O Amor é como o Vento
Palavras jogadas ao vento... Sonhos perdidos no tempo. O que será que mudou de ontem para hoje? Sinto meu corpo cansado e minha mente vazia... Sinto que a noite fria que passou não era o obstáculo a ser enfrentado, pois o dia que se aproxima parece trazer consigo algo aterrorizante que faz meu corpo tremer, agora não mais de frio e sim de medo... Medo de perder você definitivamente.
Entre milhas e memórias, sinto teu cheiro no vento e teu toque nas estrelas. A distância se faz presente, mas não apaga a chama do amor que em mim arde, mesmo que mil calendários passem ou oceanos se estendam entre nós.
Eu sou um viajante no tempo, um náufrago na saudade, buscando teu sorriso em cada amanhecer. Porque o que somos sem o outro senão um eco de nossos próprios sonhos?
Te amo entre o sol e a lua, entre o céu e o abismo. E mesmo que estejas a mil e quinhentos quilômetros ou a quatro anos de distância, meu coração ainda dança ao som da tua existência. E assim, sigo em frente, sabendo que um dia nossas almas se reencontrarão, como se nunca tivessem se perdido.
(06/09/2024)
Quando a saudade aperta
Chamo o vento, a chuva
Ao sentir a chuva e o vento
No meu rosto lembro-me
Das tuas mãos perfumadas
Acariciar-me o rosto
E das saudades que tenho de ti.
Nasci entre as flores
Pemaneci entre o vento
Na alma ou no coração
Enfim permaneci na saudade
Que vive dentro de mim.
🌷💕 2018
SOU SOU
Sou uma pequena folha
Sou a erva fresca
Sou o som do vento
Sou a gota de orvalho
Que vive suspensa numa flôr
Sou a sombra da árvore
Sou a luz do sol
Sou uma núvem que passa
Sou a ave que canta
E voa até às estrelas
Sou um poema com o ritmo
Dos sons ao amanhecer
Sou uma raposa que vive na serra
Sou o lobo que uiva forte
No chamamento de cada poesia minha.
🌺 🌺2018
AMO-TE 💘
Amo-te pelo barulho que as oliveiras
Fazem lá fora, onde o vento se desfaz
Amo-te pelo escuro da noite no uivo do lobo
Que cerca a lua brilhante como uma chama
Amo-te pelas águas que correm no rio devagar
Onde pisávamos as pedras escorregadias
Amo-te pelo tempo vagabundo de emoção
Entre os dias que nos amamos intensamente
Amo-te pela tua alma molhada de amor
Quando me deitas ferozmente na cama, a nossa
Amo-te pela gaivota que se delícia com o peixe
Que o nobre pescador deita fora do seu barco
Amo-te pela cruz que carregas tão pesada
Mesmo assim o teu olhar brilha como as estrelas
Amo-te pelas velhas âncoras enferrujadas
Que são deixadas ao abandono sem dó nem piedade
Amo-te pelo velho relógio que tanto barulho faz
Esquecido sem poder sonhar numa qualquer sala
Amo-te pelos teus lindos olhos que quando olham
Para mim me fazem suspirar de tanto desejo
Amo-te pelo silêncio que faz na serra que nem o vento
Consegue pôr os pinheiros de volta a dançar, amo-te
Amo-te com a dor que os pés sentem quando dançam
Com amor e paixão tão sentidas por nós os dois.
Aquecida expressivamente pela paixão, linda, cabelos soltos ao vento, suspirando ansiosa e com tanta emoção, alguns pássaros livres sobrevoando, cantando lindamente, agradando os seus ouvidos, está agora sob um aglomerado de nuvens, originadas de seus alegres sentimentos, admirando a paisagem, pensando no seu amor, no tempo que se aproxima de finalmente saborear vivências memoráveis, acompanhada de quem sempre a cativa a partir dos detalhes.
O vento sopra medos aos sem convicção,
e vira ferramenta de impulso aos ousados
na superação...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO ATORMENTADO
Fere o silêncio da áspera madrugada
no cerrado, um árido vento plangente
que golpeia minha alma ali presente
com saudade em mácula mal curada
Busco iludir-me que o zunido em toada
nada mais seja que ilusão descontente
daquela que põe angústias na gente
para deixar solitário e a ventura calada
E o vento insiste, persiste e não desiste
cortando a paz da noite com ruído triste
avivando a dor em suspiro redundante
Se soubesse quanta nostalgia desgarra
o vento teria dó e não seria tão fanfarra
e muito menos nesta solidão tão falante
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
SONHOS (soneto)
Vou hastear meus sonhos lá no alto
onde o céu desabotoa o caminho
o vento sopra a brisa de mansinho
e as estrelas poetam como arauto
Quero sair deste meu desalinho
dum fado de dano sem incauto
tal qual ao por do sol do planalto
que matiza o olhar com carinho
Quero ter simplicidade, e afeto
deixar as quimeras sem parede
e a ilusão livre, fluindo pelo teto
E assim, a boa nova que venha
seja recebida com afago e sede
e no meu eu, o amor convenha...
Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano
SOM DO CERRADO (soneto)
Escuto o cerrado a cantar, em atroada
Canção do vento, da sequidão, escuto
Numa trovoada, e a emoção em fruto
De silêncio, no coração em disparada
Cada uma melodia deste chão tão bruto
Rasga o planalto numa voz empoeirada
De cantigas pela caliandra emoldurada
De bela cena e de árido hino em tributo
As flores do ipê, caem em fúnebre toada
No ritmo do por do sol se pondo soluto
Orquestrando a vida diversa e iluminada
E pela estrada os sons no olhar arguto
Cantam e encantam, minuto a minuto
Os ruídos sonoros numa alma calada...
Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano
O SONHO
Posso ouvir o sonho passar
Veloz e ao vento a bater
Deixando lembrança no ar
E saudade no curto viver
Eu pensei que ao acordar
O tempo deixaria de mover
Pois, ele não se põe a parar
Nem depois de se morrer
Um passo pra frente, a girar
Outro pra trás, sem se mover
Muita coisa pra se lembrar
É impossível de tudo saber
Então deixe a quimera levar
Pra que se possa esquecer
Quem sabe outro possa achar
O que você não soube ver...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
ASSIM, O CERRADO
O cerrado, quando empoera
Ressequido o vento no ar
Chora seco folhas desespera
No azul do céu a bailar
O horizonte se põe a embaçar
Na miragem da atmosfera
Embaralhando o olhar
Na imensidão em quimera
Ah! Se o frescor assim espera
O tempo de chuva, pra se revelar
Retorcidos galhos esclera
Num cinza a cromatizar
Assim, o cerrado, se gera
Vida diversa, lato lugar
De exótica primavera
Quem te conhece, só amar...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Canção
Não te cies do fado, nem do meu olhar
que o vento nos puxa pela alma sedenta
que as estrelas no céu se põem a poetar...
E nosso desejo se faz eternidade juventa.
Apressa-te, amor, que o tempo é de amar
que amanhã não importa, te quero agora!
Não demora tão longe, não me deixe estar
sozinho, num nácar de silêncio, janela a fora
o pensamento, se fores sonho, quero sonhar!
Seja já! Mesmo que a estória fale de outrora
o coração traça rotas que nunca pude tatear.
Apressa-te, amor, dispa está solidão, és abrigo
pegue na mão, me abrace, e assim vamos estar.
Se não te disse, com os meus versos te digo:
Como foi bom poder te encontrar!… e ficar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
05/04/2019
São Paulo
(um mês)
CHICOTE
Se punição por vos desejar se merece
Qual desejo está isento? e ao vento?
Na sua razão do ingênuo sentimento
Solto das amarras, e que se esquece
Qual mor amor no fado se oferece
Que dedicar-se a vos todo o tempo
Em glória e tão repleto de fomento
Que no bem e ventura se apetece
Porém se ei de punir a quem, infando
Que seja ao meu coração sofrente
E assim o meu amargar é todo vosso
No meu haver, podeis, até quando
Ordenar nele o ocaso inteiramente?
Se ter-vos enamorado, não posso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/11/2020, 08’34” – Triângulo Mineiro
FIM DA PRIMAVERA
Foi num alvor assim. Sussurrava o vento
E o meu coração apático sentia a aragem
No céu carmesim, do raiar em nascimento
O sol lumiava a manhã, tão bela imagem
Desfolhava o odor do jardim, doce alento
A derradeira rosa, aparatava a paisagem
Na aurora do cerrado, lustroso momento
E o meu pensamento em ilusória tiragem
E eu, sonhando, ali sonhava pela metade
Duma saudade sentida, o sentir saudade
E tendo junto de mim o amor em espera
E as flores derradeiras, no espaço solto
Num murmurar, tu disseste: vou e volto
E não voltaste! Foste com a primavera!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2021, 06’01” – Araguari, MG
Incerteza
Pergunto ao vento que vem
Me dê notícia do meu bem
E o vendo se cala, aquieta
O vento diz nada ao poeta
Pergunto a ilusão que passa
Por que toda essa negaça
Por que tanto sonho ao chão
Me diz, toda está servidão
Por nada, não me diz nada
O cerrado de boca calada
A quimera quieta no canto
E a poética sem um encanto
E a quem perguntar então?
Ao desencontro, a desilusão?
Ao tempo que fugaz passa?
Ou incerteza com tal negaça?
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 de outubro de 2021 – Araguari, MG
ALHEIO
Quando eu apaixonava, ó dissona poesia
Tu que a perturbação a atirava ao vento
Que ainda agora me vem ao pensamento
Em ousadia, trazendo, suspiro e fantasia
Frenético e excedente se faz o momento
Numa sensação de desconforto e agonia
Ah! Emoção! Minha conviva, agora tão fria
A tua prosa poética toda sem sentimento
Parceira devota das calmas noites infindas
Confidente fiel da solidão e do meu anseio
Ó poesia! emudeceste as divagações lindas
E, com o tal silêncio, numa carência vagueio
Enleio, coração na berlinda, sem boas-vindas
Sem os abraços, os beijos, os olhares, alheio!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/08/2023, 21’29” – Araguari, MG
Se o vento parar de soprar,
E o sol se recusar a nascer,
Ainda assim vou te amar,
Até o mundo inteiro desaparecer.
Pois você é minha razão de viver.