Noite
Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais...❞
Brilho da lua, ilumine minha noite, e os meus dias brilharão, faça as pessoas falarem
E verem que algo está faltando, então eles gritarão em alto e bom som:
(Deus) Mantenha meus pés no chão, mas meus pensamentos nas nuvens
Eu sou a flecha, você meu arco, dispara-me adiante e eu irei
E eu sei que eu irei, eu irei, se cair, me levantarei e continuarei
Fazes-me acreditar que eu posso.
Eu ainda me lembro da noite em que você veio me ver, eu sai na varanda e estava você sentado na calçada á minha espera. Naquela noite amor, a lua estava linda.
E eu só queria alguém pra me abraçar , numa noite fria ou numa tarde de calor e que me dar valor e que me ame do jeito que sou
PÓS-DIA
Por que se tem nesse mundo o segredo
Se que vivem por os deuses implorar
Vida sem noite e amor com luar
Na estrada em que seguem sem medo?
Olhem a morte que lá vem cedo!
Por anjos falam os que vêm encontrar
Paixão sem tempo e tempo sem ar
No fogo intenso sobre lança sem credo...
Seria o saber do que não se sabia, seria?
Forjar fortunas sem ação de morrer
E viver sem viver o que nunca se sente...
Por que rara cobra ao sol deveria
Atentar o despeito sem que fosse o temer
Do futuro em se exceder o presente?
TORTURA FRIA
Vivo assim, um tanto desesperado.
Busco a sombra do sol na noite fria...
Por queimar-me a pele a luz do dia
Onde me pus o coração desprezado!
Vivo, assim, sob o mantéu enfeitado.
A devorar a minha vultosa nostalgia...
Vê-me a lua: sou a estrela fugidia
Que o deste o clarão tetro sufocado!
Sim, eu sou o Poeta que te enfeitas,
Que não quer no mundo a tua dor.
Sou quem tu vês, no leito que deitas!
Sim, que seja em mim o teu langor...
Por devorar-te a noite que rejeitas,
Por queimar-me a pele o teu amor!
O MEU CONFORTO
Sol poente... noite fria! Cá estou! Sou eu.
Eleva-me à fragrância da flor morta...
Que do dia, me restou a vossa porta
Por voltar à luz bendita que morreu!
Sou do teu conforto de saudade
O teu grito erguido em trevas de infinito...
Prega-me à cruz da insanidade
Que sou de ti a história curta de um mito!
Sou eu! Cá estou! Abra-me seus espaços,
Minha cruz, onde morre a minha dor,
Que já breve volta à luz os meus cansaços...
Noite fria... solidão! Oh, meu amor!
Dá-me o conforto dos teus braços...
A ilusão dos meus instantes de primor...
NO SEU IMPOSSÍVEL
Na noite escura do teu penar,
Sou vento que te roga, santa,
A brisa que acaricia, e manta,
Que te envolve o rosto, o ar!
Sou o ser que vaga, a portar
Na candura que em ti canta...
Sou a melodia fina e infanta,
Que na tua alma quer entrar...
Quero o teu corpo envolver...
No teu arrepiar frio te sentir,
Nas tuas entranhas, se perder!
Trago-te a chama do existir...
Os desejos, o amor e o viver
Que tanto esperaste por vir!
POESIA ELEITA
Donde vem esta beleza tão rara?
Que é o oiro da alvorada que deita,
Na noite é o clarão da lua que para,
Na face de olhos à boca perfeita!
É do mar o azul que o céu depara,
Da voz o deleite d’uma poesia eleita,
Uma canção que da alma dispara
Na manhã clara, que a vida rejeita!
É a ambição, os desejos e loucuras
Ao ansiar das fontes as águas puras
Nas melodias dos cantos que têm!
Donde tu vens tens amor infinito?
Pois tu mais me pareces um mito
Dos olhos sofredores d’um alguém!
DEST’ARTE
Sou aquele que desperta as almas escuras:
Enigmas da noite, por todo esplendor...
Em que vagam, por abstinências e dor,
Dos meus olhos fechados são murmuras...
E os elevo, à grandeza de vossas alvuras...
— Ó vultos transparentes de visão ardor —
De minh’alma cansada, e de vos pecador,
Que os mortais não nos vejam amarguras!
E na profundeza vã das miragens, aberta,
A porta dos espíritos vãos, que desperta,
Que nos revele o dest’arte do amor-pagão...
E na noite, pálida, a‘lma branca que vaga,
Sob o imenso olimpo de fogo, agonia apaga,
E os vês, dias de glórias sob vossa ilusão...
SONETO DA COBIÇA
Pois, nem quando a noite cai
Faz se apagar a beleza de seu olhar.
Nem as vozes que te detrai
Tiram-me a vontade louca de te amar.
Pois, na desordem se contrai
O nosso aberto amor a se encontrar.
É sangue que nas veias vem e vai
Que não se pode da mente apagar...
Apagar em nós todas as loucuras
Por o desejo de nossas almas puras,
Nem por as entranhas aquecer...
Pois, nos amamos quais dois ateus,
Sem nos esquecer das leis de Deus
Por o nosso intenso amor enternecer.
AMA-ME...
Não me queiras tarde; seja breve, meu bem!
O dia se finda e a noite vem chegando...
Ambiciona-me à luz; não me deixa esperando,
Porque ao crepúsculo já não serei ninguém!
Nas sombras dos dias eu estarei te amando,
Nas trevas, minh’alma vagueia ao além...
Os meus sonhos são sombrios e a desdém
Sobre o meu leito branco me verás voando!
De todos os dias, há um fim pra se esperar...
E das rosas há apenas uma pra te entregar
A mais forte, de cor plena, a da minha paixão!
Seja breve, oh, meu bem; não me queiras tarde,
Dentro de mim há um sangue quente que arde
No fogo extenso, da noite avara d’um coração!
NOITE MORTA
Nesta noite angustiante que aqui estou,
Lembro-me todas as coisas ditas por ela
Naquela voz fina, naquela voz bela...
Todos aqueles instantes em mim ficou.
Amo-te tanto porque tanto me amou...
Naquela noite fria de uma luz tão singela,
Que era o clarão da lua ao entrar a janela
Iluminando aquele instante, que parou...
Ao tempo, minha bela, de voz alta...
Todos aqueles momentos, que me falta
Quero gritar ao mundo o que era meu!
Mas como estrangular contentamento
Se não tenho o seu amor, neste momento
O sonho daquela noite em mim morreu!
Angústia
Há tempos sonho com a felicidade...
Mas minha noite é preenchida de saudade.
Há muito tenho sonhado com uma paixão.
Mas sempre sou pego em plena solidão.
Há muito tenho sonhado com seu amor...
Ficando a distância pra aumentar minha dor.
Dor de querer...
E não ter.
Dor de sonhar...
Sem poder te tocar.
Dor de querer amar...
E ter somente a saudade no quarto a esperar.
Faça-me sonho
(Tão bom sonhar...)
Noite sem lua
Em chão de estrelas: caminhar
Leve-me para longe, bem longe
E não me deixe NUNCA NUNCA
Jure! Jamais voltar.
DESEJO
Fiquei ali
naquela noite fria
pensando em ti...
O vinho,
(talvez o culpado)
despertava em mim
um desejo imenso
de tua presença,
de teu sorriso,
de teus abraços,
enquanto na lareira
o fogo crepitava
e uma lágrima furtiva
de meus olhos deslizava.
Verluci Almeida
020611