Nostalgia
Os 25
Eu considero os 25 anos o período transitório da inocente juventude para a complicada fase adulta. Estou meio perdido ainda. Já sinto os reflexos da responsabilidade de tomar decisões para uma vida toda, mas ainda sonho com a empolgação de um adolescente que terminou o ensino médio contando nos dedos o ano em que terminará a faculdade, caso passe no vestibular da federal. Para não perder tempo e no anseio de conquistar o mundo, ele opta pela graduação particular mesmo.
A primeira meta foi alcançada. Tenho 21 anos, um diploma em mãos e fui à procura do primeiro emprego de carteira assinada. Minha inexperiência me move à vontade de aprender e desejar o melhor trabalho, aquele que os tempos da escola me estimulavam a buscar. Vieram muitos “NÃOS” seguidos da minha primeira decepção.
Agora, com 23, continuo jovem e não mais abatido. Consigo cumprir o objetivo da estabilidade profissional, mas cumpri porque tenho sorte de não sonhar alto demais. Ou diria que a “ficha caiu” e a zona de conforto é realmente estimulante.
No meio desse percurso, começo a observar que em apenas um ano minha rotina profissional vai esvaindo com minha vida pessoal. Perdi muitos contatos. Primos e amigos que eram inseparáveis ainda o são, só que pelos grupos do WhatsApp ou pelo inbox do Facebook. Meus tweets nem recebem interação de arrobas tão presentes no auge das hashtags. Hoje, de nada me valem as mais de 20 mil tuitadas.
Putz! Tenho ¼ de século. As consultas médicas estão se tornando frequentes e até isso é motivo de estresse, já que a carga horária me impede de fazer novos compromissos. A saúde era prioridade quando meus pais podiam me levar ao consultório depois das aulas de Inglês. Já sei! Vou esperar até as férias e faço um check-up, não deve ser nada grave mesmo. Ou posso abrir mão de um dos dois empregos e cuidar mais de mim. Só que aí vou postergar o próximo objetivo de deixar de sobreviver às custas dos meus pais. NÃÃÃÃO!!! Vou perder tempo. Melhor assim como está.
A realidade e a nostalgia entram em combate na minha mente. Lembro que há quase uma década eu me despedia dos amigos do colegial. Mal sabia que era, de fato, uma despedida. Se eu soubesse, não teria segurado aquelas lágrimas que insistiram em cair durante a mais sincera Aula da Saudade, muito menos dado abraços de segundos para ter tempo de transferir meu carinho a todos. Eu fazia tantos amigos naquela época e me dava bem com a maioria, e perdoava tranquilamente a minoria que aprendeu com o egoísmo e já sabia magoar.
Se passaram 25 anos e amigos não se fazem com a mesma facilidade. Estou cada vez mais distante da minha família e me sinto ingrato por isso. Mas, poxa! Nem todos os familiares se preocupam com a união e a boa convivência mais. Os valores caíram por terra. Está cada vez mais rotineiro encontrar pessoas dissimuladas e hipócritas, que justificam seus erros com decepções passadas ao invés de reconhecer que se trata de mau-caratismo mesmo. Por falar nisso, muita gente do meu convívio profissional se interessa mais pelas questões pessoais que me movem, sem ter qualquer intimidade, do que preza pela valorização profissional. Isso me intriga.
Mas ainda que eu tenha levado muito esporro nessa trajetória, continuo valorizando a integridade e sendo cordial e leal às pessoas. Descubro que até as que eu jamais imaginaria podem me decepcionar um dia. Neste momento noto que as frustações são mais graves, duradouras e deixam sequelas sim. Tem quem procure analistas e terapias alternativas. Eu só consigo me apegar à fé, geralmente dá certo.
O tempo passou e está mais ligeiro do que nunca. Fazendo um balanço da atual conjuntura, reconheço que sempre fui muito preocupado com ele. Tanto é que meus 25 anos mal começaram e já os sinto no fim. Talvez não dê tempo de fazer muito do que eu planejava para o ano. Ou pode ser que dê, caso eu comece a aceitar que o tempo só apaga aquilo que a gente supera.
Sabiás e Bem-te-vis
(Gleidson Melo)
Sabiás e bem-te-vis fazem uma festa grandiosa do amanhecer em Recife. O brilho do sol aquece a areia da praia. A paisagem deslumbrante e banhada pelas ondas do mar verde-esmeralda faz o dia resplandecer com harmonia e felicidade. Num clima de beleza sem igual, quero passar os meus dias. Com tranquilidade, o meu desejo é o de viver e poder viajar no vento, que acalma e funciona como terapia d’alma. Nos cajueiros frondosos, os pássaros repousam nos galhos e se alimentam dos frutos doces e carnudos, dando um ar de graça e equilíbrio com a natureza. A cidade festeja o ano inteiro e a cultura regional põe à prova um sabor todo especial e cativante para os visitantes, que cruzam as pontes em busca de novas descobertas e do prazer de estarem presentes. Em paz, descanso na sombra dos coqueiros, embalado ao som de uma música tipicamente regional.
