Nostalgia
Que importa se acabou, o que realmente importa são as emoções vividas, os arrepios sentidos, os beijos trocados, os olhares revelados, os caminhos percorridos sobre a derme, as lembranças lindas que ficaram para sempre gravadas na pele nua da memória.
O olhar longínquo ancorado no céu bordado de estrelas. A saudade tateando lembranças distraídas, personificadas de presença, enquanto no oceano das memórias singram fragmentos daquela voz melodiosa como um sussurro aveludado tocando com delicadeza o intocável.
Hoje acordei saudade. Uma saudade miúda, levinha, levinha... Saudade dessas que chegam com a brisa delicada da manhã, cheirando a flor de laranjeira.
Dizem que com o tempo esquecemos. Mentira, não esquecemos coisa nenhuma! Como esquecer o que foi marcado em nós com ferro quente em brasa? O que muda é que aprendemos a conviver com as lembranças; a olhar nos olhos da saudade sem chorar; a esbarrar nas memórias sem sangrar e a seguir em frente sem se permitir doer.
Algumas pessoas não chegam em nossa vida, elas retornam de uma viagem onde apenas os corpos se separaram, as conversas silenciaram, mas o coração continuou a encontrar na saudade quem a gente sempre soube que ia voltar.
As lembranças são como vinho de uma boa safra guardadas na garrafa da memória. Vez ou outra, por mero descuido ou propósito a abrimos e nos embriagamos de saudades.
Saudade é um punhado de recordações aromatizadas pelo passado no eclipse crepuscular do pensamento.
Saudade é esse elo bendito que faz-me valorizar quem está perto e não me esquecer de quem está longe.
São tantos eus que carrego comigo ao longo da vida que acabei ficando com os passos lentos, com o olhar cansado e com essa alma nostálgica de quem esqueceu os sonhos em algum canto da memória.
O sol amanhece tímido, sem pressa alguma de acordar.
A brisa do amanhecer sopra fria, trazendo a nostalgia do outono.
Nesses dias tão cheios de poesia o meu pensamento vaga saudoso pelas lembranças de um tempo remoto e silêncioso chora pela dor do que eu tive que esquecer sem que jamais tenha esquecido.
O fato de sentirmos saudades de situações, lugares e pessoas que não conhecemos, seria um indicativo de que Shakespeare está certo e, realmente "existe mais mistérios entre o seu e a terra que supõe nossa vã filosofia?"
PONTO NO VAZIO
Acha-se sempre um ponto no vazio
Aonde perde-se no tempo
Onde se encontra muito sobre si mesmo.
Eis a razão de viver a fixar
os olhos no nada: Querer saber mais sobre si mesmo.
Varias coisas que o olhar perdido traz:
O vácuo e as lágrimas.
Um pouco ou do que sobrou de si mesmo.
A nostalgia dos momentos os felizes e infelizes.
As evidências das virtude e das deficiências.
Os ressentimentos das verdades e das mentiras.
As saudades dos amores conquistados, perdidos e vividos.
Pelo menos uma vez num segundo Se é perdido no ponto vazio.
Vem olhar para mim como a última vez.
Na praça católica, nas tuas esquinas que sei que era distante, mas não deixei aquela menina, e fui atrás para onde for distante das coisas que perdi e encontrar o que tenho todo tempo para ir…
Sentava-se ao lado, mas sentia-se tão longe, quanto mais presente se apresentava, mais longe estava.
Ainda que a nossa história tenha chegado ao fim, saiba que você fará parte de um dos meus livros e contos favoritos.
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Ultimamente você tem se mantido tão perto de mim, quanto os meus pensamentos em você.
Mesmo em orações, a minha mente recorda em ti, é como se a saudade tivesse braços, e a usasse-as para lhe manter perto de mim.
No entanto, prometo-me soltar qualquer lembrança sua, e deixá-lo ir.