Nostalgia
O BANCO
O céu era claro, nem nuvens mostrava
o infinito chamava os idos passados
o vento frio soprava, o outono findava ...
O olhar alheado assistia o tudo e o nada
o bem-te-vi pipiava seus cantos rimados
e no leque das asas alçou seu voo rasteiro.
Meu olhar deliu-se no distante horizonte
o silêncio soturno expressou a cruel solidão
restou-me a saudade, folhas secas ao chão!
“Há momentos vividos, que nunca são comentados. Mas nem sempre é porque não são lembrados e sim porque as pessoas não são capazes de assumir que jamais esqueceram.”
Novamente corrompido pela abstinência daqueles momentos. Novamente inebriado pelo velho e precoce estímulo jovem. Novamente velho.
Afastei a gata,
Reposicionei o tapete,
Afofei as almofadas e deitei na rede.
Seu balanço me levou ao meu:
Ando temendo sentir ou de tanto sentir passei a temer?
O balanço parou , omeu também.
Achei que não tinha entendido nada e nem sentido nada também.
Trouxe de volta a gata e a reposicionei ali, no lugar de origem.
Ela não quis mais, saiu. Foi deitar lá na almofada que eu afofei.
E então eu entendi:
Depois que o formato ou composição é alterado,
as coisas nunca mais voltam a ser como eram, se ressignificam.
Existe sim o temor, mas a gente busca um outro lugar, outro formato e
outro desconhecido pra sentir de novo.
Aguei então as plantas.
Me veio o cheiro do quintal de vó. Passei um café pra acolher tudo aquilo, que eu voltei a sentir depois do cheiro do quintal da minha vó.
Olhando pro nada e sentindo tudo, tomei meu café imaginando os estalos e o cheiro da lenha queimando no forno, se preparando pra receber as fornadas de biscoito e pão que ela fazia.
Não era imaginação. De fato o cigarro aceso tinha caído no tapete, levantando fumaça e deixando nele a marca do dia, em que eu voltei a sentir.
Infância
Saudades é como um filme de drama,
E nossas lembranças são como um cinema.
Felicidade é como um final de semana,
E ser criança é viver sem nenhum problema.
Realizava meu sonho de teletransportar, e nem sabia,
Teletransportava do sofá, pro quarto.
E olha que isso acontecia quando eu dormia...
Na verdade era minha mãe que me carregava, de fato.
A inocência fazia parte de mim,
E o aprendizado me dava inteligência.
Hoje sei que o aprendizado não tem fim,
E que nossa sabedoria, não entra em decadência.
Só a simples ideia de que fosse possível voltarmos à infância, sentimos regozijo, alegria e nostalgia.
Voltar a ser criança é o sonho que a vida nos priva em absoluto.
A inocência e a paz interior das crianças não tem preço.
Passando como nuvem
sem destino,
em devaneios vagando
pelo ar
Apenas em leveza,
a vida levando,
também deixando a vida
me levar
No coração,
sentimentos, palavras, melodia,
ecos que soam
gritos alegres ou nostalgia,
mas com certeza,
compondo o que percebe
em poesia
Eu sou cheio de memorias de velhos paraísos e de melancolias que torcem minha alma com uma infeliz frequência.
Há dias em que todas as minhas janelas se abrem para o mar das sensações. Sentada na areia branca da saudade me ponho, então, a saborear memórias, com a mesma urgência de quem assiste o último pôr do sol.
Por fim pensei que, dentre as nostalgias que perseguem o coração humano, a maior de todas, para mim, é a ânsia infindável de rejuvenescer em cada um de nós aquilo que é mais velho.
*Houve um tempo*
Houve um tempo que nossa maior preocupação, era apenas com a lição.
Houve um tempo em que correr de pés no chão, era pura emoção.
Houve um tempo que filme de ação, era a maior diversão.
Houve um tempo que escutar rock e sacudir a cabeleira, era a coisa mais maneira.
Houve um tempo que ir à pracinha tocar violão, era a maior atração.
Houve um tempo que brincar na chuva era animado, mesmo ficando todo molhado.
Houve um tempo que os dias eram contados, à espera de um feriado.
Houve um tempo que aos domingos era sagrado, comer maionese e frango com o "Sílvio Santos " ao lado.
Houve um tempo em que brincar de correr na rua, era a maior aventura.
Houve um tempo em que a vovó gritava, sua mãe vai ficar brava.
Houve um tempo que não está mais aqui, só sobrou a nostalgia que nos leva a refletir!
Aí lembramos daqueles dias em que sonhávamos acordado... Onde tudo era fantasia; sonho que não queríamos que acabasse.
Agora sob a sombra dos dias; somos vencidos pelo tempo. E, olhando para o passado, vemos as marcas que denunciam nossa fragilidade em nossos rostos.
Sinto-me triste como um restaurante de estrada vazio no inverno. É sempre a mesma coisa no dia do meu aniversário: uma pesada melancolia abate-se sobre mim como uma chuva tropical cada vez que eu penso de novo em Papai, em Mamãe, nos colegas e naquela festa eterna ao redor de um crocodilo estripado no fundo do jardim...
Saudades são as flores das lembranças mais singelas que guardamos, desabrochando sutil e perfumadas no jardim do coração.
"Gostaria de escrever as coisas lindas sobre nós, os dias incríveis que vivemos, as declarações, o amor que em mim transborda.
Mas a nostalgia me esgota.
E só por isso só escrevi: SAUDADES."
É um dia nostálgico.
Acredito que no final da tarde eu vou está em estilhos e meu nome será saudades.