Jabuti meteu-se pela sua toca adentro, assoprou na flauta, e pôs-se a dançar:
“Tin, tin, tin,
Olô, olô, olô”
Veio a raposa, e gritou por ele:
— Ó jabuti!
O jabuti respondeu:
— Oi! Vamos, raposa! Quem vai adiante?
A raposa disse:
— Tu, jabuti!
— Está bom, raposa. Quantos anos são precisos?
A raposa respondeu:
— Dois anos.
Então a raposa fechou o jabuti no fundo da toca. Depois que acabou de o fechar, disse:
— Adeus, jabuti, vou-me embora.
De ano em ano, vinha falar com o jabuti; chegava à boca da toca, e chamava por ele:
— Ó jabuti!
O jabuti respondia:
— Ó raposa! Já estarão amarelas as frutas do taperebá?
A raposa respondia:
— Ainda não, jabuti; agora os taperebazeiros estão apenas em flor. Adeus, jabuti, ainda me vou desta vez.
Quando foi o tempo do jabuti sair, a raposa veio, chegou à boca da toca, e chamou.
O jabuti perguntou:
— Já estão amarelas as frutas do taperebá?
A raposa respondeu:
— Agora, sim, jabuti. Agora em verdade já estão embaixo da árvore grande uma porção delas.
O jabuti saiu e disse:
— Entra agora, raposa!
A raposa respondeu:
— Quantos anos são precisos, jabuti?
O jabuti respondeu:
— Quatro anos, raposa.
O jabuti meteu a raposa no fundo da toca e foi-se embora.
Um ano depois o jabuti voltou para falar com a raposa, chegou à boca da toca e chamou:
— Ó raposa!
A raposa respondeu:
— Já estarão amarelos os ananases, jabuti ?
O jabuti respondeu:
— Ora! Ainda não estão, raposa. Ainda andam agora a roçar. Eu vou-me embora! Adeus, amiga raposa.
Dois anos depois, o jabuti voltou e chamou:
— Ó raposa!
Tudo calado. O jabuti chamou segunda vez. Tudo calado.
Só saíam moscas do fundo da toca.
O jabuti abriu a boca da toca, e disse:
— Esta diaba já morreu!
O Jabuti puxou-a para fora:
— Eu bem te tinha dito, raposa! Tu não eras forte o suficiente para medires forças comigo! O jabuti deixou-a ficar e foi-se embora.
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