Nostalgia
Poema
Memórias e Arrependimentos
Nunca vou esquecer de como,
Arrependi-me das minhas escolhas.
Nunca vou esquecer de como,
Vivi para os outros, sem forças.
Nunca vou esquecer, quando mais precisei,
Não tive apoio, fiquei sem amparo.
Nunca vou esquecer que as pessoas
Só veem a utilidade, sem reparo.
Nunca vou esquecer de quando precisei
De ajuda com algo importante.
Nunca posso ser ajudado,
Sigo só, cada instante.
Arrependo-me por ter escolhido
Viver dessa forma, sem alegria.
Hoje, minha vida é um lamento,
De outrora, só nostalgia.
O poeta da triste figura
Inspirado por D. Quixote, contemplo o mundo com esperança, carregado de idealismo, nostalgia e honra. No meu peito, pulsa o coração de um sonhador, alimentado pelo desejo fervoroso de ver a humanidade e o mundo ao meu redor alcançar sua mais nobre e elevada essência. Sou um eterno idealista, espero sempre o melhor, mesmo quando o horizonte se mostra tempestuoso e sombrio. Sonho com o V império, aquele renascimento espiritual que impulsionaria a sua essência mais profunda para o cenário global.
Avanço cautelosamente, passo a passo, sem temer fazer o ridículo por me agarrar firme à convicção de que vale a pena erguer o estandarte dos valores que parecem esquecidos e enterrados.
Em meio às brumas do tempo, encontro a melodia da nostalgia e da melancolia, uma canção que ressoa profundamente em mim. Sou tocado pela tristeza que vem da percepção da imperfeição do mundo, mas tento vislumbrar beleza mesmo nas sombras que cobrem o mundo profano.
O meu sentido de integridade e retidão guia os meus passos, são os valores que me mantêm firme no meu propósito, mesmo quando o universo, e eu mesmo, questionamos a minha sanidade. Sigo um código de conduta que pode parecer antiquado aos olhos do mundo, mas que para mim representa a essência mesma da integridade e da autenticidade.
Assim, como poeta da triste figura, sou uma sinfonia de contradições, navegando entre sonhos e realidade, idealismo e desilusão, coragem e vulnerabilidade. Sou um reflexo da complexidade da condição humana, buscando incessantemente por significado e beleza num mundo que muitas vezes parece indiferente à minha busca.
Às vezes, lembro-me de esquecer tantas coisas. Mas, na maioria das vezes, continuo lembrando-as desnecessariamente.
Sinto falta quando minhas
respostas eram todas
respondidas pela minha mãe
Sinto falta do cansaço leve e
da preocupação rala
Quando a agonia era acalmada
por um abraço
Minha cabeça já não trabalha
com ideias mirabolantes e
sonhos impossíveis
Mas lembro
Tudo era tão claro e doce
O aperto não durava
O choque passava com um toque
de mão
Por isso,
Sinto falta de cheirar à
poeira, de olhar-me
no espelho e ver-me
Aqueles olhos insinuantes
Os cabelo bravos
A pele suja
E um sorriso
- Um sorriso que eu sinto a falta
Tem gente que é tão íntima da gente que não tem dia nem hora pra chegar: chega à noite, senta-se à mesa do jantar e compartilha conosco a solidão gratificante desse instante.
Tem gente que chega com o balanço vagaroso de uma rede e ali fica no vai e vem preguiçoso das nossas mais doces lembranças.
Tem gente que chega com o silêncio nostálgico de um pôr do sol e debruçada na janela do olhar nosso, mistura-se às cores do crepúsculo.
Tem gente que chega com o cheiro leve de jasmim que invade as noites de luar e nos conduz até os sonhos mais bonitos.
Tem gente que chega com o cheiro bom de maresia, com o som melodioso das brancas ondas quebrando mansas nos rochedos, com a coreografia das gaivotas beijando a espuma prateada do azul mar.
Tem gente que chega com as manhãs ensolaradas de domingo e divide conosco esse prazer dominical, o calor mágico desse instante.
Tem gente que chega com campasso ritimado da nossa música preferida, se mistura às suas notas, tira nosso coração pra dançar e com ele valsa pelo salão iluminado das memórias.
Tem gente que desde sempre a gente ama, e vai amar eternamente na saudade, não só dessa, mas de todas as nossas vidas, porque estão tão intrinsecamente em nós que não sabemos onde terminam e onde começa nós.
Novamente corrompido pela abstinência daqueles momentos. Novamente inebriado pelo velho e precoce estímulo jovem. Novamente velho.
Afastei a gata,
Reposicionei o tapete,
Afofei as almofadas e deitei na rede.
Seu balanço me levou ao meu:
Ando temendo sentir ou de tanto sentir passei a temer?
O balanço parou , omeu também.
Achei que não tinha entendido nada e nem sentido nada também.
Trouxe de volta a gata e a reposicionei ali, no lugar de origem.
Ela não quis mais, saiu. Foi deitar lá na almofada que eu afofei.
E então eu entendi:
Depois que o formato ou composição é alterado,
as coisas nunca mais voltam a ser como eram, se ressignificam.
Existe sim o temor, mas a gente busca um outro lugar, outro formato e
outro desconhecido pra sentir de novo.
Aguei então as plantas.
Me veio o cheiro do quintal de vó. Passei um café pra acolher tudo aquilo, que eu voltei a sentir depois do cheiro do quintal da minha vó.