Passas as noites em branco,
cansado, sem forças, mas pintas.
Na tela, vês uma janela,
mesmo sentindo que estás-te nas tintas.
Se pintas aquilo que sentes,
não mais finjas a tua dor.
Não ocultes as linhas da tela
que reproduzes com tintas sem cor.
Se sentes e choras, pintor ,
que a arte não pode mudar-te.
Deixa levar-te pelo vento
que os pincéis hão-de abraçar-te.
Mas caro pintor, chorar por amor
não é deixar de sentir a paixão.
Pega na tela, e faz-te a ela
que o cavalete suporta a razão.
Lembras-te dela, ao ver na janela,
sem que ela saiba da tua existência.
Inspiras-te nela, e pões na paleta
as tintas da inocência.
E nas tuas mãos arrasadas, manchadas
de tonalidades sem cor,
pousa a tinta, que passa na tela
para expressar o que sentes pintor.
Liberta essa dor, caro artista.
Liberta o furor, suja essas mãos.
Levanta os pincéis, pousa a bebida,
onde te vais afogando em vão.
A saudade....
O dicionário a define como um sentimento nostálgico provocado pela distância, em minha ótica é um sentimento amiúde, de alguém que esta fisicamente longe, porem aprisionado em meus pensamentos!
Casa de vó
Não é possível. Ainda não acredito que me peguei pensando em desistir das coisas. Aos 18 anos. A tecnologia tem me assustado tanto, os valores mudaram de tal forma, que me peguei pensando em desistir. Mas acordei. Esse quadro mudou. Bastou um minuto em silêncio, a sós com Deus, na casa da minha avó para tudo mudar.
O período sombrio passou, mas dele sobraram sequelas. A indiferença é uma delas. Quase nada me assustava, muito menos me encantava. Mas naquele mesmo minuto de silêncio, esse quadro também mudou.
Sei que a minha vida é controlada por Deus, mas as coisas que faço enquanto vivo sou eu quem controla. Então me analisei dos pés, a cabeça. Vi que precisava de um banho para tirar a sujeira que eu não enxergava enquanto vivia na sombra. Vi também que joguei fora algumas coisas que ainda me eram úteis. Mas dos problemas, o menor. Consegui recuperar algumas dessas coisas, outras não, mas já nem importa.
Naquele mesmo minuto, consegui estraçalhar uma muralha que estava entre o meu olhar, e as coisas que realmente são incríveis. Quando ela foi ao chão, consegui observar coisas velhas, de maneira nova e nobre. Perdi as contas de quanto tempo fiquei com os olhos vendados, sem enxergar as preciosidades que me cercavam quando ia à casa da minha avó.
Estou deslumbrado! É como se eu olhasse na janela, e enxergasse coisas que só são possíveis enxergar da janela da frente da casa da minha avó. Daqui de dentro, tudo parece mais puro, como se eu tivesse voltado no tempo onde as pessoas eram cúmplices umas das outras. Voltado à época, onde a felicidade estava nas menores coisas, e a riqueza, nas coisas mais simples. Quando chego aqui e sinto esse cheiro suave de calmaria e tranqüilidade, que se misturam ao das flores, arranco de mim a ansiedade e me permito observar tudo, cada detalhe, cada objeto que guarde em si histórias de uma vida. Engraçado essa sensação de paz, se eu fosse místico, diria que ao redor daqui existe um campo iluminado de proteção e boas vibrações.
Parece que aqui, na parede direita da cozinha, lá no cantinho, ficam penduradas todas as chaves que eu procurei a vida inteira para abrir os cofres onde estão guardadas as respostas dos meus maiores conflitos.
É incrível como o amor pode ser expresso de inúmeras formas. Consigo enxergar o amor até no alimento posto à mesa. Posso ouvir uma música que fala de amor só de olhar "praquele radinho" antigo no aparador da sala de jantar. E as fotos... Ao olhar as fotos, naquela parede de madeira envernizada, me tele-transporto para um lugar absurdamente lindo, que nem sei o nome. Na verdade, fisicamente ele não existe. Existia na minha mente, antes de descobrir o quanto é difícil ser gente grande.
Até fiquei tonto. Quanta coisa em apenas um minuto. Não sei se naquele minuto o tempo congelou, ou se horas se passaram e eu ainda não voltei para o lugar chamado realidade.
