Noites Traiçoeiras
Alguns acontecimentos requerem risco, trabalho, noites e dias de empenho. Outros chegarão mansamente e se acomodarão no nosso existir.
''E o que restou dos sonhos pras noites em claro, sem sono. Entender que o que compra a cama, não paga o descanso.''
Lembranças
Quantas …Quantas noites mal dormidas,
vendo o deslizar das horas mortas,
vagamos por imagens absortas
no silêncio da casa adormecida.
Quantas as lembranças produzidas,
que tomam de assalto o vão das portas
e erguem um retrato em linhas tortas
daquilo o que foram nossas vidas.
E neste emaranhado sempre tem
a dor d’uma lágrima sentida
que recorda-nos a face de alguém.
Alguém, por quem a alma chora e sonha
e o abraço ao travesseiro é a saída
…Mesmo que as vezes lhe encharque a fronha!
MÃE EU TENHO QUE IR
Talvez você demore a compreender, talvez você chore incontáveis noites por ver o ninho vazio, talvez você me ligue com aquela voz embargada, sofrida, de quem está guardando um mundo de saudade em um nó na garganta, mas mãe, eu tenho que ir.
Tenho que aprender a separar a roupa por cores na hora de lavar, tenho que descobrir que a louça continua na pia no dia seguinte, que cheiro de banheiro limpo é bom, principalmente quando fui eu que limpei.
Tenho que aprender a cozinhar mais coisas além de macarrão com salsicha, conto com a internet para me ajudar com isso. Tenho que aprender que o meu salário precisa durar 30 dias e que balada e cerveja não são lá as necessidades mais básicas.
Tenho que me sentir só, tenho que falar para as outras pessoas “minha mãe sempre diz que..” e sentir orgulho dos inúmeros conselhos que você me deu na vida e nem sempre eu dei muito valor. Tenho que identificar as amizades ruins, coisa que você fazia por mim antes, tenho que ser forte e segurar aquele palavrão que o meu chefe merecia mas você me ensinou que um profissional sério não sai de si tão facilmente.
Tenho que criar meus próprios ritos de sábado à tarde, que antes eram fazer bolo e dançar loucamente na cozinha com você. Tenho que tirar o pijama aos domingos, fazer almoço, fazer o jantar e não simplesmente ler um livro enquanto espero que você faça tudo por mim.
Tenho que assistir aquele filme incrível sem companhia e não ter ninguém pra chorar timidamente comigo, tenho que sentir falta do abraço que era a fortaleza que eu precisava em um dia ruim e da sinceridade que me ensinava a ser um ser humano melhor todos os dias.
Mas não pense que é fácil para mim, vai doer todos os dias da minha vida, não voltar para casa e ver seu sorriso tranquilo, poder contar cada detalhe do dia e não sentir um mínimo sinal de tédio no seu rosto.
Vou sentir saudade mesmo quando eu tiver dois filhos, mesmo quando eu tiver oitenta anos, mesmo quando eu tiver escrito o melhor livro da história.
Preciso ir mãe mas te levo sempre comigo.
Deitei e adormeci, confiante que Deus envia seus anjos todas as noites para guardar meu sono, minha casa e minha familia e assim como é comigo que seja contigo também. Amém!
Em noites de lua cheia...
penso no teu olhar,
como me incendeia.
Em noites de lua cheia...
penso como ter você,
agarrada na minha teia.
Em noites de lua cheia...
penso,
Como teu sorriso me clareia
Em noites de lua cheia...
sem você,
vivo um conto de lua cheia.
Ultimamente venho buscando dias tranquilos e noites serenas. Cansei da agitação das pessoas e das polêmicas nas redes sociais. Trago no peito uma Fé inabalável de que estou seguindo o caminho certo, dúvidas surgem, é inevitável, mas minha esperança de que meus sonhos se concretizarão é bem maior. Meu coração chega a palpitar em determinados momentos, isso é um aviso de que algo surpreendente está se aproximando. Tenho cuidado melhor de mim, estou moldando minha alma para ser aquela pessoa que sempre admirei secretamente, aquela pessoa que só via em sonhos, e que descobri que na verdade se tratava de mim mesma. Estou trazendo Deus para junto de mim, não que eu estivesse afastada Dele, mas estava um pouco ausente da sua Presença. Sim, eu mudei, estou diferente, hoje não existe nem a casca do que eu fui em um passado recente, cansei das mesmices, enjoei das futilidades, descartei os supérfluos. Só quero uma vida simples, longe dos olhares de cobiças, longe dos corações mesquinhos.