Olhando pro nada e sentindo tudo, tomei meu café imaginando os estalos e o cheiro da lenha queimando no forno, se preparando pra receber as fornadas de biscoito e pão que ela fazia.
Não era imaginação. De fato o cigarro aceso tinha caído no tapete, levantando fumaça e deixando nele a marca do dia, em que eu voltei a sentir.
As memórias boas
Também causam sofrimento
Traçam um futuro incerto
No ar quieto
Sobre a maré na noite escura
Onde pássaros não cantam
E quase não há pessoas
Nas ruas cor cinza
Nos carros barulhentos
Aqueles que tiram a calmaria
A pureza e beleza
Do ar
O que me lembra o ser
Que não é capaz de amar
Capaz de entregar em mãos
E tirar tudo
Sem nada deixar
Um soneto a céu aberto
Da vida passando mal me lembro
Julho orquestra a geada lá fora
Pisco os olhos em dezembro
É o tempo maestrando a hora
Os planos que refaço em desgosto
São leões devorando a sobra
Entre meio janeiro é agosto
Desafiando o relógio e a obra
Livres são os amigos que partiram
Desacorrentados do ponteiro
Da prisão temporal eludiram
Silenciando o tic-tac sorrateiro
Sou náufrago no espaço-tempo
Rimando um teorema incerto
Em outro poema reinvento
Um soneto a céu aberto
Infância
Saudades é como um filme de drama,
E nossas lembranças são como um cinema.
Felicidade é como um final de semana,
E ser criança é viver sem nenhum problema.
Realizava meu sonho de teletransportar, e nem sabia,
Teletransportava do sofá, pro quarto.
E olha que isso acontecia quando eu dormia...
Na verdade era minha mãe que me carregava, de fato.
A inocência fazia parte de mim,
E o aprendizado me dava inteligência.
Hoje sei que o aprendizado não tem fim,
E que nossa sabedoria, não entra em decadência.
Amo pensar no que aconteceu
O seu olhar, de encontro ao meu
Sua voz, seu sorisso
O seu jeito de me abraçar
Suas palavras, seu pensar
Transformam-me, fazem me mudar
Sigo com o seu amor
Sinto o teu calor
Sinto quando pensa em mim
Sigo meu coração dentro de ti
Sigo ao seu dispor
Sinto a tua dor
Sigo de você afim
Sinto que vale a pena insistir
Contigo o mundo, vou enfrentar
A cidade vizinha atravessar
E então me bate, a lucidez
Sempre no dia vinte e seis
Pra ti irei telefonar
Só pra ouvir, o seu respirar
A vida irá nos surpreender
Estou lutando com você
Sigo com o seu amor
Sinto o teu calor
Sinto quando pensa em mim
Sigo meu coração dentro de ti
Sigo ao seu dispor
Sinto a tua dor
Sigo de você afim
Sinto que vale a pena insistir
O olhar longínquo ancorado no céu bordado de estrelas. A saudade tateando lembranças distraídas, personificadas de presença, enquanto no oceano das memórias singram fragmentos daquela voz melodiosa como um sussurro aveludado tocando com delicadeza o intocável.
Hoje acordei saudade. Uma saudade miúda, levinha, levinha... Saudade dessas que chegam com a brisa delicada da manhã, cheirando a flor de laranjeira.
A fumaça do meu quarto
se confunde entre entrada e saida
De fora a vida começa
vizinhos conversam
aqui, até agora nada florece
Coloco uma nova música velha
A vantagem do passado
é que ele ta cheio de maravilhas
a desvantagem é quando a gente fica preso no proprio
remoendo mémorias que normalmente são inventadas
Somos traidos pela memoria
ficamos presos em frames de emoções
Raramente sinceros
o futuro é o desconhecido maravilhoso
o passado, não passa de memes
Preso no fardo,
Do abraço não dado,
Adeus surpreendente,
Coração em pedaços ,
Cada caminho ,
Segue sozinho,
Nós sem rumo,
Nós sozinhos,
Nós que fomos um,
Somos uma bela foto do passado,
Ingrato tempo, sempre ingrato!
E eu? Talvez também de fato...
Se pudesse estaria preso,
Nos domingos de sua cama,
No passado tão ultrapassado,
Mas o que saberia , sem o que hoje sei dos fatos?
Passado fechado,
É sempre o lugar mais fácil de ser amado.
Corvos que me devoram,
Cospem, expõem meus pecados fartos.
Se o que me salva da letargia,
São os rabiscos que faço,
São como corvos em abraço,
Nós na vida nunca mais,
Nós pra sempre no passado,
Tão doce, tão amado...
Transição
E nos bosques de minha alma
Se esconde o tempo
Onde um dia eu fui feliz
Em que não havia marcas
Não havia cicatriz
Eu era inteira e segura
Não temia a solidão
Que hoje me tem como prisioneira
Sem carinho e sem razão
Oh alma sofrida venha aqui
Me dê sua mão
Não deixe a nostalgia roubar seu brilho
Tirar sua fé e ferir seu coração
O passado é só história
Que mora apenas na memória
Cuide então do seu presente
não deixe que ele passe em vão
Ele é sua semente que irá colher alí na frente
Olhe adiante , pise no chão
E quando o “ontem” na porta do “hoje” bater
Seja firme não se deixe amolecer
Diga Adeus e agradeça pelo que te fez crescer
Mas não se envolva, feche a porta e se abra para um novo amanhecer.