A impermanência de certas coisas e a permanência de outras, é um algoz que nos desperta os sentidos e nos transporta pela vida.
Fim de tarde e você escuta ao fundo o pregoeiro do conserto de panelas e frigideiras, e mais adiante Pamonhas de Piracicaba !
Quanta nostalgia !
O tempo passa rápido! Qualquer dia acordo com 40 anos, mas continuo curtindo: brilho, cor-de-rosa e coisinhas do meu tempo de meninice... algo de errado nisso?
CHEGA UM DIA
Como tudo na vida, chega um dia. Chega um dia que a gente se apaixona, chega o dia que nós amamos e nosso corpo todo corresponde aos calafrios do amor. Um dia chega o sufoco. Chegam às brigas. Com o tempo, chega o dia que não dá mais, e o dia que cada um irá seguir seu próprio caminho sozinho.
Queremos uma vida nova, não suportaremos a rotina nem mais um dia. Chegou o dia que nós decidimos mudar o endereço do GPS da nossa vida e vamos à busca de algo novo. O que é o novo, nós não sabemos, mas vai chegar um dia que iremos saber.
As horas passam ligeiro, os dias nos passam a perna e tombamos no dia da TPM. Chega um dia que ela vai embora e nos permitimos sentir um sentimento por dia. O dia do alívio, onde voltamos a sermos quem realmente somos.
Chegam-se os dias festivos, batizados, aniversários, formaturas, casamentos, nascimento dos filhos e assim por diante. Chega o dia nostálgico, a pilha de fotos de um lado do sofá e você de outro. As lembranças, promessas, as expectativas, os sonhos e junto delas a realidade. Tudo junto em uma fotografia. Chegam-se as lágrimas, dias de saudade.
Os dias chegam e nunca ficam. Chega um dia novo todo dia. Os dias velhos também chegam para os amantes da nostalgia. Tudo tem seu dia, cada um com a chegada merecida, a entrada triunfante. Mas bom mesmo é quando chega o dia que aprendermos a valorizar cada dia nosso, com as suas angústias, sua correria, sua calmaria, seu tédio todo, a alegria passageira, as noticias boas, a superação de noticias más, enfim, a felicidade de mais um dia que chega.
As vezes achamos que a vida é injusta!
mais que justiça maior do que poder saber que de algum modo o teu sorriso interfere no meu bem estar?
A distancia é apenas uma virgula, de tudo que está por vir!
sem pontos finais a frase e a vida se estendem bem mais!
Arrancaria eu os olhos do coração?
Pra assim perder a emoção
De vê-lo novamente?
transformaria então,
nostalgia consequentemente...
"..querer voar além do Céu,e repousar nas Nuvens..e te olhando ao longe...um horizonte sem fim...voce em Mim;e nas Asas de um Pássaro sente-se a liberdade semelhante ao teu Beijo..leve..que me eleva e liberta-me de todos os Males da lembrança do que já se foi!desejo descansar em Ti como um menino que se afaga no chão e olha pro Céu...assim me faço encostando em teu colo e olhando em teus olhos..É neles que quero viver! Para sempre..."
Quando moço, não gostava da obrigação de frequentar a escola. Hoje, busca perpetuar o sentimento de jovem, estudando.
Tudo o que eu queria quando criança era ter a felicidade que imaginava que teria. Imaginação pura de criança, onde não há o que repreender. Não há ambição nem falta riqueza. Ah, seu eu pudesse viver a beleza que era minha vida quando eu sonhava. As dores eram mais doces e até os mais altos gritos eram de amor. Minha casa era cheia de paz e alegria. Não sei mais se lembro os detalhes, mas sei que não passava batido nenhum. Se eu chorasse era por ter caído e até meu joelho ralado parecia sorrir. Saudades desse tempo que ainda não pude viver. Saudades dos segredos que a mim mesmo contava. Saudades das reuniões que só eu comparecia pra discutir sobre o meu futuro, e das vezes que até esqueci do sono esperando parar de rir.
Viver é dar espaço às mudanças.
Aceitar os novos sorrisos,
As novas histórias,
As novas pessoas,
As novas memórias,
As novas oportunidades,
As novas chances,
Os novos amores,
Os novos romances...
Mas viver também é lembrar.
Lembrar dos velhos sorrisos,
Das velhas histórias,
Das velhas pessoas,
E velhas memórias,
Não se arrependendo das velhas oportunidades,
E nem das velhas chances,
Mas lembrar dos velhos amores,
E viver um eterno romance.
Viajamos na arte psicodélica
atrás da razão para entender,
o silêncio diz palavras tão bela
quanto as cores do arco-iris