Passo noites acordada imaginando nós dois, em um silêncio provocante sentindo uma sensação, uma sensação de desejo que quando te vejo enlouqueço de paixão.
Na vida nada tenho e nada sou;
Eu ando a mendigar pelas estradas...
No silêncio das noites estreladas
Caminho, sem saber para onde vou!
Tinha o manto do sol...quem mo roubou?!
Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!
Quem foi que sobre as ondas revoltadas
A minha taça de ouro espedaçou?
Agora vou andando e mendigando,
Sem que um olhar dos mundos infinitos
Veja passar o verme, rastejando...
Ah! quem me dera ser como os chacais
Uivando os brados, rouquejando os gritos
Na solidão dos ermos matagais!...
SEM ORAÇÃO
Passo as noites sem sono
Acordo dentro dos sonhos
Que eu não quero lembrar
Noites sem oração, só dor
Onde o sal das minhas lágrimas
Lembra-me a água que bebo
Nas solitárias noites de insónia
Sem ilusão da chuva confundida
Com o luto dos ventos livres
Ainda que ninguém me veja
Eu sei que Deus me sorri
Sempre como ninguém o faz
Perdi o sol dentro do peito
Tenho saudades das palavras
Que escrevo talvez gatafunhos
Que eu entendo, acalma a hiena
Dos meus próprios sentimentos
A minha pele arrepia-se com a dor
Vejo-me ao espelho e não sorrio
Sinto-me mais velha cansada
Tenho vozes dentro do meu peito
Das noites sem sono, sem oração.
Todas as noites, insistentemente, a vida me apresenta centenas de motivos para desacreditar dos meus sonhos. Porém, todas as manhãs, essa mesma vida me concede milhões de motivos para acreditar que eles se realizarão.
Gostaria de saber por que a vida é tão complicada, será que tudo isso tem um propósito? Noites sem dormir, lágrimas, sua melhor amiga ficando com o cara que você ama na sua frente, seu pai dizer que te odeia e não dar a mínima, a mãe sem entender, apenas me magoando, me ferindo com palavras, eu queria ter confiança suficiente em alguém para dizer isso, mas não, todo mundo que eu amo vai embora, e sabe, eu já me acostumei com isso, a tristeza nunca conseguiu me derrubar, mas dessa vez é diferente, a vida não faz mais sentido, pessoas frias, sem compaixão que tenho que lhe dar cada dia, isso tem acabado comigo, nada real me comove, apenas filmes, e eles não são reais, pra mim nada mais tem valor, tudo é gelado e parece que meu coração já virou pedra, nem sorri, uma vida feita de momentos tristes, prazer, essa sou eu, mas apesar de dizer isso tudo, eu não digo pois odeio ser digna de pena, espero que alguém entenda, porque pra mim isso já não faz sentido, por que tudo isso? A gente nasce, acredita que pode ser feliz, aí descobre que tudo que você ouvia sobre amor, felicidade, é ficção.
Que bom que você está comigo! Pois,
Sem você, minhas noites não teriam mais luar,
Sem você, as estrelas não teriam o mesmo brilho,
Sem você, a vida não teria sentido,
Seria como pássaro ferido, sem poder voar, sem poder cantar.
Que bom você está comigo.
Usando seu corpo como prosa e minha boca poesia, em nossas noites de amor era quando eu melhor escrevia!
Sergio Fornasari
PARA SER FELIZ
Leva-me para onde os dias florescem
semeando maresia
e as noites se entretecem
de mistério e poesia.
Diz-me as palavras que tens no olhar
e nem precisas de me dizer
porque as sei adivinhar
mesmo sem querer.
Deixa-me desvendar o paraíso
no teu corpo. Algo me diz
que de nada mais preciso
para ser feliz.
Quatro Letras
Às vezes no vazio dos dias e no silêncio das noites sinto o perfume do seu corpo que vem com o soprar do vento e mais uma vez você invade minha vida trazendo de volta as lembranças dos momentos que passamos juntos.
Eu fecho meus olhos para não acordar dos sonhos que me levam ao seu encontro, sua imagem reflete em meus pensamentos como a luz na escuridão e em mim novamente renasce o prazer de amar.
Te sinto como a paz que reina no tormento do meu coração, minha vida se resume em apenas quatro letras: Você.
Noites de junho, noites de outrora
Junho acabou e eu nem sofri com isso. Sei que alguns lugares as festas ainda teimam em sobreviver, mais por vício de calendário e pesquisa mercadológica do que por necessidade.
