, 24 de março. Porque aniversários são dádivas. Logo, de gratitude.
É momento em que um novo ciclo nos é dado de presente, somando-se a todos os outros. Em que abrimos nossos cadernos em branco e os preenchemos com o poderoso livre-arbítrio.
É quando abrimos as asas e respiramos sentindo o poder do Sol, e da Força Divina nos tocando e dando aquele empurrãozinho camarada para continuarmos voando, mesmo quando chegamos à beira dos abismos. E assim como na mitologia da Fênix, ressurgimos plenos de vida e com pulmões repletos do ar azul mais puro, da mesma cor do céu que a gente constrói para nós mesmos.
É assim que quero receber meu dia, minha dádiva. E que seja assim também para quem ainda vai aniversariar.
É momento de tantas mudanças, tantas novas decisões, tantos novos caminhos a desbravar. Que em todos eles haja flores; muitas delas: coloridas e as que eu mesmo irei pintar: lírios, jasmins, rosas, begônias, orquídeas. Pássaros e libélulas voando sobre todas, porque compõem cenas de onirismo e poesia. E claro, que haja sempre essa poesia, necessária para que doemos o melhor de nós para os outros e que colhamos apenas o melhor do outro para dentro de nós. E se essas flores ao longo do caminho tiverem espinhos, não faz mal. É parte da natureza delas. Não as culpo. À minha, cabe colhê-las, jogar os espinhos fora, cuidar do meu cerne espiritual caso me fira e me refazer feliz, forte, pleno de amor, vida, respeito e liberdade. Porque é assim que o Deus em que acredito me ensina dia após dia. E como espero devolver no dia da Graça e em todos os dias que for escrevendo e guardando-os carinhosamente na Biblioteca de minha vida. (Início de outono solar, chuvoso e com brisas fortes como meus sonhos, em Buenos Aires de 2018)