O Dificil Facilitador do Verbo Ouvir
Tem gente que tem dois pesos e duas medidas como parámetro de vida. Ambas, inclusive, só podem ser usadas por ela própria, e de acordo com seus interesses, pois por si mesma caracteriza apenas e tão somente o seu jeito de ser, portanto, deve ser pelos outros, aceitas.
Ao contntrário, para os outros, caracterizaria falta de amor, para consigo. Convenhamos: Não dá para entender uma pessoa assim!
Eu invento tudo na minha pintura. E o que eu vi ou senti, eu estilizo.
Mal a outra a pegava no colo, Aziza metia o dedo na boca e aninhava a cabeça no ombro de Mariam, que a embalava um tanto sem jeito, com um sorriso meio surpreendido, meio encantando nos lábios. Na verdade, nunca tinha sido tão querida. Nunca alguém lhe tinha declarado o seu amor de uma forma tão espontânea, tão sem reservas.
Aziza lhe dava vontade de chorar.
- Por que você entregou esse coraçãozinho a uma velha feia como eu? – murmurava ela junto à cabeça da menininha. – Hein? Será que não percebe que não sou ninguém? Sou uma dehati. O que acha que tenho pra lhe dar?
Mas Aziza balbuciava toda satisfeita, se aconchegando ainda mais naquele colo. E, quando isso acontecia, Mariam se desmanchava. Seus olhos se enchiam de lágrimas. Seu coração pulava de alegria. E ela ficava deslumbrada ao ver que, depois de tantos anos do mais absoluto desamparo, tinha encontrado, naquela criaturinha, a primeira ligação verdadeira numa vida em que todas as relações tinham sido falsas ou não tinham dado certo.
(Khaled Hosseini)
Escuta, minha vida está tão confusa agora, e eu não posso ser honesta com você. Há coisas que você não sabe e eu não posso mais ver você.
A alegria é a palavra que tudo converte em ouro, sentimento bom divino dom de deus gratidão a todos que andarem com ela seguiram multiplicando então.
Conexões da alma
Existem vínculos de sangue e existem conexões da alma.
Não escolhemos nossos parentes de sangue, pelo menos não nos recordamos de tê-los escolhido, embora eu particularmente acredite que sempre optamos pelo fechamento do ciclo na hora da prestação de contas, seja ele bom ou ruim.
Para mim a família espiritual é resultado de nossas ações, modo de vida e escolhas, e é ela que nos acompanha pela eternidade. É ela, que nos fortalece para cumprirmos as missões que deixamos para traz, funciona como uma catapulta nos jogando pra cima cada vez que vacilamos ou titubeamos no cumprimento de nosso ajuste de contas.
Nossos carmas, decorrentes da lei de causa e efeito e das condições de equilíbrio e harmonia do espírito só resultarão em experiências construtivas e do bem, se tivermos o amparo de pessoas que nos acompanham com o objetivo de nos fortalecer, pessoas em quem confiamos e que escolhem partilhar conosco uma parte de nossa remissão.
Ajudam-nos, já sabendo a dificuldade que teremos em reviver emoções tão intensas, aflitivas e dolorosas, a família espiritual se propõe no intervalo da caminhada dela, a nos auxiliar na nossa.
O que elas não sabem é que quando se propõe a isso, ganham também um descanso na sua missão, no seu compromisso porque em todo relacionamento as energias são trocadas sejam elas boas ou ruins, e ao compartilhar afeto, são diretamente beneficiadas pelo retorno.
Às vezes temos muita certeza que estamos ajudando alguém, mas o mais comum é que estejamos sendo ajudados sem que percebamos, aquela pessoa nos torna mais humilde, nos faz mais solidário, mais humano, ponderado, reaviva nossos valores morais, nossa integridade, compaixão pelo próximo e às vezes até nos direciona ao desapego pela matéria.
Acabamos aprendendo em vez de ensinar, e só nos damos conta disso muito tempo depois.
E todos têm algo para ensinar, não existe relação sem troca, todos têm luz e trevas, todos têm dois lobos... E, nem sempre conseguimos alimentar somente o lobo certo...
É preciso primeiro aprender, aquilo que estamos ensinando. Deve ser para isso que dispomos dos parentes biológicos e dos espirituais.
Mau é o homem de olhar invejoso, que vira o rosto e despreza a vida dos outros. / O avarento não se satisfaz com uma parte apenas, pois a avidez insana resseca-lhe a alma. / O avarento é cioso do seu pão e mesquinho em sua própria mesa.
(14, 8-10)
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
Observando as andorinhas a planar fica fácil perceber... Que há aqueles que voam por voar, e há aqueles que voam mesmo é por prazer.