Considero obscena a decoração que as lojas comerciais promovem em nome de uma tradição que não mais existem, as bandeirinhas de papel fino, os balões armados com arame e plástico, as fogueiras de mentirinha, movidas a ventilador. No adro de algumas igrejas, também há movimento, mas sem empolgação, lucro das barraquinhas mudará as telhas quebradas dos templos, alguns deles aos pedaços.
Não sei como as coisas se passam em outros sítios. Aqui, no Rio, é uma calamidade, os jardins de infância faturam por fora em nome dos santos juninos, e os pais são obrigados a gastar os tubos com fantasias caipiras que as crianças sem entender e sem amar. Até o presidente da republica bota na cabeça um chapéu de palha em frangalhos e convida os ministros para um quentão oficial geralmente substituído por uísque 12 anos.
Da antiga e bonita tradição das festas de Santo Antônio e São João não sobrou nada, apenas a referencia no calendário e a advertência anual das autoridades a respeito de os balões e fogos.
Pois foi por aí que a festa acabou. Reconheço os motivos que obrigaram o governo, em seus diferentes níveis, a proibir os balões. Mas que diabos na minha infância, o céu ficava pintado de balão-como lembra a marchinha de Assis Valente. As casas eram mais frágeis, mais espaçadas, havia matagais em abundancia na paisagem e mesmo assim os incêndios eram poucos.
Que me lembre nunca vi incêndio provocado por balão, embora meu pai, nos anos de infância, fosse famoso baloeiro entre os baloeiros mais famosos. Foi talvez a única arte em que se distinguiu,nas demais foi um desastre.
Os preparativos começavam no mês de maio, as resmas de papel fino sueco, era o melhor e o mais resistente, de cores mais cintilantes e duradouras. Os balões se amontoavam pelas salas e quartos, pendurados em varas, ganchos, em cima dos armários, deles saia um cheiro de cola de farinha de trigo e do papel importado. Ali eles aguardavam a noite mágica em que subiriam ao céu.
Murchos, coloridos e disformes, pareciam monstruosas fantasias de palhaços, sem alma, sem chama, à espera do momento em que entrariam em cena , no imenso espaço da noite de junho.
Mas dia 13 (Santo Antônio) ou dia 24 (São João), eles se erguiam, iluminados, varando espaço majestosamente, enquanto aqui embaixo ficávamos, ao redor da fogueira, olhando atônitos aquela beleza que subia, frágil e poderosa. Eram enormes os balões e belos.
Lá distante, da sala onde funcionava a primeira radio vitrola que meu pai comprara na casa Edison, provavelmente a prazo, vinha a marchinha de Assis Valente na voz de Carlos Galhardo. “Cai, cai balão/ não deixa o vento te levar/ quem sobe muito/ cai depressa sem voar/ e a ventania/ de tua queda vai zombar/ cai, cai balão/não deixa o vento te levar ”
Mas os ventos levavam os balões e eles sumiam na imensa enseada da noite. Mais um pouco e as fogueiras ficavam reduzidas a cinza, onde se assavam batatas-doce e roletes de cana. Enquanto isso os balões voavam pela madrugada, silenciosos, buchas apagadas. Manoel Bandeira tem versos pungentes sobre os balões apagados das madrugadas, no poema que foi o primeiro que entendi e amei. (“Profundamente”).
Vivi a mesma experiência: acordava no meio da noite e pensava em todos os que estavam dormindo, profundamente, e de repente um balão apagado passava em silêncio pela minha janela, vindo de longe, cansado sem gloria, cumprindo seu destino de balão. Todos estavam dormindo, menos eu, vigiando o céu, esperando que um deles viesse cair em nosso quintal. Alvoroçado acordava meu pai e íamos juntos e orgulhosos apanhar a dádiva que os céus nos mandara.
Pois é! As fogueiras acabaram mesmo. As noites de junho eram as mais frias do ano. E as festas também estão acabando. Mas não posso deixar de lembrar os balões que nunca me libertaram do seu legado de tristeza, mansidão e fragilidade.
quero ser sua lua amor meu
para nas noites estreladas
percorrer seu corpo com meu brilho
quero ser sua estrela
para quando olhardes para o ceu
ver refletido em cada estrelas meu sorriso pra ti
quero ser seu sol amor meu
pra aquecer sua alma com o meu calor
fazer voce brilhar com meus raios a percorrer seu corpo
quero ser seu mundo
pra poder o melhor de mim pra te ver feliz
porque para mim voce e tudo isso
Te amo muito mais do que pensas
Posso ter me esquecido de ligar as noites de outono a ti, posso ter te visto pouco, te visto muito pouco e, ainda sim, te amei.
E as noites que em claro eu passei...
Só pra entender ou enxergar onde eu errei...
E de nada valeram depois do fim...